sábado, 31 de agosto de 2013

VÍDEOS REFORMADOS (playlist)

VÍDEOS REFORMADOS (playlist)

Casamento nos tempos bíblicos

O conhecimento das cerimônias relacionadas com os atos nupciais no Oriente é essencial para a compreensão de várias passagens da Escritura. Os esponsais realizam-se festivamente, com muita alegria, e então é permitido aos dois que conversem, tornando-se, assim, mais conhecidos um do outro. Mas, por espaço de alguns dias, antes do casamento, eles fecham-se nas suas respectivas casas, recebendo, então, o noivo e a noiva as visitas de amizade. Os companheiros do noivo acham-se expressamente mencionados na história de Sansão; também são indicadas as companheiras da noiva em Jz 14. 10 a 18 e Sl 45.9,14,15. As amigas e companheiras da noiva cantavam o Epitálamo, ou cântico nupcial, à porta da noiva, à tarde, antes do casamento. Os convidados das duas partes são chamados “filhos das bodas”, sendo isto um fato que lança muita luz sobre as palavras de Jesus Cristo: “Podem acaso estar tristes os convidados para o casamento, enquanto o noivo está com eles?” (Mt 9.15) O noivo parte de tarde a reclamar a sua noiva, a hora já avançada, acompanhado dum certo número de amigos; e todos em procissão levam tochas e lâmpadas, indo adiante, geralmente, uma banda musical. Nenhuma pessoa pode juntar-se ao cortejo, sem alguma espécie de luz. Estopa ou farrapos de linho são muito torcidos e metidos em certos vasos de metal, no topo dum varapau. Doutras vezes a lâmpada ou a tocha vai em uma das mãos, ao passo que a outra segura um vaso de azeite, havendo o cuidado, de quando em quando, de deitar azeite na candeia para conservar acesa em todo o trajeto (Mt 25.1-8). Depois da cerimônia e bênção do casamento, são conduzidos o noivo e a noiva com grande pompa à sua nova casa. A procissão assemelha-se, em todos os seus principais aspectos, à do noivo que vem buscar a sua noiva. O episódio da “veste nupcial” baseia-se no fato de que era costume aparecerem as pessoas nas festas do casamento com ricos vestidos. Havia um guarda-roupa, do qual, podia servir-se todo aquele que não estava devidamente provido de veste nupcial. Se o casamento era entre pessoas de alta estirpe, recebia cada convidado uma magnífica vestimenta. Estavam as vestes penduradas numa câmara por onde passavam os convidados, que se revestiam em honra do seu anfitrião antes de entrarem na sala do banquete. Ainda prevalece no Oriente este costume: quando um homem rico faz uma festa, ordena uma espécie de peliça, para vestir sobre a sua roupa.

A mulher na família, na igreja e na sociedade

Vivemos num mundo onde as mutações são constantes. Governos são derrubados num abrir e fechar de olhos, ideologias passam, valores caem em desuso. É neste contexto que podemos observar como o papel da mulher também tem sido alvo de mutações.
Efectivamente, no começo do século XX, a mulher era ainda considerada, muitas vezes, como intelectualmente inferior, como incapaz de assumir responsabilidades cívicas, devendo, por isso estar sujeita á tutela familiar do homem, fosse ele o pai, o marido ou o irmão. Era a esposa, a mãe, a fada do lar, mas não tinha poder de decisão sobre o património nem sobre a educação dos filhos. Era a inspiradora de poetas e artistas, todavia, raramente lhe permitiam desenvolver capacidades criadoras. Trabalhava, quando era necessário acorrer ao sustento da família, porém, apenas exercia tarefas e ofícios rotineiros, recebendo sempre salários mais baixos do que o homem.
Outrora apenas centrado no lar, na família, o papel da mulher é hoje bem diferente. Na verdade, no final do milénio, a influencia da mulher em todas as esferas da sociedade tem aumentado. Podemos constatar esse facto através da presença das mulheres em muitos lugares onde até há bem poucos anos era impensável. A magistratura, a diplomacia e as forças armadas estavam vedada ás mulheres. O ensino universitário era , maioritariamente frequentado pelos homens. Tudo isto mudou.
É nesta sociedade em mutação que encontramos a mulher cristã possuindo um espaço bem alargado no qual pode exercer a sua influencia. No entanto não podemos esquecer que, mais que nunca, a mulher cristã precisa de usar a "medida padrão" mais importante para a sua vida, e essa medida encontra-se na Palavra de Deus: "De coração te busquei, não me deixes fugir dos teus mandamentos. Guardo a tua palavra no meu coração, para não pecar contra ti. (Sl.119:10-11).
Neste ano 2000 somos desafiadas a pensar no nosso papel como mulheres cristãs na família, na Igreja e na sociedade.
1 - NA FAMILIA
Folheando a Biblia nela encontramos alguns exemplo. Escolhi Loide. Não é uma mulher muito conhecida, no entanto o seu exemplo é deveras importante pois foi uma mulher que transmitiu uma herança nobre ás gerações que lhe seguiram. "Instrui o menino no caminho em que deve andar e até quando envelhecer, não se desviará dele.Prov.22:6). Loide, a fiel cristã, transmitiu á sua filha Eunice, que por sua vez transmitiu a Timóteo a mais nobre herança de fé e de convicção. Longe vai o tempo em que uma criança chegava a casa e esperava sua mãe ou sua avó esperando por ela. Hoje as crianças tem como companhia a televisão e o computador. Mudanças típicas do tempo que vivemos. Mas é neste tempo que somos chamados a agir, a influenciar.
A família representa uma das áreas que mais precisa da nossa atenção. A presença de Cristo no lar, na vida dos membros da família, deve ser cultivada. É no seio da família que se encontram os homens e mulheres que Deus deseja usar para influenciar o nosso país. Mui grande é a nossa responsabilidade para com os nossos filhos e para com as gerações futuras. Loide não sabia que um dia Timóteo iria ser companheiro de Paulo no seu ministério.
A nossa oração deverá, ser todos os dias, no sentido de que sejam fieis, no preparo seguro e completo das vidas daqueles que, um dia, o Senhor colocou em nosso regaço, para que os propósitos de Deus sejam neles concretizados.

2 - NA IGREJA
Desde a sua génese, a igreja tem beneficiado do ministério feminino. Romanos 16, menciona pelo seu nome, sete mulheres cristãs, entre as quais Febe. Esta mulher havia ajudado e protegido crentes mais fracos, ensinando-os e provendo-lhes suas necessidades físicas. Também havia o cuidado dos enfermos e a ajuda ás mulheres crentes em seu trabalho na igreja. Apesar de não ocupar qualquer posição oficial na igreja cristã, servia ao Senhor Jesus Cristo, bem como aos seus discípulos, razão pela qual merecia a consideração e a atenção de todos os crentes. Febe utilizou os seus recursos mentais, materiais e espirituais afim de servir á Igreja Cristã.
A "Igreja" é um lugar de serviço e nela uma mulher cristã pode exercer um ministério de grande valor. Ministérios como da oração, evangelização, hospitalidade, beneficência, são aconselhamento, entre outras áreas. Não desperdicemos nossos dons e talentos, coloquemo-los ao serviço do Senhor.

