terça-feira, 30 de julho de 2013
Tabela de Religiões e Seitas comparadas
Tabela de Religiões e Seitas comparadas |
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UNICISMO
Dentro da
unidade do único Deus existem três pessoas distintas, o Pai, o Filho e o
Espírito Santo; e estes três compartilham da mesma natureza e atributos; então,
com efeito, estes três são o único Deus.
Há muitos
cristãos evangélicos que consideram o movimento Pentecostal Unicista (também
conhecido como "Só Jesus") como um movimento cristão evangélico. A
realidade é que este movimento está muito longe de ser considerado como
cristão; está mais para uma seita. Uma das definições teológicas de seita é: Qualquer grupo que se desvia das doutrinas
fundamentais do cristianismo, como a Trindade, a divindade de Jesus Cristo e a
salvação pela graça, através da fé em Jesus Cristo somente.
Os
maiores grupos o melhores conhecidos que compõem o movimento Pentecostal
Unicista são:
· Igreja Apostólica da Fé em
Cristo Jesus
· Igreja Pentecostal Unida
· Igreja Pentecostal da Fé
Apostólica
· Outros grupos independentes
que também crêem na unicidade de Deus, como por exemplo, a Igreja Voz da
Verdade, Pentecostal Unida do Brasil, Tabernáculo da Fé, Igreja de Deus do
Sétimo Dia etc.
Os
pentecostais unicistas negam uma doutrina fundamental do Cristianismo: a
doutrina da Trindade.
Este
artigo foi escrito exclusivamente para alertar ao corpo de Cristo acerca deste
movimento sectário e demonstrar à luz das Escrituras como os Unicistas estão
equivocados sobre a verdadeira natureza de Deus. Seguimos a orientação de Judas
3, que nos exorta a lutar ardentemente pela fé que uma vez por todas foi dada
aos santos.
O ARGUMENTO UNICISTA
A
doutrina unicista está baseada no entendimento de duas verdades bíblicas. Estas
bases bíblicas são usadas como fundamentos sobre o ponto de vista que tem de
Deus e Jesus Cristo. A primeira verdade bíblica é que há somente um Deus e que Jesus
é Deus. Destas duas verdades, os Unicistas deduzem que Jesus Cristo é Deus
em sua totalidade, sendo assim, Jesus tem que ser o Pai, o Filho e o Espírito
Santo, rechaçando a doutrina da Trindade.
O ARGUMENTO TRINITÁRIO
A Igreja,
através dos séculos, sempre ensinou que dentro da unidade do único Deus existem
três pessoas distintas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo; e estes três
compartilham da mesma natureza e atributos; então, com efeito, estes três são o
único Deus.
A
teologia unicista ensina que Jesus Cristo é o Pai encarnado, e que o Espírito
Santo é Jesus Cristo também. Estes ensinamentos são o pilar da teologia
unicista. Vejamos se esta noção está em harmonia com as Escrituras.
É JESUS O PAI?
Versículos
que os Unicistas usam para provar que Jesus é o Pai.
Isaías 9:6 – o "Pai
Eterno"
Este
versículo não ensina que Jesus é o Pai. O título "Pai eterno",
refere-se ao fato de que Jesus é o Pai da eternidade; em outras palavras, Jesus
sempre existiu (João 1:1); Ele não foi criado, não teve princípio (João 17:5).
O
termo "Pai" não era o título que se costumava usar para dirigir-se a
Deus no Antigo Testamento. Assim, este versículo não ensina que Jesus é o
"Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo" (1ª Pedro 1:3); em outras
palavras, Jesus não é seu próprio Pai.
João
10:30 – "Eu o Pai somos um"
Se
Jesus houvesse querido dizer que ele é o Pai, haveria dito: "Eu e o Pai
sou um" ou "Eu sou o Pai", que seria a expressão gramatical
correta. Jesus não pode ser acusado de ter sido um mal comunicador.
"Somos"
(gr. esmen), a primeira pessoa do
plural. Jesus e o Pai são um em natureza e em essência, porque Jesus é Deus,
como o Pai, mas não é o Pai.
João
14:8, 9 – "Disse Filipe:
"Senhor, mostra-nos o Pai, e isso nos basta. Jesus respondeu: "Você
não me conhece, Filipe, mesmo depois de eu ter estado com vocês durante tanto
tempo? Quem me vê, vê ao Pai. Como você pode dizer: ‘Mostra-nos o Pai’?"
Jesus
NÃO disse a Filipe que era o Pai.
Jesus
veio como representante do Pai; veio demonstrar-nos o caminho ao Pai (v.6). Em
João 5:43, Jesus disse: "Eu vim em nome de meu Pai [na autoridade do Pai,
com as credenciais do Pai], e vós não me recebeis; se outro viesse em seu
próprio nome [em sua própria autoridade, com suas próprias credenciais; como o
anticristo], a esse receberíeis".
Quantas
vezes temos orado: "Pai, ajuda-me para que as pessoas te vejam em
mim". Acaso isso quer dizer que quando as pessoas virem você, estarão
vendo literalmente ao Pai? Certamente que não, nem tampouco você estaria
realmente pensando nisso, mas sim, estaria pedindo que Deus o ajude a
representá-lo corretamente diante das pessoas para que possam ver a Deus
através de sua vida. Por isso Jesus disse a Felipe: "O que me viu, viu ao
Pai", porque ver a Jesus, quem representou ao Pai foi como se estivesse
vendo ao Pai. Mas Jesus NÃO estava dizendo que ele era o Pai.
QUE DIZ A BÍBLIA ACERCA DE JESUS E O PAI?
Jesus
é referido como "Filho" mais de 200 vezes no Novo Testamento e nunca
é chamado de "Pai".
Jesus
referiu-se ao Pai mais de 200 vezes como alguém distinto dele.
Em
mais de 50 versículos podemos observar o Pai e a Jesus, o Filho, lado a lado.
Nos
Evangelhos, Jesus nunca referiu-se a si mesmo como "Filho", do mesmo
modo que ele se referia ao Pai como "meu Pai" (João 20:17).
No
Novo Testamento repetidamente encontramos expressões como estas:
Romanos
15:5-6 — "O Deus que concede perseverança e ânimo lhes dê um espírito de
unidade, segundo Cristo Jesus, para que com um só coração e uma só boca vocês
glorifiquem ao Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo".
2ª
Coríntios 1:3 — "Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo,
Pai das misericórdias e Deus de toda consolação..."
Filipenses
2:10-11 — "...Para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, no céu, na terra
e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para a
glória de Deus Pai".
1ª
João 1:3b — "Nossa comunhão é com o Pai e com seu Filho Jesus
Cristo".
1ª
João 2:1 — "Meus filhinhos, escrevo-lhes estas coisas para que vocês não pequem.
Se, porém, alguém pecar, temos um intercessor junto ao Pai, Jesus Cristo, o
Justo".
2ª
João 3 — Graça, misericórdia e paz da parte de Deus Pai e de Jesus Cristo, o
Filho do Pai, estarão conosco em verdade e amor".
No
Evangelho de João, Jesus refere-se a si mesmo como enviado pelo Pai, mas nunca
referiu-se a si mesmo como o Pai que enviou ao Filho.
O
Pai enviou a alguém separado dele, chamado Filho.
1ª
João 4:9-10,14 — "Foi assim que Deus manifestou o seu amor entre nós:
enviou o seu Filho Unigênito ao mundo, para que pudéssemos viver por
meio dele. Nisto consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em
que ele nos amou e enviou o seu Filho como propiciação por nossos pecados.
(...) E vimos e testemunhamos que o Pai enviou seu Filho para ser o
Salvador do mundo".
É JESUS O ESPÍRITO SANTO?
Versículos
que os Unicistas usam para provar que Jesus é o Espírito Santo.
2ª
Coríntios 3:17 — "Ora, o Senhor é o Espírito e, onde está o Espírito do
Senhor, ali há liberdade".
O
texto não diz que "Jesus é o Espírito". Se a passagem dissesse isto,
talvez os Unicistas tivessem um ponto forte, mas como não diz isto, eles
assumem que a palavra "Senhor" se refere a Jesus Cristo.
O
"Espírito" aqui é chamado de Senhor no sentido de identificá-lo com
Javé (Jeová) ou Deus, e NÃO com Jesus, já que o versículo 16 diz: "Mas
quando alguém se converte ao Senhor, o véu é retirado". Trata-se de uma
referência a Êxodo 34:34: "Porém, vindo Moisés perante o SENHOR [Javé]
para falar-lhe, removia o véu até sair; e, saindo, dizia aos filhos de Israel
tudo o que lhe tinha sido ordenado".