3 - NA SOCIEDADE
Um determinado jornal apresentava um artigo denominado "O Tempo das mulheres" em que a certa altura dizia: É mãe solteira, não vai á igreja e no seu tempo de adolescente presidiu a uma associação de homossexuais. Targa Halonen é também a actual ministra finlandesa dos Negócios Estrangeiros e as sondagens indicam que será a nova presidente da Finlândia . Que atributos! Que qualidades! Será uma mulher assim que a sociedade de 2000 necessita?
Numa sociedade destituída de valores, atentemos para o exemplo de Dorcas. Há mãos que são fartas de amor. Eram assim as mãos de Dorcas. As viuvas de Jope traziam no corpo, túnicas e vestidos, feitos pelas mãos laboriosas desta criatura em Cristo. Quando ela morreu foram buscar Pedro para que ele a ressuscitasse. Uma pessoa com uma beleza moral de Dorcas, não podia morrer! Dorcas era uma mulher que servia sem alarde de presunção; "Era notável pelas obras e esmolas que fazia" Actos9:36. Que tem tecido nossas mãos em prol em prol do próximo e em prol da sociedade? Túnicas de discórdia? Vestes de calunia? Mantos de desassossego? Amassam elas o pão honesto que comemos ou aproveitam-se sem escrúpulos do pão que mãos diligentes prepararam? Cobriram elas pobres que bateram á nossa porta? Ou despiram membros humildes de famílias de trabalhadores, cujo salário reduzimos e cujo suor exploramos?

Como deve Ter ferido a retina dos olhos de Pedro o quadro que deparou. Viuvas em lágrimas mostravam ao velho pescador casacos e outras vestes, obras das mãos de Dorcas, Mãos agora macilentas e frias! Mas as mãos fortes e santas do apostolo deram cor e vida ás mãos caridosas daquela mulher. A narrativa bíblica encerra assim: "Isto se tornou conhecido por toda a Jope e muitos creram no Senhor." Dorcas foi um instrumento dessa benção. E nós mulheres cristãs temos deixado o "Suave cheiro de Cristo" por onde quer que passamos? Nem todas podemos ser Dorcas, mas todas podemos influenciar. A nossa sociedade precisa de nós.

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

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quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Iluminação O Espírito Santo dá Entendimento Espiritual

"O homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. "1 Coríntios 2.14
O conhecimento das coisas divinas, para o qual os cristãos são atraídos, é mais do que uma intimidade formal com as palavras bíblicas e as idéias cristãs. É uma conscientização da realidade e relevância das atividades do Deus triúno, as quais a Escritura testifica. Tal conscientização não é normal nas pessoas, por mais familiaridade que tenham com as idéias cristãs (como o homem sem o Espírito em 1 Co 2.14, que não aceita o que os cristãos lhe dizem, ou os cegos guias de cegos, de quem Jesus falou tão causticamente em Mt 15.14, ou Paulo antes do seu encontro com Jesus na estrada de Damasco). Somente o Espírito Santo, perscrutador das profundezas de Deus (1 Co 2.10), pode efetuar essa conscientização em nossas mentes e corações obscurecidos pelo pecado. É por isso qie é chamada “entendimento espiritual” (espiritual significa “dado pelo Espírito”, Cl 1.9; cf. Lc 24.25; 1 Jo 5.20) . Aqueles que, ao lado de uma sólida instrução verbal, possuem “unção que vem do Santo...(têm) conhecimento da verdade” 1Jo 2.20.
A obra do Espírito de conceder esse conhecimento é chamada “iluminação”. Não é uma nova revelação que esteja sendo dada, mas uma obra dentro de nós que nos capacita a compreender e amar a revelação que está ali diante de nós no texto bíblico ouvido ou lido., e explanado por professores e escritores. O pecado em nosso sistema mental e moral anuvia nossas mentes e vontades, de modo que não compreendemos a força da Escritura e resistimos a ela. Deus parece-nos remoto, ao extremo da irrealidade, e diante da sua verdade somos embotados a apáticos. O Espírito, contudo, abre e desanuvia nossas mentes, sintonizando nossos corações para que compreendamos (Ef 1.17,18; 3.18,19; 2 Co 3.14-16; 4.6). Como pela iluminação é, pois, a aplicação da verdade revelada de Deus aos nossos corações, a fim de que apreendamos como realidade para nós o que o texto sagrado anuncia.
A iluminação, que é um ministério permanente do Espírito Santo aos cristãos, inicia antes da conversão com uma crescente compreensão da verdade acerca de Jesus Cristo e uma crescente sensação de estar sendo avaliado e exposto por ela. Jesus disse que o Espírito “convenceria o mundo” do pecado de não crer nele, do fato de Ele estar à direita de Deus Pai (como seu bom acolhimento na volta ao céu o provou), e da realidade do julgamento tanto aqui como na vida futura (Jô 16.8-11). Este convencimento triplo é ainda o meio de Deus fazer que o pecado seja repulsivo e Cristo adorável aos olhos das pessoas que antes amavam o pecado e não tinham nenhum interesse pelo divino Salvador.
A forma de ser plenamente beneficiado pelo ministério da iluminação do Espírito é o estudo sério da Bíblia, a oração séria e a séria correspondência obediente a todas e quaisquer verdades que já tenham sido expostas. Isto corresponde à máxima de Lutero sobre as três coisas que fazem um teólogo: oratio (oração), meditatio (pensar na presença de Deus sobre o texto), e tentatio (provação, a luta pela fidelidade bíblica diante da pressão para desatender o que a Escritura diz).

O testemunho Interior do Espírito Santo Jo 15.13; At 5.32; At 15.28; Rm 8.16; Gl 5.16-18

E nós somos testemunhas destas coisas, e bem assim o Espírito Santo, que Deus deu àqueles que lhe obedecem." At 5.32
Em qualquer tribunal de júri que inclua testemunhas, o depoimento delas é crucial para o caso. O testemunho é importante porque destina-se a ajudar-nos a chegarmos à verdade sobre o caso. Em alguns julgamentos, o depoimento de algumas testemunhas é questionado em razão de o caráter delas ser suspeito.  O testemunho de um psicopata mentiroso tem pouquíssimo valor. Para que o testemunho tenha credibilidade, a testemunha precisa ser confiável.
Quando Deus testifica sobre a verdade de alguma coisa, seu testemunho é certo e totalmente inquestionável. O testemunho que tem Deus como autor não pode falhar. Ele é de fato um testemunho infalível. Procede do caráter mais elevado possível, da fonte mais profunda de conhecimento e da mais suprema autoridade. A confiabilidade do testemunho de Deus fez Lutero certa vez declarar: "O Espírito Santo não é cético." As verdades que p Espírito Santo revela são maus certas do que a própria vida.
João Calvino ensinava que apesar de as Escrituras  manifestarem sinais claros e inquestionáveis da sua autoridade divina e exibir evidências satisfatórias de sua origem divina, essas evidências não nos persuadem plenamente até que,  ou a menos que, sejam seladas em nosso coração por meio do testemunho interior do Espírito Santo. Calvino reconhecia a diferença entre prova e persuasão. Mesmo que sejamos capazes de oferecer provas objetivas e conclusivas sobre a verdade das Escrituras, isso não é garantia de que as pessoas irão crer nelas, aceitá-las ou abraçá-las. Para que sejamos persuadidos quanto à verdade das Escrituras, precisamos de ajuda do testemunho interior do Espírito. Ele nos leva a concordar com as evidências irrefutáveis da verdade da Bíblia ou aceitá-las.
E seu testemunho interior, o Espírito Santo não oferece nenhuma informação nova e secreta, nem nenhum argumento mais engenhosos ao qual não podemos ter acesso por outros meios. Pelo contrário, ele opera em nosso espírito para quebrar e vencer nossa resistência à verdade de Deus. Ele nos move a redermos-nos ao ensino claro da Palavra de Deus e a abraçá-la cheios de confiança.
O testemunho interior do Espírito não é uma figura para misticismo nem um escape para o subjetivismo, onde os sentimentos pessoais são elevados à condição de autoridade absoluta. Existe uma diferença crucial entre o testemunho do Espírito Santo ao nosso espírito e o testemunho humano do nosso próprio espírito. O testemunho do Espírito Santo é a Palavra de Deus. Chega a nós com a Palavra e através da Palavra. Não é um testemunho separado ou desprovido da Palavra.
Assim como o Espírito Santo testifica ao nosso espírito de que somos filhos de Deus, confirma sua Palavra a nós (Rm 8.16), assim ele também nos assegura intimamente que a Bíblia é a Palavra de Deus.  
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Sumário
1. O testemunho de Deus é totalmente confiável.
2. A Bíblia oferece evidências objetivas de que é a Palavra de Deus.
3. Não somos totalmente persuadidos quanto à verdade das Escrituras sem o testemunho do Espírito Santo.
4. O testemunho interior do Espírito não oferece argumento novo à mente, mas opera em nosso coração e em nosso espírito nos levando a aceitarmos as evidências que já estão lá.
5.  A doutrina do testemunho interno do Espírito Santo não é uma licença para acreditarmos que tudo o sentimos ser verdadeiro é de fato verdadeiro.

A Personalidade do Espírito Santo Jo 16.13; 2 Co 13.13; 1 Tm 4.1; Tg 4.5; 1 Jo 5.6

"Todavia digo-vos a verdade, que vos convém que eu vá; porque, se eu não for, o Consolador não virá a vós; mas, quando eu for, vo-lo enviarei. E, quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, e da justiça e do juízo ." (Jo 16.7,8)
Na noite em que minha esposa se converteu a Cristo, ela exclamou: "Agora eu  sei quem é o Espírito Santo". Antes daquele momento, ela pensava no Espírito como uma "coisa" e não como um ser pessoal.
Quando falamos da personalidade do Espírito Santo, queremos dizer que o Terceiro Membro da Trindade é uma pessoa e não  uma força. Isso é muito claro nas Escrituras, onde só pronomes pessoais são usados em referência ao Espírito. Em João 16.13, Jesus disse: "Mas, quando vier aquele Espírito de verdade, ele vos guiará em toda a verdade; porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos anunciará o que há de vir.".
Visto que o Espírito Santo é uma pessoal real e distinta, e não uma força impessoal, podemos experimentar uma relacionamento pessoal com ele. Paulo  abençoa a igreja de Corinto de uma maneira que enfatiza isso: "A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo sejam com todos vós." (2 Co 13.13 - ou em algumas versos 2 Co 13.14). Ter comunhão com alguém é entrar em  relação pessoal com ele. Além disso, somos intimados a não pecar contra, resistir ou entristecer o Espírito Santo. Forças impessoais não podem ser "entristecidas". Tristeza só pode ser experimentada por um ser pessoal.
O Espírito Santo é uma pessoa, e por isso é correto orar a ele. Seu papel na oração é nos assistir, para nos expressarmos adequadamente ao Pai. Assim como Jesus intercede por nós como Sumo Sacerdote, também o Espírito Santo intercede por nós em oração.
Finalmente, a Bíblia fala do Espírito Santo desempenhado tarefas que só pessoas podem desempenhar. O Espírito conforta, guia e ensina os eleitos (ver Jo 16). Essas atividades são feitas de uma maneira que envolve inteligência, vontade, sentimentos e poder. Ele sonda, escolhe, revela, conforta, convence e admoesta.Somente uma pessoa poderia fazer tais coisas. A resposta do cristão, portanto, não é mera afirmação de que tal ser existe, mas antes, obedecer, amar e adorar o Espírito Santo, a Terceira Pessoa da Trindade.

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

A Dinvidade do Espírito Santo Gn 1.12; At 5.3,4; Rm 8.9-17; 1 Co 6.19,20; Éf 2.19-22

Na liturgia da Igreja, freqüentemente ouvimos as palavras: "Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, amém". Esta expressão é uma fórmula trinitariana que atribui divindade a todas as três pessoas da Trindade.
Semelhante, cantamos: Glória seja dada ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. Como era no principio, é hoje e para todos sempre, eternamente. Amém, Amém.
Este cântico atribui glória eterna às três pessoas da Trindade. O Espírito Santo recebe glória junto com o Pai e o Filho.
Enquanto a divindade de Cristo foi debatida durante séculos e o debate continua ainda hoje, a divindade do Espírito Santo geralmente é aceita na Igreja. A razão pela qual a divindade do Espírito Santo nunca tenha sido alvo da controvérsia, talvez seja porque nunca assumiu a forma humana.
A Bíblia claramente representa o Espírito Santo como possuindo atributos divinos e exercendo autoridade divina. Desde o século IV, praticamente todos os que concordam que ele é uma pessoa também concordam que o Espírito é divino.
No Antigo Testamento, o que se diz de Deus  freqüentemente também se  diz do Espírito de Deus. As expressões " Deus disse " e o " Espírito disse " são repetidamente intercambiadas. Estes padrão continua no Novo Testamento; talvez em nenhum outro texto isso fique tão claro como em Atos 5.3,4, onde Pedro diz: " Ananias, por que encheu Satanás teu coração, para que mentisses ao  Espírito Santo, reservando parte do valor do campo?... Não mentiste aos  homens, mas a Deus ". Resumindo, mentir ao Espírito Santo é o mesmo que ao próprio Deus.
As Escrituras também se referem aos atributos divinos do Espírito Santo. Paulo escreve sobre a onisciência do Espírito em 1 Coríntios 2.10,11: " Mas Deus no-lo revelou pelo Espírito; porque o Espírito a todas as coisas perscruta, até mesmo as profundezas de Deus. Porque qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o seu próprio espírito, que nele está? Assim, também as coisas de Deus, ninguém as conhece, senão o Espírito de Deus ”. O salmista atesta sobre a onipresença do Espírito no Salmo 139.7,8: " Para onde me ausentarei do teu Espírito? Para onde fugirei da tua face? Se subo aos céus, lá estás; se faço a minha cama no mais profundo abismo, lá estás também ;" . O Espírito também operou na criação, movendo-se sobre a face das águas (Gn 1.1,2).
Como uma declaração conclusiva sobre a divindade do Espírito Santo, temos a bênção de Paulo no final da sua segunda carta aos Coríntios: " A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo sejam com todos vós ." (2 Co 13.13).