O
contexto sempre é que determina a quem se está referindo quando a palavra
"Senhor" é usada. No versículo 17 a palavra "Senhor" está
referindo-se a Javé e não a Jesus, já que o versículo 16 e todo o contexto
assim demonstra.
Se
os Unicistas estivessem sempre corretos ao interpretar "Senhor" como
"Jesus", como ficaria Filipenses 2:11? O texto diz: "E toda
língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai".
Seguindo a linha de raciocínio dos Unicistas, teríamos de concluir erroneamente
que: "E toda língua confesse que Jesus Cristo é o Jesus...". Isto não
é o que este versículo está dizendo, mas o que está ensinando é que: "E
toda língua confesse que Jesus Cristo é Deus. Porém, não Deus, o Pai, porque no
mesmo versículo diz que isso será feito "para a glória de Deus Pai".
Romanos
8:9 — "Entretanto, vocês não estão sob o domínio da carne, mas do
Espírito, se de fato o Espírito de Deus habita em vocês. E, se alguém não tem o
Espírito de Cristo, não pertence a Cristo".
Este
versículo NÃO mostra que Jesus é o Espírito Santo. A única coisa que está
dizendo é que se alguém não tem o Espírito que produz fé em Cristo e demonstra
o caráter de Cristo ou seja "o Espírito de Cristo", ele não é parte
do corpo daquele que morreu por nossos pecados. Ele é todavia controlado pela
"natureza pecaminosa".
O
versículo 11 faz distinção bem clara entre o Pai que levantou a Jesus dos
mortos, o Espírito pelo qual Jesus foi levantado e Jesus, quem foi levantado.
Não se pode ignorar a distinção de pessoas apresentada neste versículo.
QUE DIZ A BÍBLIA SOBRE JESUS E O ESPÍRITO SANTO?
Mateus
12:31-32 — O texto fala da blasfêmia contra o Espírito Santo. A conclusão
lógica que é extraída deste texto é que se a blasfêmia contra o Espírito Santo
não vai ser perdoada, mas a blasfêmia contra o Filho vai ser perdoada, então o
Filho NÃO é o Espírito Santo.
João
14:16 — O Espírito Santo é o "outro Consolador".
João
15:26 — Jesus enviou o Espírito Santo.
João
16:13 — O Espírito Santo demonstra humildade e busca glorificar a Jesus.
Depois de
termos visto que Jesus não é o Pai nem tampouco o Espírito Santo, podemos nos
dar conta de que os Unicistas têm um conceito equivocado da verdadeira natureza
de Deus.
Se Jesus
não é o Pai, mas é Deus, e o Pai não é Jesus e é Deus, e o Espírito Santo não é
Jesus e é Deus e a Bíblia diz que somente há um Deus, então isto significa que
dentro da unidade do único Deus existem três pessoas distintas: o Pai, o Filho
e o Espírito Santo; e estas três compartilham a mesma natureza e atributos;
então, com efeito, estas três são o único Deus.
Uma coisa
é dizer "Eu não entende a doutrina da Trindade" e outra coisa é dizer
que "a doutrina da Trindade é falsa", "pagã",
"diabólica", "antibíblica". A Bíblia faz uma advertência
muito forte para esta classe de pessoas quando nos diz: "...Este é o
anticristo: aquele que nega o Pai e o Filho. Todo o que nega o Filho também não
tem o Pai; quem confessa publicamente o Filho tem também o Pai" (1ª João
2:22b-23).
o pedestal de maria
VATICANO
E O PEDESTAL DE MARIA
Papas, bispos e padres conseguiram
gradativamente destronar Deus e Cristo do coração dos católicos substituindo-os
pela devoção às imagens e pelo Culto à Maria "Honrando mais a criatura que
ao Criador". (Romanos l :25).Maria, mãe do corpo físico de Jesus e não "mãe de Deus" como ensinam, viveu a fé que Cristo seu filho deixou e morreu como todos os Cristãos. Mas a partir do século IV observaram que o nome de Maria sensibilizava as mulheres, então passaram a atribuir-lhe honrarias e atributos que se estivesse no mundo recusaria. Eis a escalada:
1- No Concilio de Efeso, ano 431, decidiram chamá-la "Mãe de Deus".
2- No Concílio de Latrão, ano 649, proclamaram sua virgindade. (A Bíblia no entanto registrou que José não coabitou com Maria sua esposa somente "ATÉ" nascer Jesus. (Mateus l .25). Os primeiros cristãos e muitos "pais da Igreja", como Tertuliano, Euzébio, Santo Irineu, Epifaneo, Hegesipo, Helvidio e tantos outros confirmavam que Maria teve outros filhos no seu matrimónio com José. Afinal, casar-se e ter filhos não desmerece; o casamento é Instituição Divina e ter filhos é ordem do Criador; o que desmerece e muito é a condição de celibatário.
3- No Cone. de Nicéa, 787, instituíram o Culto à Maria, anti-biblico. Esse culto não chega a ela, pois Maria e os Santos não são Onipresentes.
4- Imaculada Conceição. Na Bíblia não há nem cheiro dessa "concepção" milagrosa de Maria. Mas Pio IX decretou essa inverdade no ano 1854.
5- Cem anos depois, ano 1950, de maneira espectacular a velha Igreja Católica escorrega de novo deixando a cristandade perplexa. Baseado numa lenda de 15 séculos atrás, decreta a Assunção de Maria.
A bem conhecida reza "Ave Maria" é uma mistura de textos bíblicos e doutrina espírita. pois a expressão "Rogai pôr nós" não está na Bíblia. Os cristãos jamais apelaram para as pessoas santas que morreram.
Cogitam aumentar o "peso da coroa" proclamando-a Rainha do Céu e Mãe de todas as graças. Há cidades e igrejas com o nome de "medianeira" contrariando frontalmente a Bíblia que adverte: Só há um mediador entre Deus e o homem: Jesus Cristo, o Justo". (I Timóteo 2:5). A caduquice da Igreja de Roma pode aumentar: Já há quem deseje uma posição de Maria na Santíssima Trindade. Abyssus Abyssum invocat.
No Brasil, em 1717, em Aparecida do Norte, o José Alves, o Domingos Garcia e o Felipe Pedroso "pescaram" no Rio Paraíba uma imagem de Maria em dois pedaços. O padre Vilela não perdeu tempo e fizeram uma capela; queimaram velas, incentivaram crendices e surgiu uma igreja. Mais engano e simulação e construíram uma "basílica" onde recolhem fortunas com porcentagens para bispados e Vaticano, explorando a credulidade do povo.
Mas pôr que tanto exagero para com o nome de Maria? Antigamente os teólogos católicos acalmavam os cristãos dizendo que o Culto a Maria servia para "contrabalançar" com o paganismo que desfilava com formosas deusas... Mas os Jesuítas explicam melhor: Eles dizem que "a mulher é um grande instrumento, é a chave com a qual se entra nas famílias, pôr elas consegue-se grandes séquitos, as festas se tomam pomposas e ajudam a Igreja a manejar as plebes". Sabem que usando o nome de Maria sensibilizam o sexo feminino que pôr sua vez atraem os jovens e os esposos para as festas romanistas dos "santos e padroeiros". (Prof. de teologia, Borba do Liceu de Braga, Portugal).
vodu
Vodu
Entre as manifestações religiosas da tradição afro-americana -- macumba, candomblé e outros --, o vodu do Haiti transcendeu os círculos em que se desenvolve, uma vez que é explorado como recurso turístico naquele país antilhano.
O vodu é um culto religioso popular de caráter sincrético. Incorpora aspectos do ritual católico-romano, datados da colonização francesa e originados de uma interpretação anômala dos ensinamentos derivados de um batismo muitas vezes imposto, assim como elementos religiosos e mágicos africanos trazidos pelos escravos das etnias ioruba, fon e outras. O termo deriva de vodun, "deus" ou "espírito" na língua dos fons. O culto tornou-se espécie de religião oficial da comunidade camponesa do Haiti.