O Espírito Santo (Paráclito) O Espírito Santo Ministra aos crentes

"Mas, quando vier aquele Espírito de verdade, ele vos guiará em toda a verdade; porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos anunciará o que há de vir. Ele me glorificará, porque há de receber do que é meu, e vo-lo há de anunciar ." Jo 16.13,14
Antes da paixão de Jesus. Ele prometeu que o Pai e Ele enviariam a seus discípulos "outro Consolador" (Jo 14.16,26; 15.26; 16.7). O Consolador ou Paráclito (ou Paracleto, da palavra grega parakletos, que significa o que dá auxilio), é um ajudador, conselheiro. fortalecedor, estimulador, aliado e advogado. Outro única que Jesus foi o primeiro Paráclito e está prometendo um substituto, que, após sua partida, continuará o ensino e o testemunho que Ele havia iniciado (Jo 16.6,7).
O ministério do Paráclito, por sua própria natureza, é um ministério pessoal e relacional, implicando a plena pessoalidade de quem o consuma. Embora o Velho Testamento tenha dito muito acerca da atividade do Espírito na Criação (por exemplo, Gn 1.2; Sl 33.6), na revelação (p. ex., Is 61.1-6; Mq 3.8), na capacitação para o serviço (p. ex., Êx 31.2-6; Jz 6.34; 15.14,15; Is 11.2), e na renovação interior (p. ex., Sl 51.10-12; Ez 36.25-27), ele não torna claro que o Espírito é uma Pessoa divina distinta. No Novo Testamento, contudo, fica claro que o Espírito é verdadeiramente uma Pessoa distinta do Pai, assim como é o Filho. isto é evidente não somente pela promessa de "outro Consolador", mas também pelo fato de que o Espírito, entre outras coisas, fala (At 1.16; 8.29; 10.19; 11.12; 13.2; 28.25), ensina (Jo 14.26), testemunha (Jo 15.26), busca (1 Co 2.10,11), determina ( 1 Co 12.11), intercede (Rm 8.26,27), é alvo de mentira (At 5.3), e pode ser afligido (Ef 4.30). Somente de um ser pessoal podem ser ditas tais coisas.
A divindade do Espírito surge da declaração de que mentir ao Espírito é mentir a Deus (At 5.3,4), e da associação do Espírito com o Paia e o Filho nas bênçãos ( 2 Co 13.14; Ap 1.4-6) e  na fórmula do batismo (Mt 28.19). O Espírito é chamado "os sete espíritos" em Apocalipse 1.4; 3.1; 4.5; 5.6, em parte, parece, porque sete é um número que significa a perfeição divina e, em parte, porque o Espírito ministra em sua plenitude.
Portanto, o Espírito é "Ele", não "ele", e deve ser obedecido, amado e adorado, juntamente com o Pai e o Filho.
Testemunhar a Jesus Cristo, glorificá-lo, mostrando a seus discípulos quem e o que Ele é (Jo 16.7-15), e fazê-los cônscios do que são nele (Rm 8.15-17; Gl 4.6) é o ministério central do Paráclito. O Espírito nos ilumina (Ef 1.17,18), regenera (Jo 3.5-8), guia-nos à santidade (Rm 8.14; Gl 5.16-18), transforma-nos (2 Co 3.18; Gl 5.22,23), dá-nos certeza ( (Rm 8.16), e dons para ministério ( 1 Co 12.4-11). Todo trabalho de Deus em  nós, tocando nosso corações, nosso caráter e nossa conduta,  é feito pelo Espírito, embora aspectos desse trabalho sejam, às vezes, atribuídos ao Pai e ao Filho, de quem o espírito é executivo.
O pleno ministério do Espírito começa na manhã do Pentecostes, logo depois da ascensão de Jesus (At 2.1-40, João Batista predisse que Jesus batizaria com Espírito Santo ( Mc 1.8; Jo 1.33), de acordo com a promessa do Velho Testamento de um derramamento do Espírito de Deus nos últimos dias (Jl 2.28-32; cf. jr 31.31-34), e Jesus havia repetido a promessa (At  1.4,5). A significação da manhã do Pentecostes foi duplo: ela  marcou o início da era final da história do mundo antes do retorno de Cristo, e,
comparada com a era do Velho Testamento, marcou uma formidável intensificação do ministério do Espírito e da experiência de viver para Deus.
Os discípulos de Jesus foram evidentemente crentes nascidos  do Espírito antes do Pentecostes, de sorte que seu batismo no Espírito, que trouxe poder à sua vida e ministério (At 1.8),  não foi o começo de sua experiência espiritual. Para todos, porém, que chegaram à fé desde a manhã do Pentecostes, começando com os convertidos naquele evento, o recebimento do Espírito na plena bênção da nova aliança tem sido um aspecto de sua conversão  e novo nascimento (At 2.37; Rm 8.9. 1 Co 12.13). Todas as aptidões para o serviço que surgem subseqüentemente na vida de um cristão devem ser vistas como a seiva emanada desse batismo espiritual inicial, que une vitalmente o pecador ao Cristo ressurreto.

domingo, 25 de agosto de 2013

Deus Reina: A Soberania Divina

 “Mas ao fim daqueles dias, eu, Nabucodonosor, levantei os olhos ao céu, tornou-me a vir o entendimento, e eu bendisse o Altíssimo, e louvei, e glorifiquei ao que vive para sempre, cujo domínio é sempiterno, e cujo reino é de geração em geração. Todos os moradores da terra são por ele reputados em nada; e, segundo a sua vontade, ele opera com o exército do céu e os moradores da terra; não há quem lhe possa deter a mão, nem lhe dizer: Que fazes? ”. Daniel 4:34,35:
A afirmação de que Deus é absolutamente soberano na criação, na providência e na salvação é básica à crença bíblica e ao louvor bíblico. A visão de Deus reinando de seu trono é repetida muitas vezes (1Rs 22.19; Is 6.1; Ez 1.26; Dn 7.9; Ap 4.2; conforme Sl 11.4; 45.6; 47.8-9; Hb 12.2; Ap 3.21). Somos constantemente lembrados, em termos explícitos, que o SENHOR (Javé) reina como rei, exercendo o seu domínio sobre grandes e pequenos, igualmente (Ex 15.18; Sl 47; 93; 96.10; 97; 99.1-5; 146.10; Pv 16.33; 21.1; Is 23.23; 52.7; dn 4.34-35; 5.21-28; 6.26; Mt 10.29-31). O domínio de Deus é total: ele determina como ele mesmo escolhe e realiza tudo o que determina, e nada pode deter seu propósito ou frustrar os seus planos. Ele exerce o seu governo no curso normal da vida, bem como nas mais extraordinárias intervenções ou milagres.
As criaturas racionais de Deus, angélicas ou humanas, gozam de livre ação, isto é, têm o poder de tomar decisões pessoais quanto àquilo que desejam fazer. Não seríamos seres morais, responsáveis perante Deus, o Juiz, se não fosse assim. Nem seria possível distinguir – como as Escrituras fazem – entre os maus propósitos dos agentes humanos e os bons propósitos de Deus, que soberanamente, governa a ação humana como meio planejado para seus próprios fins (Gn 50.20; At 2.23; 13.26-39). Contudo, o fato da livre ação nos confronta com um mistério. O controle de De3us sobre os nossos atos livres – atos que praticamos por nossa própria escolha – é tão completo como o é sobre qualquer outra coisa. Mas não sabemos como isso pode ser feito. Apesar desse controle, Deus não é e não pode ser autor do pecado. Deus conferiu responsabilidade aos agentes morais, no que concerne aos seus pensamentos, palavras e obras, segundo a sua justiça. O Sl 93 ensina que o governo soberano de Deus (a) garante a estabilidade do mundo contra todas as forças do caos (vs. 1-4); (b) confirma a fidedignidade de todas as declarações e ensinos de Deus (v. 5) e (c) exige a adoração do seu povo (v. 5). O salmo inteiro expressa alegria, esperança e confiança no Todo-Poderoso.

A Soberania de Deus: Liberdade e Aspectos do Soberano Poder de Deus

O HOMEM TENDE A NUTRIR posições diferentes sobre o mesmo assunto, dependendo das circunstâncias. Pode, por exemplo, defender a supremacia da lei, até que a tenha quebrado, ou pode sustentar determinados princípios liberais ou conservadores, desde que a família não esteja em jogo etc. À tendência à subjetividade é maior  que se  imagina  ou  se estaria dispostos  a  admitir.
A doutrina da soberania de Deus é facilmente objeto de posicionamentos contraditórios.1 Abordar essa questão parece diminuir nossa autoconfiança e suposta autonomia. Gostamos de alardear nossa liberdade e capacidade de escolha e persuasão, crendo ser melhor deixar esse assunto engavetado. No entanto, quando nos vemos sem recursos e perspectivas favoráveis , sem saber o que fazer, podemos, sem talvez nos dar conta, contentar-nos com uma fé singela no cuidado de Deus, podendo então dizer: “Deus é soberano, ele sabe o que faz,” “Nada acontece por acaso .....” . Calvino captou bem isso: ”Mesmo os santos precisam sentir-se ameaçados por um total colapso das forças humanas, a fim de aprenderem, de suas próprias fraquezas, a depender inteira e unicamente de Deus”.2
Afinal, Deus é ou não soberano? Essa doutrina parece ser uma das mais repudiadas pelo homem natural, e, ao mesmo tempo, é a mais consoladora para os que crêem em Jesus.
Uma das grandes dificuldades dos homens em todos os tempos é deixar Deus ser Deus. Estamos dispostos a fabricar deuses para que possam cobrir as brechas de nossa compreensão, mas quando não, Deus é invocado para justificar crenças, expectativas e, ao mesmo tempo, a falta de fé.
No Antigo Testamento, os judeus insensíveis aos próprios pecados tomaram o aparente silêncio de Deus como aprovação tácita de seus erros; pensavam que o Senhor fosse igual a eles. No entanto, o todo poderoso exporia diante deles seus delitos: “Tens feito estas coisas, e eu me calei; pensavas que eu era teu igual; mas eu te argüirei e porei tudo à vista” (SI 50:20). Aliás, os homens estão dispostos a reconhecer espontaneamente diversas virtudes em Deus, como o amor, graça, perdão, provisão etc. Soberania, jamais.3
A. W. Pink (1886-1952) entende que “negar a soberania de Deus é entrar em um caminho que, seguindo até a sua conclusão lógica, leva a manifesto de ateísmo”.4 A  dificuldade está em reconhecer a Deus como o Senhor que reina. A Bíblia, por sua vez, desafia-nos a aprender com ela a respeito de Deus. O nosso Deus, entre tantas perfeições, é soberano. Sem esse atributo, ele não seria Deus.5 No entanto, Jó demonstra a dificuldade dessa compreensão ao indagar: “Eis que isto são apenas as orlas dos seus caminhos! Que leve sussurro temos ouvido dele! Mas o trovão do seu poder, quem o entenderá? “ (Jó 26:14).
A Liberdade de Deus e do Seu Poder
Um dos aspectos fundamentais da soberania é a independência.
Quando nossa independência depende de algo alheio ao nosso controle, nossa suposta capacidade de decidir livremente está ameaçada ou sofre de limitações que podem ser bastante comprometedoras.
Na realidade, somente em Deus há a autonomia total e absoluta.
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Spurgeon (1834-1892) enfatiza corretamente: “Deus é independente de tudo e de todos. Ele age de acordo com Sua própria vontade. Quando Ele diz: ‘eu farei’, o que quer que diga será feito. Deus é soberano, e Sua vontade, não a vontade do homem, será feita”.6      Deus se apresenta nas escrituras como todo-poderoso (onipotente), com capacidade para fazer todas as coisas conforme sua vontade (SI 115:3; 135:6; Is 46:10; Dn 4:35; Ef 1:11).Entretanto, ele também se mostra coerente com as demais de suas perfeições, ou seja, exercita eu poder em harmonia com todas as perfeições de sua natureza (2Tm 2:13); sua vontade é eticamente determinada . A soberania de Deus se manifesta no fato de ele poder fazer tudo o que faz (poder absoluto). O poder absoluto de Deus envolve o poder ordenado. Ele exerce o poder no cumprimento do que decretou e nas obras da providência. Aliás, essas obras consistem a execução temporal dos decretos eternos de Deus. Contudo, o que ele realiza não serve de limites para seu poder. “Destas pedras Deus pode suscitar filhos a Abraão”, adverte João Batista aos arrogantes descendentes da carne, mas não da fé de Abraão (Mt 3:9). Contudo, Deus não fez isso.  Por quê? Simples: porque não determinou.
Ele tem total domínio sobre seu poder, estando este sob seu controle; caso contrário, Deus deixaria de ser livre. “Ele tem poder sobre seu poder”.7  Assim, o poder de Deus é essencialmente harmônico e compatível  com todo seu ser. Por isso, a Bíblia declara que Deus não pode mentir (Nm 23:19;  1Sm 15:29;  Tt 1:2; Hb 6:18); negar-se  (2Tm 2:13);  mudar  (Tg 1:17); pecar (Tg 1:13).
Aspectos do Soberano Poder de Deus
O poder de Deus é soberanamente livre. Deus não tem compromisso com terceiros. A onipotência faz parte da sua essência; por isso, para ele, não há impossíveis; apesar de qualquer oposição ele executa seu plano; tudo o que deseja, pode realizar (Mt 19:26; Jó 23:13). No entanto, Deus não precisa exercitar seu poder para ser o que é.8
Liberdade de existência: poder de existência
Quando a Bíblia menciona o poder soberano de Deus, refere-se à sua própria natureza, e não a um estado determinado por fatores externos, tais como dinheiro, fama, prestígio etc. Ele é o próprio Poder. Por isso, manifesta-se poderosamente (SI 62:11). Ele é tão eterno quanto seu poder e sempre foi e sempre será o que é existindo eternamente por si próprio. A Bíblia não tenta explicar a existência de Deus; ela parte do fato consumado de que Deus existe, manifestando seu poder em atos criativos (Gn 1:1).
Liberdade de decisão: poder  de  determinação
Pelo fato de Deus ser todo poderoso, pode determinar livremente suas ações, o que de fato faz, manifestando tal poder nos seus decretos.9
Deus tem eternamente diante de si uma infinidade de possibilidades de “decisões” sobre todas as coisas; entretanto, ele “decidiu”10 fazer do modo como fez sem influencia de ninguém, porque não necessita de conselhos (Is 40:13-14; Rm 11:33-36). O plano de Deus é sempre o melhor, porque ele sabia e livremente o escolheu!
Liberdade de execução: poder executivo