Embora os praticantes do vodu professem a crença num distante Deus supremo, as divindades efetivas são grande número de espíritos denominados loa, que podem ser aparentados a santos católicos, ancestrais deificados ou deuses africanos. Muitos adeptos urbanos acreditam que os loas podem ser benévolos, os loas Rada, os quais se ligam aos indivíduos ou famílias como anjos da guarda, guias e protetores, ou mesmo malévolos, os loas Petro. Essas divindades comunicam-se com os fiéis por meio de sonhos ou deles tomam posse durante cerimônias rituais. A presença do espírito é revelada por um estado de transe numa dança estilizada ou por certas características especiais. Cada grupo de praticantes tem seu local para realizar as cerimônias, que envolvem cantos, toque de tambores, danças, preces, preparo de alimentos e o sacrifício ritual de animais. O santuário ou houmfo é presidido por um hougan, celebrante masculino, ou mambo, sacerdotisa, que age como conselheiro, curandeiro e protetor.
Com o tempo, o vodu perdeu seus traços ancestrais e adotou caráter nacional, com a criação de formas típicas haitianas. Durante décadas a Igreja Católica condenou o vodu no Haiti, mas como essa crença se tornou a religião principal da maioria da população, no final do século XX os católicos resignaram-se à convivência com o culto.
Fonte: Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda
Entre as manifestações religiosas da tradição afro-americana -- macumba, candomblé e outros --, o vodu do Haiti transcendeu os círculos em que se desenvolve, uma vez que é explorado como recurso turístico naquele país antilhano.
O vodu é um culto religioso popular de caráter sincrético. Incorpora aspectos do ritual católico-romano, datados da colonização francesa e originados de uma interpretação anômala dos ensinamentos derivados de um batismo muitas vezes imposto, assim como elementos religiosos e mágicos africanos trazidos pelos escravos das etnias ioruba, fon e outras. O termo deriva de vodun, "deus" ou "espírito" na língua dos fons. O culto tornou-se espécie de religião oficial da comunidade camponesa do Haiti.
Embora os praticantes do vodu professem a crença num distante Deus supremo, as divindades efetivas são grande número de espíritos denominados loa, que podem ser aparentados a santos católicos, ancestrais deificados ou deuses africanos. Muitos adeptos urbanos acreditam que os loas podem ser benévolos, os loas Rada, os quais se ligam aos indivíduos ou famílias como anjos da guarda, guias e protetores, ou mesmo malévolos, os loas Petro. Essas divindades comunicam-se com os fiéis por meio de sonhos ou deles tomam posse durante cerimônias rituais. A presença do espírito é revelada por um estado de transe numa dança estilizada ou por certas características especiais. Cada grupo de praticantes tem seu local para realizar as cerimônias, que envolvem cantos, toque de tambores, danças, preces, preparo de alimentos e o sacrifício ritual de animais. O santuário ou houmfo é presidido por um hougan, celebrante masculino, ou mambo, sacerdotisa, que age como conselheiro, curandeiro e protetor.
Com o tempo, o vodu perdeu seus traços ancestrais e adotou caráter nacional, com a criação de formas típicas haitianas. Durante décadas a Igreja Católica condenou o vodu no Haiti, mas como essa crença se tornou a religião principal da maioria da população, no final do século XX os católicos resignaram-se à convivência com o culto.
Fonte: Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda
domingo, 28 de julho de 2013
A Ilusão Mórmon
A Ilusão Mórmon
Parte 1 (Prefácio e Capítulos 1 e 2)
ÍNDICE
- Prefácio
- Minha apresentação ao mormonismo e a Cristo
- José Smith e a primeira visão
- José Smith -- profeta de Deus?
- O Livro de Mórmon -- José Smith ou de Deus?
- José Smith examinado como tradutor
- História, Arqueologia, Antropologia e o Livro de Mórmon.
- A falha fatal
- A verdade acerca do “Deus-Adão”.
- Contradições a respeito da pessoa de Deus
- O sacerdócio e as genealogias
- Algumas doutrinas do mormonismo distintivas mas dúbias
- A única igreja verdadeira
- A autoridade final
- A salvação segundo os mórmons
- Salvação bíblica
Apêndice: O Caminho da Salvação
PREFÁCIO
É justo, é cristão examinar José Smith e
questionar o mormonismo?
Tive de responder a esta pergunta e orar a esse
respeito antes de escrever este livro. Segundo a luz que Deus me deu por Sua
Palavra, creio que o que se segue foi o que Ele me mostrou.
Todo homem tem o direito, dado por Deus, de crer
como bem lhe apraz. Os norte-americanos reconhecem esse direito divino. Por
livre escolha, podem
do
nosso próximo”. “Atacar a religião dos outros não é amor" - dizem. Esta
afirmativa seria verdadeira se antes não examinássemos nossa própria religião e
não a comparássemos com o padrão de Deus, a Bíblia.
Outra reação dos que questionam nossa autoridade de
testemunhar podia ser: "Não julgueis para que não sejais julgados"
(Mateus 7:1). Segundo Mateus 7:5, este versículo é dirigido aos hipócritas.
Por outro lado, João 7:24 diz aos crentes que "Não julgueis segundo
a aparência, e, sim, pela reta justiça"; não segundo a aparência, mas
segundo a Palavra de Deus.
É trágico que hoje em dia alguns de nós, os
crentes, temos, em nome do amor, retido a verdade aos que estão no erro, por
não querermos ofendê-los ou por não amá-los o suficiente. Lembre-se de que o
amor verdadeiro previne.
É verdade que não devemos dar importância
demasiada `as coisas mínimas. Pode ser desnecessário dizer ao próximo que ele
possui mau hálito ou que uma telha de sua casa está solta. Entretanto, se ele
estiver dormindo e a casa pegar fogo, é crime não acordá-lo. Desculpa alguma e
nenhuma declaração vazia de amor jamais satisfarão `a Deus em tais casos.
A autoridade da defesa
Como é que tudo isto se relaciona com a pergunta:
É justo, é cristão examinar José Smith e questionar o mormonismo?" É justo
porque José Smith atacou todos os cristãos e suas igrejas primeiro. José Smith
declarou em seu livro "inspirado" Pérola de Grande Valor, que
todas as outras igrejas estavam erradas, que todos os credos eram uma
abominação e que todos os mestres eram corruptos.
De um só golpe José Smith condena todas as
igrejas, todas as crenças e todos os cristãos. Claramente diz que não havia um
só cristão verdadeiro na face da terra ao tempo em que recebeu sua primeira
visão, e que não tinha havido por centenas de anos.
Alguns líderes mórmons têm-nos desafiado a
examinar O Livro de Mórmon, que, naturalmente, deve incluir seu autor e seus
seguidores. Orson Pratt, apóstolo mórmon, disse:
"Este livro deve ser verdadeiro ou falso...
Se for falso, é uma das imposições mais espertas, malignas, audazes e
profundas, feitas ao mundo com o propósito de enganar e arruinar milhões que a
receberão sinceramente como a Palavra de Deus, e pensarão estar seguramente
edificados sobre a rocha da verdade até que, com suas famílias, sejam lançados
no desespero total. A natureza de mensagem de O Livro de Mórmon é tal
que, se verdadeira, ninguém poderá rejeitá-la e ainda salvar-se; se falsa,
ninguém poderá recebê-la e salvar-se. Portanto, cada alma no mundo tem
interesse igual tanto na determinação de sua verdade como de sua falsidade...
Se, depois de um exame minucioso descobrir que é uma imposição, deve ele ser
exposto ao mundo como tal; as provas e argumentos pelos quais a falsidade foi
detectada devem ser, clara e logicamente afirmados para que os que foram
enganados, embora de boa mente, percebam a natureza do engano e sejam
restaurados, e que os que continuam a publicar a ilusão sejam expostos e
silenciados...mediante provas aduzidas das Escrituras e da razão."[1]
Concordamos plenamente! É cristão examinar José
Smith e questionar o mormonismo, porque se nos mandou fazê-lo, tanto para nosso
próprio bem como para o bem de todos os mórmons.
Examinar José Smith é cristão e racional pois diz
ele ser profeta de Deus e diz-nos a Bíblia "pelos frutos os
conhecereis." O Livro de Mórmon, A Pérola de Grande Valor, Doutrina
e Convênios, o mormonism e o movimento inteiro dos mórmons giram em torno
desta questão básica: "É José Smith verdadeiramente um profeta de
Deus?"
Perguntamos: se hoje um adolescente tivesse uma
visão que lhe revelasse que todos os mórmons eram apóstatas e corruptos; que
seus credos eram uma abominação a Deus, os mórmons receberiam sua história, sem
provas, tão rapidamente quanto aceitaram a visão de José Smith? Por que não?