Deus executa se plano através do seu poder, conforme sua vontade(Mt 8:2; Jr 32:17). Não podemos marcar hora e lugar para ele agir. Deus opera como e quando quer, dentro
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de suas deliberações. Ele age sempre conforme seu decreto, não dependendo de nenhum meio externo para realizá-lo, a menos que ele assim o determine. Ontologicamente Deus não precisa de nada fora de si mesmo. Ele se basta a si. O Senhor não precisa de meios para executar o que quer.
Contudo, por sua graça, Deus se agencia também através das causas externas para concretizar seu propósito. Por exemplo: ele poderia se quisesse salvar a todos os homens independentemente da Bíblia e da fé em Cristo; essa não é a sua forma ordinária de agir, porque sábia e livremente estabeleceu o critério de salvação, que é sempre pela graça, que opera mediante a fé através da palavra (Rm 10:17; Ef 2:8).
Deus sempre age de forma compatível com sua perfeita justiça. Jesus Cristo se encarnou a fim de que Deus pudesse ser justo e ao mesmo tempo o justificador dos que confiam nele para salvação (Rm 3:26). Ele se tornou justiça, santificação e redenção para os crentes (1Co 1:30). Sem a graça de Deus, amparada no sacrifício de Cristo, ninguém será salvo!
Deus tem poder para executar toda sua deliberação. Ele é o Todo poderoso (Gn 17:1), e nenhum dos seus planos podem ser frustrados (Jó 42:2). Ele determinando, quem o impedirá? A Bíblia é poderosa no cumprimento do que Deus se propôs, por que provém do onipotente (leia Is 14:24-27).
Liberdade de limitação: poder autolimitante
Algumas pessoas raciocinam erroneamente: “Se Deus é Soberano, livre e todo-poderoso, pode, conforme sua vontade, mudar ‘as regras do jogo’, modificando as leis, seus princípios de ação, seus critérios; enfim, alterar o que ele mesmo revelou e fez registrar na sua palavra”. É assim que age o “Soberano” de Thomas Hobbes (1588-1679): “... o soberano de uma república, seja ele uma assembléia ou um homem, não está absolutamente sujeito às leis civis. Pois tendo o poder de fazer ou desfazer as leis, pode, quando lhe apraz, livrar-se desta sujeição revogando as leis que o incomodam e fazendo novas”11 Apesar de não ser apreciável, esse raciocínio é freqüente.
Quem pensa dessa forma, em geral, tem em mente a ação do homem como modelo, tomando-o como parâmetro para uma comparação, como se o “homem fosse à medida de todas as coisas” (esse foi o mesmo equívoco de muitos gregos na antiguidade). A história tem demonstrado que o poder tende a corromper.
Diante disso, surgem algumas questões: Afinal, Deus poderia fazer tudo isso ou não? Ele estaria sujeito a corrupção resultante do mau uso do seu poder? Se esse poder pertencesse a um homem, deveríamos temer. Entretanto, com Deus é diferente. Os homens são tão fracos em sua condição de poderosos que não conseguem controlar seus ímpetos; por isso, agem por paixões as mais variadas, tais como: preconceito, vaidade, ódio, interesse etc. Deus, no entanto, é tão poderoso que estabelece limites para si mesmo! Por isso, quando afirmamos que Deus não mente, não se contradiz, não muda, não peca e não pode salvar fora de Jesus Cristo, não pretendemos estabelecer limites para Deus, mas reconhecer os próprios limites ou critérios que ele declarou a respeito de si em sua relação consigo e com o universo. Esses critérios são decorrentes das suas perfeições, pois se Deus é perfeitamente verdadeiro, justo, fiel, sábio, amoroso, bondoso e santo.
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Deus é tão poderoso que trata conosco conforme as perfeições a fim de que pudéssemos confiar nele e proclamar suas virtudes (Mt 3:6; 1Pe 2:9-10). O poder de Deus está sob o controle de sua sábia e santa vontade: “Deus pode fazer tudo o que ele deseja, porém ele não deseja fazer tudo o que pode”12 (Ex 3:14; Nm 23:19; 1Sm 15:29; At 4:12; 2Tm 2:13; Hb 6:18; Tg 1:13,17). A. W. Pink declarou: “Deus é lei para si próprio, de modo que tudo quanto ele faz é justo.” 13
O poder absoluto de Deus não é incoerente com sua essência. A vontade de Deus é santa. Não há propósitos e atitudes contraditórios no Senhor. O soberano poder de Deus somente é limitado pelo absurdo ou pelo autocontraditório e por ações imorais. John M. Frame afirmou: “Deus é padrão para a moralidade humana, assim ele não pode ser menos que perfeito em sua santidade, bondade e retidão.” 14 Ele não pode realizar coisas auto-excludentes, como deixar de ser Deus ou ser diferente de si mesmo. Seu poder é executado em completa harmonia com sua perfeita dignidade; enfim. Com seu caráter sábio e santo. A perfeição da natureza de Deus permeia suas obras. Deste modo, suas promessas sempre serão cumpridas.15 Bavink resumiu bem esse ponto:
A vontade de Deus é idêntica à sua existência, sua sabedoria, sua bondade e a todos seus atributos. [...] Sua soberania é uma soberania de ilimitado poder, porém é também uma soberania de sabedoria e graça. Ele é Rei e Pai ao mesmo tempo.      
Nota:  [1] A. W. Pink lamenta: “Hoje, porém, mencionar a soberania de Deus em muitos ambientes é falar uma língua desconhecida” (Deus é soberano, p. 19). [2] Exposição de 2 Coríntios, p. 22. [3] James Kennedy afirma: “O motivo por que tantas pessoas se opõem a essa doutrina (presdetinação) é que elas querem um Deus que seja menos Deus. Talvez lhe permitam ser algum psiquiatra cósmico, um pastor prestativo, um líder, um mestre, qualquer coisa, talvez... contanto que Ele não seja Deus. É isso por uma razão muito simples [...] elas mesmas querem ser Deus. Essa sempre foi a essência do pecado – o fato que o homem pretende ser Deus” (Verdades que transformam, p. 31). [4] Deus é soberano, p.21. [5] Idem, p. 138. [6] Sermões sobre salvação, p. 42-43. [7] Augustus H. STRONG, Teologia sistemática, vol. 1, p. 428. [8] C.H. SPURGEON, Sermões sobre a salvação, p. 42-43. [9] Veja a Confição de Westminster (1647), cap III. [10] Reconheço que a palavra “decisão não é a melhor. Pois pressupõe a idéia de algo anterior a decisão, mas não disponho de outra melhor. A idéia é que eternamente Deus sempre teve diante de si as escolhas e eternamente as fez livre e soberanamente. [11] Citado por G. LEBRUN, O que é poder? , p.28. [12] A. H. STRONG, Systematic theology, 1993, p. 287. [13] Os atributos de Deus, p. 34. [14] The Doctrine of God, p. 519. [15]João CALVINO, Éfesios, p. 106.