Com a ajuda de Deus procuraremos examinar justa e
honestamente José Smith e alguns de seus ensinos, pois as Escrituras e o amor
de Cristo a tanto nos constrangem. Deus ama a mórmons e a não-mórmons. Cristo
morreu por todos nós. Perante Deus todos somos iguais - simples pecadores que
precisam de um Salvador. Nesse sentido, estamos todos no mesmo pé. Precisamos
fazer distinção clara e positiva entre mórmons e mormonismo. Oramos para que
Deus nos dê um coração contrito e nos encha com seu amor pelos mórmons, e pensamos
que isto ele já fez. Deus, e talvez os outros, possam julgar tal fato melhor do
que nós. Mas amar o povo mórmon é uma coisa muito diferente que amar o
mormonismo; assim como Deus pode amar o pecador, mas não o pecado. Por favor,
tenha em mente essa distinção ao examinar a reivindicação de José Smith e do
mormonismo.
_______________
Nota
[1] Orson Pratt, Divine Authority of the Book
of Mormon (Autoridade divina do Livro de Mórmon) introdução, uma série de
panfletos publicados em 1850-51. Citado por Arthur Budvarson em, The Book of Mormon - True or
False? (O Livro de Mórmon - falso ou verdadeiro?) - Concord,
California, Pacific Pub. Co., 1959.
CAPÍTULO UM
Minha Apresentação ao Mormonismo e a Cristo
Eu estava contentíssimo! Acabava de mudar em
julho, do lamacento Mississíppi para as noites frescas e cortantes, para os
dias brilhantes de LaGrande, no Oregon.
Minha linda esposa e meu bebê de menos de dois
meses de idade partilhavam da aventura - só que um pouco menos
entusiasticamente.
Eu amava minha terra natal, mas o calor começava
a perturbar-me. Enquanto estive na marinha visitei Oregon, e gostei das noites
calmas e frescas, da caça a animais selvagens, e das lindas montanhas. Meu tio
possuía uma loja em Bates, no Oregon. Uma tia havia estudado na Falculdade de
Educação de LaGrande, no mesmo estado. De modo que, depois de deixar a marinha,
voltei a LaGrande, matriculei-me na universidade e joguei futebol durante um
ano.
Havia muitas garotas lindas, mas eu queria uma
que soubesse fazer pão de milho. Encontrei-a na Universidade do Sul do
Mississíppi. Agora eu estava de volta ao fascinante Oregon, preparando-me para
uma caçada - necessitávamos urgentemente de carne. Não conhecendo a região
muito bem e não possuindo carro, tinha feito amizade com um jovem adolescente
do lugar e esperava ir caçar com ele nas Montanhas Azuis, não muito distantes.
-Ei, Mike, mais depressa! - gritei-lhe certa tarde
linda e cintilante de domingo. -Se parar com essa embromação poderemos jogar um
pouco de bola e ainda teremos tempo para uma caçada nas montanhas.
-Está bem. Vou mais depressa e. . . - começou Mike.
-Não, você não vai! - explodiu John, irmão de Mike,
mais velho e casado. Olhei surpreso para ele enquanto ele continuava. - Somos
mórmons, pertencemos `a Igreja dos Santos dos Últimos Dias e não fazemos isso
no domingo.
Fiquei espantado e um tanto sem jeito. Lá no
Mississíppi, na zona rural, praticamente todo mundo era batista. Íamos `a
igreja fielmente todos os domingos. Fui `a frente aos doze anos, disse ao
evangelista que eu cria em Jesus, fui batizado, uni-me `a igreja,
freqüentando-a fielmente; não bebia, não fumava nem xingava. Caçar ou pescar
aos domingos era somente para os pagãos e os desviados, e ninguém queria estar
muito perto de gente assim durante uma tempestade. Eu tinha sido líder de
escoteiros, professor da escola dominical, mas aqui estava eu recebendo um
sermão de um mórmon acerca de Deus e do domingo. Fiquei envergonhado. Fiquei
também curioso.
John era meu barbeiro e um bom amigo. Era também
uma pessoa importante na igreja local dos Santos dos Últimos Dias. (Naquele
tempo eu não conhecia a terminologia.) Comíamos em sua casa e ele comia na
nossa. De fato, jamais esquecerei do "banquete de esquilo" que certa
vez fizemos juntos. Éramos pobres, e alimento, especialmente a carne, era
escasso. Sinto pena dos pobres e inocentes esquilos agora, mas antes então não
sentia. Uma coisa posso dizer: os sobreviventes estavam muito mais espertos
quando saí de lá do que quando cheguei.
John era um homem gentil e amável, e sabia
conversar. (O tipo de pessoa que nos deixa falar, que ouve a maior parte do
tempo.) Gostei dele e de sua esposa imediatamente, em especial por ele não me
escalpelar ao cortar meu cabelo. Até agora não havíamos conversado a respeito
de religião.
Eu tinha algumas questões sérias acerca da
religião depois de ter visto aviões suicídas, companheiros mutilados, morrendo
na guerra; e também enquanto na universidade estudando psicologia, evolução,
religiões comparadas, etc. De repente, aqui estava. Aqui estava um homem que
cria e colocava em prática sua crença. Por que minha igreja não havia me dado
as convicções que ele parecia possuir? Sim, eu estava curioso.
-Posso ir à sua casa para conversarmos acerca da
crença dos mórmons? - perguntou John.
-Certamente - respondi.
Minha esposa pareceu não gostar muito, mas cedeu.
Nesse tempo eu não sabia a diferença, mas ela era uma cristã verdadeira, e
Cristo habitava em seu coração. Eu era apenas um cristão professo; minha crença
era intelectual. Para ela eu era um cristão verdadeiro, pois íamos à igreja,
orávamos juntos, dávamos o dízimo e vivíamos bem.
Eu me entediara um tanto com a igreja, e minha
esposa percebeu que algo não ia lá muito bem; o pastor da Igreja Batista
conservadora de LaGrande, reverendo Guy Zehring, começara a visitar-me
periodicamente. Me cansei dele também. Ele repetia coisas que eu havia ouvido a
vida toda. Deus o ama. Cristo morreu por você. Deve ser fiel à igreja.
À medida que John me apresentava o mormonismo, eu
ficava cada vez mais interessado. Talvez esta fosse a resposta!
-Nossa, John, - gritei, no final de uma sessão. -
Você quer dizer que eu posso realmente permanecer casado com minha esposa para
a eternidade?
-É possível - assegurou-me ele - se cumprir certas
condições. Você pode até mesmo ser um deus em algum planeta e continuar a ter
filhos.
Isto me interessava muito. Papai morrera quando
eu tinha quatro anos de idade. Fui viver com meu avô. Ele foi assassinado
alguns meses mais tarde. Minha avó contraiu diabetes e, na minha adolescência, teve
uma morte lenta e agonizante. Eu quase tinha medo de amar por completo qualquer
coisa ou pessoa. Nada parecia seguro. Eu não tinha nada de duradouro para
conservar e amar; então, por que magoar meu coração?
Ainda posso lembrar-me dos funerais em dias de
chuva - a terra fria caindo sobre o caixão do papai, do vovô, da vovó - todos
tão queridos ao meu pequeno coração. O hino "Rude Cruz" tentando
sobrepujar os soluços das pessoas amadas.
Agora eu tinha uma jovem e bela esposa. Milagre
dos milagres, ela me amava e eu a amava. Havia realmente uma maneira de
conservá-la para sempre?
Em geral alegre externamente, nas horas tardias
da noite eu pensava sério no assunto. Algum dia, a beleza dela desapareceria.
Ela ficaria velha e morreria, logo depois, e seria como se nunca tivesse
existido. Ou então um acidente ou doença a roubaria de mim ou eu dela. A morte
era um bicho- -papão implacável e sempre de emboscada, pronto a atacar de dia
ou de noite, não respeitando nem o riso alegre nem o grito de desespero e de aflição.
À medida que John continuava a ensinar-me, me
tornava muito confuso.
-A Bíblia não diz, em algum lugar, que não haverá
casamento nem dar-se-á em casamento no céu, John?
-Claro--concordou ele prontamente--mas isto é só com
respeito ao céu. Mas podemos nos casar para a eternidade aqui embaixo de modo
que não haverá casamento nem o dar-se em casamento no céu.
É isto realmente o que esse versículo significa?
Perguntava a mim mesmo. Bem, talvez. Espero que sim.
John disse que minha igreja não tinha autoridade
para batizar, fazer convertidos, nem pregar o evangelho. A igreja verdadeira
havia desaparecido totalmente da terra um século ou dois depois de Cristo, e
Deus havia restaurado o evangelho por meio de um profeta moderno chamado José
Smith. Deus e seu filho haviam aparecido a Smith quando este tinha quatorze
anos de idade e começaram a revelar-lhe uma série de visões a respeito de Deus,
de placas de ouro e do evangelho. José Smith tinha, por revelação direta de
Deus, traduzido o inspirado Livro de Mórmon. Os mais recentes livros
inspirados do mormonismo incluíam, Pérola de Grande Valor, e Doutrina
e Convênios.
John me disse com gentileza mas firmemente,
citando José Smith no livro Pérola de Grande Valor 2:19, em parte,
"todas [as igrejas] estavam erradas;...todos os seus credos eram uma
abominação à sua vista; que todos aqueles mestres eram corruptos."
Isto me incomodava bastante. O credo dos mórmons
dizia muitas das mesmas coisas que outros credos de outras igrejas diziam. Como
é que um podia estar totalmente errado e ser abominável e outro bom? Eu sabia
que muitos cristãos, ao longo dos séculos, haviam selado com o próprio sangue
seu amor e testemunho de Cristo, e isso centenas de anos depois que a igreja
verdadeira e o verdadeiro evangelho haviam totalmente desaparecido, em
apostasia, da face terra, no dizer dos mórmons. Foram eles todos corruptos,
como dizia José Smith?
John ensinou-me que a igreja mórmon era a única
igreja verdadeira na face da terra. Todas as outras eram falsas. O único
caminho ao mais alto céu ou ao grau de glória mais elevado era deixar minha
igreja e ser batizado na igreja mórmon. Havia três céus, ou três graus de
glória. Somente os mórmons podiam ir ao céu mais alto. A morte de Cristo na
cruz deu a todos os homens salvação geral do inferno, exceto a alguns poucos
obstinados "filhos da perdição". A salvação pessoal dependia das boas
obras que a pessoa fizesse. O batismo pelos mortos era para os que não tinham
tido a oportunidade de ser salvos aqui. Podiam ser salvos depois da morte.
Fiquei mais e mais interessado, mas também mais e
mais confuso. Procurei o pastor Guy Zehring e tentei comparar as respostas dele
com as de John.
Parecia-me, em realidade, que John estava levando
a melhor. Orei desesperadamente pedindo luz. John pediu que eu pegasse O
Livro de Mórmon, e com as mãos sobre ele, orasse a fim de saber se esse
livro era verdadeiramente a Palavra de Deus e se o mormonismo era a verdade;
nesse caso, que o Espírito Santo de Deus me convencesse. Fiz exatamente isto.
Também orei da mesma maneira a respeito da Bíblia.
Então pensei que a resposta podia estar em fazer
com que John e Guy se encontrassem e debatessem a questão. Guy me aconselhou
contra, dizendo que provavelmente isto não me resolveria nada. Perguntava a mim
mesmo se ele estava com medo.
A esta altura eu sabia que tinha de tomar uma
decisão: tornar-me mórmon ou voltar ao Cristianismo que eu sabia nunca havia
suprido meus desejos mais profundos; examinar o Cristianismo mais
profundamente; esquecer a bagunça toda.
Cada uma destas opções parecia atrair-me em
certos momentos.
Finalmente, pairei-me justamente à beira de
tornar-me mórmon. Os mórmons que eu conhecia eram tão bons. O programa que
tinham para a juventude era atrativo ao extremo. Algumas de suas igrejas tinham
até ginásios de esportes! Os bailes patrocinados pela igreja pareciam muito
convidativos. Os mórmons procuravam as pessoas para com elas partilhar a fé.
Eram um povo asseado e trabalhador. Eu admirava sua dureza, e deleitava-me com
a corajosa história de sua migração para o Oeste contra incertezas impossíveis.
Suas convicções fortes atraíam-me. Pareciam ter um grande senso de autoridade e
muita união.
Pela última vez, fui ao meu quarto, caí de
joelhos e clamei em agonia: "Deus, por favor, mostra-me o caminho
verdadeiro. Não me importa qual seja, contanto que seja de ti e que seja o
caminho verdadeiro. Ó Deus, quero tanto ser salvo. Pensei que o havia sido
quando disse aceitar a Cristo e ao unir-me à igreja Batista anos atrás, Senhor,
mas agora estou perturbado. Se o mormonismo for certo, alegremente o aceitarei
e o seguirei para sempre. Se o que me ensinaram é correto, por que não
preencheu completamente as minhas necessidades? Ó Deus, ajuda-me. Dá-me tua
luz. Mostra-me a verdade acerca da Bíblia e de O Livro de Mórmon, acerca
do mormonismo e do Cristianismo, e acima de tudo, acerca de ti mesmo e de como
posso ser salvo e ter certeza de ir para o céu."
Logo depois desta oração honesta e perscrutadora,
preparava-me febrilmente para a estação de caça, que começava no dia seguinte.
Minha esposa olhou para fora e disse:
-Querido, o pastor Guy Zehring acaba de chegar.
-Oh, não--gemi. Eu tinha de fazer os preparativos
para a viagem de caça e o pastor já havia conversado comigo cinco ou seis vezes
dizendo praticamente as mesmas coisas todas as vezes. Parecia tão tolo, tão
irreal e vazio. Custava-me ser cortês. Somente anos mais tarde aprendi o que a
Bíblia quer dizer com "a palavra da cruz é loucura para os que se
perdem" (1 Coríntios 1:18).
Desta vez foi diferente. Guy olhou-me nos olhos e
disse:
--Mac, você diz ser cristão. Você sabe com certeza
que se morresse neste instante iria para o céu a estar com Jesus Cristo?
Pus-me em guarda:--Ninguém pode ter certeza
disso--declarei.--Creio que iria para céu. Creio em Jesus Cristo. Fui batizado,
sou religioso e levo uma vida honesta. Mas o senhor disse sabe.
Os olhos penetrantes de Guy entraram-me alma a
dentro.
-Mac, se você morresse esta noite, iria diretamente
para o inferno.
-Tenho feito tudo o que vocês, pregadores, disseram que
eu devia fazer--respondi--tudo o que sei que a Bíblia manda fazer. Diz a Bíblia
que podemos saber se somos salvos?
-Certamente que sim--respondeu ele, abrindo a Bíblia
em 1 João 5:13. "Estas cousas vos escrevi a fim de saberdes que tendes a
vida eterna, a vós outros que credes em o nome de Filho de Deus."
Tive consciência de um espanto e de uma fome
intensa começando a crescer dentro de mim. Eu tinha estudado capítulos e livros
de O Livro de Mórmon, e tinha lido a Bíblia por muitos anos, mas nada
havia falado ao meu coração e à minha necessidade como isso. A despeito de
dúvidas ocasionais, realmente a Bíblia me impressionava. Eu sabia que muitas
das profecias da Bíblia referentes a Jesus Cristo, a cidades, nações e
acontecimentos haviam-se cumprido fie
ultamento
e ressurreição. Mas sua crença é só intelectual, não do coração. Milhares são
como você -- religiosos, mas perdidos. Você tem uma crença histórica como se
dissesse que Pedro II foi imperador do Brasil. Mas você nunca veio a Jesus
Cristo como pecador perdido pedir-lhe que o salve, e saber que o fez.
-Já lhe pedi que me salvasse, mas nunca cri
realmente que ele o fizesse.
-Você não percebe?--contra-atacou Guy.--A salvação é
pela fé, pela confiança, pela crença. Efésios 2:8,9 declara: "Porque pela graça
sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus; não de obras,
para que ninguém se glorie."
-Ora -- continuou ele -- João 1:12 diz-nos que por
natureza não somos filhos de Deus. Esse é o nosso grande problema. Temos de
receber Jesus Cristo em nosso coração e vida mediante convite pessoal a fim de
nos tornarmos filhos de Deus. Desta forma nascemos de novo na família de Deus e
recebemos instantâneamente seu dom da vida eterna. "Mas a todos quantos os
receberam, deu-lhes o poder de serem chamados filhos de Deus, a saber, os que
crêem em seu nome." Então, e somente então, estamos prontos para o céu.