A Ira de Deus

A palavra ira significa "um intenso sentimento de ódio ou rancor". Ódio é definido como "aversão intensa"; rancor é "mágoa guardada por uma ofensa ou um mal recebido". Assim é a ira. E a Bíblia nos diz que a ira é um dos atributos divinos.
O hábito moderno na maioria das igrejas é falar pouco sobre esse assunto. Quem ainda crê na ira de Deus (nem todos o fazem) fala pouco sobre ela, e talvez pense pouco também sobre isso. Em uma época que se tem vendido vergonhosamente aos deuses da ganância, orgulho, sexo e egoísmo, a Igreja apenas emite murmúrios sobre a bondade de Deus, e quase nada enuncia sobre seu julgamento. Quantas vezes você ouviu falar a respeito disso no último ano. Ou, se você é ministro, pregou algum sermão sobre a ira de Deus? Quanto tempo faz que um cristão mencionou diretamente esse assunto no rádio ou na televisão, ou em pequenos sermões de meia coluna que aparecem em alguns jornais e revistas? (E se alguém o fizesse, quanto tempo passaria até que alguém lhe pedisse que escrevesse novamente sobre o assunto?).
O fato é que o assunto da ira divina tornou-se praticamente um tabu na sociedade moderna, e os cristãos em geral aceitaram essa definição e se condicionaram a nunca levantar o assunto.
Poderíamos perfeitamente perguntar se essa atitude está correta, já que a Bíblia se comporta de modo bem diferente. Não é possível imaginar que o julgamento divino fosse um assunto muito popular; entretanto, os escritores bíblicos se referem a ele constantemente. Uma das coisas mais impressionantes sobre a Bíblia é o vigor com que os dois Testamentos destacam a realidade e o terror da ira de Deus: "Um estudo da concordância mostrará que nas Escrituras há mais referências à cólera, fúria e ira de Deus do que ao seu amor e bondade". 1
A Bíblia afirma que Deus é tão bom para aqueles que confiam nele, como é terrível para os que não confiam:
O SENHOR é Deus zeloso e vingador! O SENHOR é vingador! Seu furor é terrível! O SENHOR executa vingança contra os seus adversários, e manifesta indignação contra os seus inimigos. O SENHOR é muito paciente, mas o seu poder é imenso, o SENHOR não deixará impune o culpado. [...] Quem pode resistir à sua indignação? Quem pode suportar o despertar de sua ira? O seu furor se derrama como fogo, e as rochas se despedaçam diante dele. O SENHOR é bom, um refúgio em tempos de angústia. Ele protege os que nele confiam [...] expulsará os seus inimigos para a escuridão. Naum 1:2-8
A expectativa de Paulo era de que o Senhor Jesus um dia aparecerá "em meio a chamas flamejantes. Ele punirá os que não conhecem a Deus e os que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus. Eles sofrerão a pena de destruição eterna, a separação da presença do Senhor e da majestade do seu poder. Isso acontecerá no dia em que ele vier para ser glorificado em seus santos" (2Ts 1:7-10).
Essa passagem é suficiente para lembrar que a ênfase de Naum não é peculiar ao Antigo Testamento. Na realidade, ao longo de todo o Novo Testamento "a ira de Deus", "a ira", ou simplesmente "ira" são termos quase técnicos para a ação divina retributiva, qualquer que seja o meio empregado, contra quem o desafiou (v. Rm 1:18; 2:5; 5:9; 12:19; 13:4,5; lTs 1:10; 2:16; 5:9; Ap 6:16,17; 16:19; Lc 21:22-24 etc).
A Bíblia também não nos apresenta a ira de Deus apenas por meio de declarações gerais como as citadas. A história bíblica , como vimos no último capítulo, proclama em alta voz tanto a severidade como a bondade de Deus. Assim como o O
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peregrino 2 pode ser tido como um livro a respeito dos caminhos que levam ao inferno, a Bíblia poderia ser chamada "o livro da ira de Deus", pois está repleta de narrativas da retribuição divina, desde a maldição e expulsão de Adão e Eva em Gênesis 3 até a derrota da Babilônia e o grande tribunal de Apocalipse 17,18 e 20.
O tema da ira de Deus é claramente usado sem nenhuma inibição pelos escritores bíblicos. Por que deveríamos senti-la então? Por que nos sentiríamos obrigados a silenciar sobre o assunto quando a Bíblia trata dele? O que nos deixa atrapalhados e constrangidos quando surge o assunto, fazendo-nos correr para abafá-lo, evitando discuti-lo quando nos perguntam sobre ele? O que está por trás de nossa hesitação e dificuldade?
Não estamos pensando agora em quem recusa a idéia da ira divina por não estar preparado para levar a sério qualquer parcela da fé bíblica. Ao contrário, pensamos nos muitos que se consideram "de dentro", crendo firmemente no amor e na piedade de Deus, na obra redentora do Senhor Jesus Cristo, seguidores resolutos das Escrituras nos demais assuntos e, no entanto, vacilam quando esta questão é levantada. Qual o verdadeiro problema neste ponto?
COM O QUE SE PARECE A IRA DE DEUS
A raiz de nossa infelicidade parece ser a inquietante suspeita de que idéias sobre a ira sejam de alguma forma indignas de Deus. Para alguns, por exemplo, "ira" sugere perda do autocontrole, o ato de "ver tudo vermelho", o que, em parte, se não no todo, é puramente irracional. Para outros, sugere o furor da impotência consciênte, o orgulho ferido, ou simplesmente mau gênio. Certamente, dizem, seria errado atribuir a Deus atitudes como essas.
A resposta é: de fato seria, mas a Bíblia não nos pede que façamos isso. Parece haver aqui um mal-entendido quanto à linguagem antro-pomórfica das Escrituras, isto é, a descrição das atitudes e emoções de Deus em termos comumente usados para se referir aos seres humanos. A base dessa prática é o fato de que Deus fez o ser humano a sua imagem, assim nossa personalidade e nosso caráter são mais semelhantes à natureza de Deus que qualquer outra coisa conhecida. Entretanto, quando as Escrituras falam de Deus antropomorficamente, não implica que as limitações e imperfeições características das pessoas, criaturas pecadoras, pertençam também às qualidades correspondentes de nosso santo Criador; ao contrário, tem-se por certo que isso não acontece.
Assim, o amor divino, como a Bíblia o vê, nunca leva Deus a agir insensata, impulsiva e imoralmente, como seu correlato humano muito freqüentemente nos leva. Do mesmo modo, a ira de Deus na Bíblia jamais é caprichosa, auto-indulgente, irritável e moralmente ignóbil, como em geral é a ira humana. Ao contrário, a ira de Deus é a reação justa e necessária à perversidade moral. Deus só se ira quando a situação o exige.
Mesmo entre os seres humanos, há o que chamamos indignação justa, embora talvez seja raramente encontrada. Entretanto toda indignação de Deus é justa. Um Deus que tivesse tanto prazer no mal quanto no bem seria um Deus bom? Um Deus que não reagisse contra o mal em seu mundo seria moralmente perfeito? É claro que não. Pois é exatamente esta reação contra o mal, parte necessária da perfeição moral, que a Bíblia tem em vista quando fala da ira de Deus.
Para outros então, imaginar sobre a ira de Deus sugere crueldade. Pensam, talvez, no que se conta sobre o famoso sermão de Jonathan Edwards, Pecadores nas mãos de um Deus irado, usado para levar ao despertamento a cidade de Enfield, na Nova Inglaterra, em 1741. Nesse sermão, Edwards, ao desenvolver o tema de que "os