Ele acrescentou:
-Jesus nos ama tanto que morreu em tortura sangrenta
por nós. Prometeu salvar-nos se, crendo, invocássemos seu nome. Ao invocá-lo e
depois ficar na dúvida ou na esperança de que talvez ele tivesse feito aquilo
cujo fim morreu e fez o que prometeu fazer, em essência você estava duvidando
dele e fazendo-o mentiroso. Por isso ele não podia salvá-lo, ainda que você
chorasse bastante e suplicasse salvação todas as noites por cem anos, porque
Ele somente salva pela fé. Romanos 10:9 diz-nos que somente uma crença do
coração, uma entrega a Cristo como o Senhor ressurreto (Deus e mestre) e
Salvador pode nos salvar.
-Romanos 10:13 diz isso de uma maneira clara e
simples, que até uma criança pode entender: "Porque: Todo aquele que
invocar o nome do Senhor, será salvo."
-Mac, -- disse Guy tranqüilamente mas com grande
sentimento -- Deus o ama. Jesus derramou seu sangue por você. Se você pedir-lhe
que o salve, crendo de todo o coração, ele o salvará. Se não o fizesse, seria
mentiroso, porque prometeu fazer isto. Você está disposto a invocá-lo para o
salvar neste instante?
Oh, que batalha se travou em meu coração! Podia
realmente ser simples assim? Era real? Suponhamos que houvesse um inferno de
fogo, afinal de contas, e que houvesse a mínima chance de eu ir lá passar a
eternidade. Era Jesus realmente o Deus eterno, como Guy dizia que a Bíblia
declarava ser? Ressuscitara Ele corporeamente e aparecera a centenas de pessoas
que O tocaram, comeram com Ele e mais tarde por todos Ele morreu?
De repente percebi tudo. Se eu não pudesse
confiar no promessa simples e clara de Jesus que morreu por mim, aonde mais
poderia ir? O desejo desesperado em mim clamava por Jesus, clamava por certeza.
Caí de joelhos, derramei-Lhe minha alma e pedi-Lhe que entrasse em meu coração
e me perdoasse todos os pecados. Pedi-Lhe que me tornasse um filho de Deus para
sempre, e me desse a vida eterna. Pedi-Lhe uma salvação consciente, e tomei-O
para meu Salvador e Senhor pessoal.
Levantei-me e enxuguei as lágrimas. Guy apontou o
dedo para mim e peguntou:
--Jesus o salvou ou Ele mentiu? Ele tinha de fazer
uma das duas coisas.
Dentro de mim eu sabia que algo tremendo havia
acontecido. Desfizera-se um fardo que eu nem sabia estar levando; alegria e paz
inaudíveis enchiam meu coração. Mas depois de anos de estudo de psicologia, eu
não ia depender somente das experiências, das emoções, e dos sentimentos. De
modo que eu simplesmente disse a Guy:
--Bem, Ele não podia mentir, logo Ele deve ter-me
salvado.
Guy abriu a Bíblia em João 3:36: "Por isso
quem crê no Filho tem a vida eterna." Olhei cuidadosamente para esse
versículo, saboreando cada palavra. Então eu sabia, não simplesmente sentia. Sabia!
Jesus havia me salvado! Agora eu tinha, neste instante, a vida eterna. Sua
Palavra o afirmava e Ele não pode mentir. Seu Espírito Santo testemunhava com
meu espírito que eu era Seu filho, com a certeza de estar com Ele no céu,
segundo Sua Palavra escrita. Guy e eu ajoelhamo-nos novamente e agradeci a Deus
com simplicidade por ter salvado minha alma e por ter me dado vida eterna.
Mal podia esperar para contar a John! Quando fui
verdadeiramente salvo, fiquei sabendo no mesmo instante que o mormonismo não
era o caminho. Foi como se Deus tivesse ligado um grande holofote sobre todo o
sistema e revelado sua resposta a mim. Mas eu tinha grande afeição por John, e
desejava partilhar minha alegria e certeza com ele. Ajuntei todo o material do
mórmons que ele havia me dado e corri `a sua casa.
-John, John -- gritei.--Encontrei Jesus. Acabo de
ser salvo e sei que vou para o céu!
-Você foi hipnotizado!--rugiu ele, tornando-se
vermelho.
-Você não tem certeza de ter sido salvo, John?
-perguntei.
-Não, e você também não -- asseverou ele,
agitando-se mais a cada instante.
Fiquei chocado. Seria este o meu John amável e
gentil? Por que não se alegrava ele com minha alegria por ter eu encontrado
Cristo?
-John -- perguntei seriamente -- você quer dizer que
todo esse tempo em que esteve falando comigo acerca de pertencer à única igreja
verdadeira; acerca de ter profetas e sacerdotes; acerca da autoridade, que você
nem mesmo tem certeza do lugar para onde vai quando morrer?
-Suponhamos que eu estivesse perdido na floresta com
várias outras pessoas. Suponhamos que estivéssemos desesperados e que só
tivéssemos tempo suficiente para sair se escolhêssemos o caminho certo
imediatamente antes de morrermos de fome ou nos congelarmos de frio. Suponhamos
que nos encontrássemos com você, e você nos dissesse ter um mapa infalível, e
ser um guia conhecedor destas florestas e insistisse em que nós o seguíssemos,
pois todos os outros caminhos eram errados. Então suponhamos que eu lhe
perguntasse se tinha certeza de não estar perdido, se sabia onde se encontrava,
você admitisse que não, e que nem mesmo tinha certeza do lugar para onde ia.
John, eu o amo, mas sei que estou salvo, e não posso mais acompanhá-lo.
Com isso devolvi a John o material sobre o
mormonismo. John e eu continuamos amigos. Ele me visitou várias vezes com
líderes mórmons tentando reconquistar-me. Fiquei tocado pelo seu interesse
óbvio, com seu cuidado.
Mas eu sabia que jamais estaria entre os que a
Bíblia diz "aprendem sempre e jamais podem chegar ao conhecimento da
verdade" (veja 2 Timóteo 3:7).
Uma vez que a pessoa verdadeiramente encontra a
Jesus, a procura termina. Eu havia lido a Bíblia e freqüentado a igreja toda a
vida, mas não O havia encontrado. Orava diariamente, e em caminhadas longas nas
noites de lua muitas vezes havia sentido a presença calorosa de Jesus. Cria que
O amava, mas isto era diferente, mais rico e muito mais doce.
Antes a salvação era como amar alguém e ter uma
certa comunhão antes do casamento, mas essa pessoa não lhe pertence nem você
pertence a ela. Então, pelo simples ato do casamento você diz "Sim" e
ela também o faz. Não há mágica nas palavras, mas, se for amor verdadeiro, suas
vidas são mudadas para sempre. Ela lhe pertence e você pertence a ela. O que
antes pensava ser amor não se pode comparar com o que agora você possui. Ao
receber a salvação verdadeira, ao casar-se com Jesus é um ato que a Bíblia
chama de conversão, você sabe a diferença. Antes eu era religioso, mas
perdido. Agora estou salvo.
John jamais entendeu, embora tenha eu orado por
ele e por ele chorado com verdadeira dor de coração.
Hoje, anos mais tarde, depois de passar milhares
de horas em estudo bíblico, depois de ler centenas de livros escritos por
mórmons e centenas de folhetos -- tanto a favor como contra -- desejo partilhar
com outros corações famintos, no amor de Cristo e conforme Deus me der
capacidade, o que Ele tem me mostrado.
CAPÍTULO DOIS
José Smith e a Primeira Visão
Muitos que lêem este livro poderão perguntar:
Onde os mórmons conseguiram idéias tão diferentes acerca de Deus e de Cristo?
Qual é a fonte de sua doutrina? Onde sua igreja realmente se originou? Qual é o
fundamento sobre o qual se firmam suas crenças?
De maneira muito breve, os mórmons ensinam que o
verdadeiro evangelho desapareceu da terra logo depois da era da igreja
apostólica. Crêem que todas as igrejas de então se tornaram falsas, e que não
tinham autoridade dada por Deus. Todos os cristãos professos, durante centenas
de anos eram corruptos, falsos, apóstatas. Então Deus restaurou o
verdadeiro evangelho e sua autoridade original mediante um jovem chamado José
Smith. Um anjo apareceu, em visão, ao jovem José e depois levou-o a algumas
placas de ouro escondidas perto de Palmyra, no estado de Nova lorque. Destas
placas, Deus fez com que José Smith fosse capaz de produzir O Livro de
Mórmon, o primeiro livro inspirado, o fundamento do mormonismo.
Uma vez que José Smith declarou que todas as
igrejas, sem exceção, são falsas e todos os seus membros são corruptos,
parece-nos justo contestá-lo. Se José foi um verdadeiro profeta de Deus, então
a Primeira Visão devia ser clara e indiscutível, pois Deus não é autor de
confusão. Mas, ouçamos as próprias fontes mórmons quanto à importância desta
Primeira Visão.
Primeira Visão de 1820
David O. McKay, apóstolo e líder mórmon declarou:
"A aparição do Pai e do Filho a José Smith é o fundamento desta
igreja."[1]
O apóstolo mórmon John A. Widtsoe disse: "A
Primeira Visão, de 1820, é de importância vital à história de José Smith. Sobre
sua realidade descansam a verdade e o valor de seu trabalho
subseqüente."[2]
Obviamente, a integridade de José Smith e a
verdade do mormonismo estão em jogo. Se a Primeira Visão for o fundamento sobre
o qual se firma o mormonismo, examinemos, em atitude de oração e mui
cuidadosamente, esse fundamento.
A igreja mórmon diz que José Smith teve uma visão
em 1820, quando era um mocinho de 14 anos de idade. Esta visão aconteceu na
"manhã de um lindo e claro dia, nos primeiros dias da primavera de
1820". José Smith tinha ido aos bosques orar a fim de saber "qual de
todas as seitas era a verdadeira". Enquanto orava, viu dois personagens
pairando acima dele no ar. Um dos personagens apontou ao outro e disse:
"Este é o meu Filho Amado. Ouve-o." Então um dos personagens, aos quais
José Smith identifica como o Pai e o Filho, disse-lhe que todas as igrejas
estavam erradas.
É estranho que não se mencione esta visão nos
registros mais antigos da igreja mórmon e a Improvement Era (Era da
Melhoria), admite: "O relato oficial" de José Smith de sua primeira
visão e das visitas do anjo Moroni foi...publicado pela primeira visão em Times
and Seasons (Tempos e Estações) em 1842."[3] Isto, 22 anos depois do
que se supõe ter o evento acontecido. Mesmo assim a primeira visão é
vista como o fundamento da igreja mórmon que começou em 1830! O Livro
de Mórmon foi publicado em 1830 também. Por que José Smith não deu um
relato oficial da visão antes de 1842?
Por anos, os mórmons declararam enfaticamente:
"José Smith viveu pouco mais de 24 anos depois desta primeira visão.
Durante esse tempo ele contou somente uma hostória!"[4] Isto, é claro, não
é verdade. Jerald e Sandra Tanner, no seu panfleto, The First Vision
Examined (Exame da Primeira Visão), mostraram que existiam na igreja mórmon
duas versões, além da versão oficial de Smith, mas não foram publicadas até que
Paul Cheesmand, aluno da Universidade Brigham Young as expôs em 1965.
Outro relato da primeira visão veio à luz por
intermédio de James B. Allen, professor assistente de História na UBY, em 1966,
depois dos mórmons, por vários anos, negarem a existência de outras versões!
Estas versões contêm discrepâncias importantes da versão oficial. Para uma
explicação detalhada e erudita, veja o panfleto de Tanner, The First Vision
Examined.
Até Brigham Young, que teve 363 de seus sermões
registrados no Journal of Discourses (Diário de Discursos), como profeta
"inspirado" sucessor de José Smith, não menciona a Primeira Visão. O
bibliotecário mórmon Lauritz G. Petersen,numa carta datada de 31 de agosto de
1959, escreveu: "Tenho examinado o Journal of Discourses (Diário de
Discursos) que registra muitos do sermões de Brigham Young. Nada há ali por
Brigham Young sobre a primeira visão de José Smith."[5]
É bastante estranho que Oliver Cowdery, o
primeiro historiador mórmon (segundo Doctrines of Salvation (Doutrinas
da Salvação), volume 2, página 201), nem mesmo se refira à Primeira Visão.
Cowdery foi uma das três testemunhas principais de O Livro de Mórmon.
Earl E. Olsen, bibliotecário mórmon, da Igreja dos Santos dos Últimos Dias,
escreveu numa carta de 24 de março de 1958: "Nos registros que temos em
arquivo dos escritos de Oliver Cowdery e John Whitmer, tais como são, não
encontramos referência à Primeira Visão."[6]
Primeira Visão de 1823
Entretanto, foi descoberto que Oliver Cowdery,
auxiliado pelo próprio José Smith, publicou um relato da Primeira Visão no Messenger
and Advocate (Mensageiro e Advogado), em setembro de 1834, e em fevereiro
de 1835, diferindo em pontos importantes da "versão oficial"
publicada mais tarde, em 1842. Na verdade, os primeiros relatos da igreja
mórmon referentes à Primeira Visão de José Smith diziam que ele tinha 17 anos,
e não 14.
(Bons amigos mórmons, honestamente embasbacados
com as aparentes contradições e confusões que vamos apresentar, disseram-nos
que tínhamos confundido a Primeira Visão de José Smith com outra visão ou
visões que ele teve. Simpatizamos com a dor de coração que sentem pelo que os
seguintes fatos revelarão. Entretanto, lemos muitas das visões de José Smith e
estamos muito bem cônscios delas, como muitos outros estudiosos do mormonismo o
estão. O próprio José Smith e outras autoridades mórmons declararam claramente
que a visão que estamos discutindo foi a primeira. Devemos encarar a realidade,
com gentileza mas firmemente.)
Orville Spencer, preeminente mórmon do começo da
igreja, escreveu uma carta de Nauvoo, no estado de Illinois, em 1842, dizendo:
"José Smith, ao ter as primeiras manifestações dos grandes desígnios dos
céus, não estava longe da idade de dezessete anos." [7]
Ora isto está de acordo com o relato da idade de
Smith, 17 anos em 1823, ao serem dados os primeiros relatos da visão,
como prova o Messenger and Advocate, vol.1, páginas 78,79, referindo-se
a um reavivamento que diz ter sido realizado em Palmyra e nos seus arredores no
estado de Nova Iorque, mais ou menos na época da visão de José Smith. Enquanto
esta excitação continuava, ele continuava a clamar ao Senhor em secreto por uma
manifestação plena da aprovação divina e, para ele, a informação de grande
importância, se um Ser Supremo existia, que tivesse a certeza de ser aceito por
ele... Na noite do dia 21 de setembro de 1823, nosso irmão, antes de ir para o
quarto, tinha a mente completamente envolvida com o assunto que por tanto tempo
o havia agitado -- seu coração fazia oração fervorosa... enquanto continuava
orando por uma manifestação, de alguma maneira, de que seus pecados haviam sido
perdoados; esforçando-se para exercitar fé nas Escrituras, de repente uma luz
como a do dia, só que de uma aparência e brilho mais puros e gloriosos, invadiu
o quarto... e num momento um personagem apareceu perante ele... ouviu-o
declarar ser o mensageiro enviado por mandamento do Senhor, para entregar uma
mensagem especial e testemunhar-lhe que seus pecados estavam perdoados."[8]
Notem, por favor, que esta é uma fonte mórmon, e
um relato oficial mórmon admitindo que José Smith, aos 17 anos de idade em
1823, nem mesmo sabia se existiam ou não um Ser Supremo, embora mórmons
posteriores digam que ele teve uma visão do Pai e do Filho, em
1820, aos 14 anos de idade!
De fato, o líder e apóstolo mórmon David O. McKay
declarou que esta Primeira Visão, que José Smith declarava ter 14 anos, era o fundamento
da igreja mórmon! Por que, então José Smith nem mesmo sabia da existência de um
Ser Supremo, em 1823, aos 17 anos de idade?
Primeira Visão e Anjos
Além disso, no Deseret News (Notícias
Deseret), de 29 de maio de 1852, cita-se José Smith dizendo: "Recebi a
primeira visitação dos anjos quando tinha cerca de quatorze anos de
idade." Isto mostra outra discrepância de muitas fontes mórmons. Os
relatos mais antigos da visão dizem que um anjo apareceu a José Smith, não o
Pai e o Filho.
Afirmou o apóstolo Orson Pratt: "Logo um
indivíduo obscuro, um jovem, levantou-se, e no meio de toda a cristandade, proclamou
as novas espantosas de que Deus lhe havia enviado um anjo... isto
ocorreu antes de este jovem ter 15 anos de idade."[9] Isto obviamente se
refere à Primeira Visão de Smith.
John Taylor, o terceiro presidente da igreja
mórmon, afirmou: "Como é que se originou este estado de coisas
chamado mormonismo? Lemos que um anjo desceu do céu e revelou-se a José
Smith e manifestou-lhe, em visão, a verdadeira posição do mundo do ponto de
vista religioso."[10]
A despeito da evidência irrefutável dos próprios
apóstolos mórmons, a história da Primeira Visão cresceu e foi mudada até
chegar `a versão de hoje: que José Smith viu o pai e o Filho. Segundo a versão
atual, em 1820, quando tinha quatorze anos de idade, José Smith viu uma coluna
de luz. "Logo após esse aparecimento, senti-me livre do inimigo que havia
me sujeitado. Quando a luz repousou sobre mim, vi dois Personagens, cujo
resplendor e glória desafiam qualquer descrição, em pé, acima de mim, no ar. Um
Deles me falou, chamando-me pelo nome e disse, apontando para o outro : Este
é o meu Filho Amado. Ouve-O."[11]
Nem José Smith, nem os apóstolos inspirados dos
mórmons que o citaram estão de acordo com a história original acerca do ano,
da idade de José nem do conteúdo da visão.
A Primeira Visão e o Sacerdócio
O próprio José Smith deu prova positiva de que
ele não viu o Pai e o Filho em 1820. Em 1832 José Smith disse ter uma revelação
de Deus na qual afirmava que o homem não pode ver à Deus sem o
sacerdócio. Mas como o próprio José Smith admitiu, ele não era sacerdote em
1820, nem reivindicou para si mesmo esse ofício até os princípios de 1830![12]
A revelação de José Smith, de 1832, concernente
ao sacerdócio está registrada na seção 84 de Doutrinas e Convênios,
versículos 21,22: E sem as suas ordenanças, e a autoridade do sacerdócio, o
poder de divindade, não se manifesta aos homens na carne; Pois, sem isto nenhum
homem pode ver o rosto de Deus, o Pai, e viver."
O apóstolo mórmon Parley P. Pratt declarou:
"A verdade é esta: sem o sacerdócio de Melquisedeque, `homem algum pode
ver à Deus e viver!"[13] José Smith não era sacerdote em 1820. Se
sua revelação de que homem algum pode ver a Deus sem o sacerdócio fosse
verdadeira, então José Smith jamais havia visto à Deus e sua alegação em 1842
de que em 1820 fosse verdadeira, então sua revelação em 1832 que homem algum
poderia ver à Deus sem o sacerdócio era falsa. De qualquer forma isto mostraria
que José Smith não era o profeta de Deus que algumas pessoas pensavam que
fosse.
Moroni ou Nefi
Outro problema digno de menção relacionado com
isto é que o anjo que disse ter aparecido a José Smith é quase sempre chamado
de Moroni, tanto por José Smith como por outros escritores mórmons. Entretanto,
na primeira edição de 1851 de Pérola de Grande Valor, página 41, o nome
do anjo era Nefi e não Moroni. Mais provas acerca disto podem ser encontradas
em Times and Seasons (Tempos e Estações), volume 3, páginas 479 e 753, e
nos escritos da mãe de José, Lucy Mack Smith, em seus Esboços Biográficos (Biographical
Sketches) de 1853.
Em Resumo
Parece estar em ordem algumas observações acerca
de José Smith e da Primeira Visão. David O McKay, ex-presidente e inspirado
apóstolo mórmon, declarou ser a Primeira Visão o fundamento da igreja mórmon.
Sobre isto descansa finalmente toda a autoridade que os mórmons dizem ter.
Perguntamos: por que tantos líderes, apóstolos,
presidentes e escritores mórmons andam tão confusos acerca do que José Smith
viu ou não viu? Por que o próprio José Smith fez vários relatos totalmente
irreconciliáveis da Primeira Visão? Por que a versão de José Smith e a versão
oficial dos mórmons não saiu até 1842 se esta visão é tão importante para o
mormonismo? A igreja começou em 1830, e O Livro de Mórmon foi publicado
em 1830, mas a visão de 1820, sobre a qual a igreja foi fundada, não foi
dada oficialmente até 1842!
Por que temos "revelações"
contraditórias dadas por Deus ao seu apóstolo inspirado? Deus nunca se
contradiz. Quando qualquer palavra ou revelação é contraditória não pode ser de
Deus. José Smith realmente teve uma visão? Se assim foi, quando? Com que idade?
O que ele viu realmente? Foi um anjo bom ou um anjo mau, se teve uma visão? Foi
um espírito de Deus ou um dos espíritos de Satanás que lhe apareceu como um
anjo de luz? "E não é de admirar, porque o próprio Satanás se transforma
em anjo de luz. Não é muito, pois, que os seus próprios ministros se
transformem em ministros de justiça; e o fim deles será conforme as suas
obras" (2 Coríntios 11:14, 15).
Pense novamente nas contradições do tempo da
visão, da idade de José Smith, e do conteúdo da visão. Pense
acerca da revelação que José Smith teve em 1832 que só os que foram ordenados
ao sacerdócio poderiam ver a Deus e viver, mas dizia-se que ele havia visto `a
Deus em 1820, muitos anos antes de ter sido feito sacerdote por seu própio
testemunho. 1 Coríntios 14:33 diz: "Porque Deus não é de confusão; e, sim,
de paz. Como em todas as igrejas dos santos."
Não conforta nada saber que muitos cultos
começaram com uma visão--ou alegações de uma visão ou por não crerem na Palavra
de Deus, ou por não crerem que ela fosse suficiente. Deus, portanto,
enviou-lhes "a operação do erro" para que cressem na mentira (veja 2
Tessalonicenses 2:10-12).
Finalmente, os mórmons precisam examinar
seriamente Gálatas 1:8: "Mas, ainda que nós, ou mesmo um anjo vindo do céu
vos pregue evangelho que vá além do que vos temos pregado, seja anátema."
Se esta Primeira Visão for o fundamento, vejamos
o que José Smith sobre ele construiu.
____________
Notas
[1]
David O. McKay, Gospel Ideals (Ideais do evangelho) - (Salt Lake City:
The Church of Jesus Christ of Latter-Day Saints, 1953), página 85.
[2]
John A. Widtsoe, Joseph Smith - Seeker After Truth (Joseph Smith
- buscador da verdade) - (Salt Lake City: Deseret Book Co., 1951), página 19.
[3] Improvement Era (Era da Melhoria),
julho de 1961, página 490. (Periódico mensal publicado pela igreja de Jesus
Cristo dos Santos dos Últimos Dias.)
[4] Joseph Smith, The Prophet
(Joseph Smith, o profeta) - 1944, página 30. Citado por Jerald e Sandra Tanner
em The First Vision Examinded (Exame da primeira visão) - Salt Lake
City: Modern Microfilm Co., 1969 - página 2.
[5] Jerald Tanner, Mormonism: A Study of
Mormon History and Doctrine (Mormonismo: Estudo da história e doutrina
mórmons) - (Clearfield, Utah: Utah Evangel Press, 1962), página 79.
[6] Tanner, Mormonism, página 8.
[7] Millenial Star (Estrela Milenar), vol.
4, página 37.
[8] Messenger and Advocate (Mensageiro e
advogado), vol. 1, pp. 78,79. Citado
por Tanner em The First Vision Examined (Salt Lake City: Modern
Microfilm co., 1969), p. 15.
[9]
Journal of Discourses (Diário de discursos) - Liverpool, England : F.D.
e S. W. Richards, Pub., 1854. Edição reimpressa, Salt Lake City, 1966),
vol. 13, pp. 65,66. O Journal of Discourses é uma coleção de sermões por
Brigham young, Orson Pratt, Heber Kimball e outros de 1854 a 1886.
[10]
Journal of Discourses, vol. 10, p. 127.
[11] Joseph Smith, Pérola de Grande Valor
- (Salt Lake City: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 1958),
p. 48, #17. (Na edição brasileira, de 1967, p. 56, #17.)
[12]
Bruce R. McConkie, ed. Doctrines of Salvation (Doutrinas da salvação) -
(Salt Lake City: Bookcraft, Inc., 1954), vol. 1, p. 4.
[13]
Parley P. Pratt. Writings of Parley P. Pratt (Escritos de Parley P. Pratt) p.
306. Citado por Jerald e Sandra Tanner em Mormonism, Shadow or
Reality (Mormonismo - sombra ou realidade) - (Salt Lake City: Modern
Microfilm Co., 1972), p. 144.
A
Ilusão Mórmon — Parte 2 (Capítulos 3 e 4)
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