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homens impenitentes estão detidos nas mãos de Deus por cima do abismo do inferno", 3 usou da mais vivida imagem da fornalha ardente para levar sua congregação a sentir o horror de sua situação e reforçar assim sua conclusão: "Portanto, todo aquele que está fora de Cristo desperte agora e fuja da ira vindoura". 4
Qualquer pessoa que leu esse sermão saberá que Augustus H. Strong, o grande teólogo batista, estava certo quando salientou que as imagens apresentadas por Edwards, embora claramente focalizadas, não passavam de imagens. Ou seja, que Edwards "não considera o inferno um lugar composto de fogo e enxofre, mas uma consciência culpada e acusada de falta de santidade e separação de Deus, as quais são simbolizadas pelo fogo e pelo enxofre". 5 Mas isto não satisfaz inteiramente as críticas feitas a Edwards de que o Deus capaz de infligir uma punição que requer tal linguagem descritiva deve ser um monstro terrível e cruel.
Isto tem fundamento? Duas considerações bíblicas mostram que não.
Em primeiro lugar, a ira de Deus na Bíblia é sempre judicial, isto é, a ira do juiz aplicando a justiça. A crueldade é sempre imoral , mas a pressuposição explícita de tudo o que vemos na Bíblia — e no sermão de Edwards com respeito ao assunto — sobre os tormentos de quem experimentará a plenitude da ira de Deus é que cada um recebe exatamente o que merece. O "dia da ira", diz Paulo, é também o dia "quando se revelará o seu justo julgamento. Deus 'retribuirá a cada um conforme o seu procedimento'" (Rm 2:5,6). O próprio Jesus, que na realidade tinha mais para dizer sobre este assunto do que qualquer outra figura do Novo Testamento, salientou que a recompensa seria proporcional ao merecimento individual.
Aquele servo que conhece a vontade de seu senhor e não prepara o que ele deseja, nem o realiza, receberá muitos açoites. Mas aquele que não a conhece e pratica coisas merecedoras de castigo receberá poucos açoites. A quem muito foi dado, muito será exigido; e a quem muito foi confiado muito mais será pedido. Lucas 12:47,48
Diz Edwards no sermão já citado: Deus "fará que sofram na medida exata que sua rigorosa justiça vier a requerer"; 6 mas é exatamente esse "estritamente exigido pela justiça", ele insiste, que será tão doloroso para os que morrem na descrença. Se se perguntar: pode a desobediência ao Criador realmente merecer um castigo tão grande e doloroso? Qualquer pessoa que já esteja convicta de seu pecado sabe sem sombra de dúvida que a resposta é afirmativa, e sabe também que aqueles cuja consciência não foi ainda despertada para considerar, como disse Anselmo, 7 "como o pecado é pesado" não estão qualificados para opinar.
Em segundo lugar, a ira de Deus na Bíblia é algo que as pessoas escolhem por si mesmas. Antes de o inferno ser uma experiência imposta por Deus, é a condição pelo qual a pessoa optou, afastando-se da luz que Deus faz brilhar em seu coração para dirigi-lo por si. João escreveu: "quem não crê [em Jesus] já está condenado, por não crer no nome do Filho Unigênito de Deus". E continuou explicando: "Este é o julgamento: a luz veio ao mundo, mas os homens amaram as trevas, e não a luz, porque as suas obras eram más" (Jo 3:18,19). É exatamente isso o que João quer dizer: o ato decisivo da condenação sobre os perdidos reside no juízo auto-imposto pela rejeição da luz que os alcança em Jesus Cristo e por meio dele. Em última análise, tudo o que Deus faz subseqüentemente, aplicando a ação judicial ao descrente, é com a finalidade de mostrar-lhe a conseqüência total da escolha que fez e levá-lo a senti-la.
A escolha básica sempre foi e continua sendo simples: responder à intimação "Venham a mim [...] Tomem sobre vocês o meu jugo e aprendam de mim" (Mt
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11:28,29), ou não atendê-la; "salvar" sua vida evitando a censura de Jesus e resistindo a sua ordem para assumir o controle da mesma ou "perdê-la" negando a si mesmo, carregando sua cruz, tornando-se discípulo, deixando que Jesus atue em sua vida como lhe aprouver. No primeiro caso, Jesus nos diz, podemos ganhar o mundo, mas não tiraremos nenhum proveito disso, pois perderemos a alma, enquanto, no segundo caso, perdendo a vida por amor a ele, a encontraremos (Mt 16:24-26).
O que significa, então, perder a alma? Para responder a essa pergunta Jesus usa suas figuras solenes: Geena ("inferno", em Mc 9:47 e em outros dez textos do Evangelho), o vale fora de Jerusalém onde o lixo era queimado; o verme que não morre, imagem, ao que nos parece, da dissolução contínua da personalidade mediante a consciência acusadora; fogo, pela agonizante consciência do desprazer de Deus; trevas exteriores, pelo conhecimento da perda, não apenas de Deus, mas de tudo o que é bom e tudo o que torna a vida digna de ser vivida; ranger de dentes pela autocondenação e repulsa íntima.
Estas coisas são, sem dúvida, terrivelmente sombrias, embora os que estão convencidos do pecado conheçam um pouco de sua natureza. Tais punições, contudo, não são arbitrárias, ao contrário, representam o desenvolvimento consciente rumo à situação que a pessoa escolheu para si. O descrente preferiu ser independente, sem Deus, desafiando-o, tendo-o contra si, e terá, então, o que prefere. Ninguém permanecerá sob a ira de Deus a menos que o queira. A essência da ação divina na ira é dar às pessoas o que escolheram, com todas suas implicações; nada mais e nada menos. A presteza de Deus em respeitar a escolha humana em toda a extensão pode parecer desconcertante e mesmo aterradora, mas é claro que sua atitude aqui é essencialmente justa, e muito diferente do sofrimento infligido arbitrária e irresponsavelmente — o que consideramos crueldade.
Precisamos, portanto, lembrar que a chave da interpretação para muitas passagens bíblicas, no geral majoritariamente figuradas, que mostram o Rei e Juiz divino agindo contra o ser humano com ira e vingança, está em compreender que o que Deus faz nada mais é que confirmar o veredicto já proclamado sobre si mesmos por aqueles aos quais "visitou", tendo em vista o caminho que resolveram seguir. Isto aparece na narrativa do primeiro ato da ira de Deus para com ser humano, em Gênesis 3, onde vemos que Adão resolveu por si mesmo se esconder de Deus e sair de sua presença antes mesmo que Deus o expulsasse do jardim; e esse mesmo princípio é usado em toda a Bíblia.
A IRA EM ROMANOS
O tratamento clássico dado no Novo Testamento à ira divina é encontrado na carta aos romanos, que Lutero e Calvino consideravam a porta de entrada da Bíblia e que na verdade contém referências mais explícitas sobre a ira de Deus que as encontradas nas demais cartas de Paulo. Terminaremos este capítulo analisando o que esta carta nos diz sobre isso: um estudo que servirá para esclarecer alguns pontos já estudados.
1. O significado da ira de Deus. Em Romanos a ira de Deus denota sua ação resoluta na punição do pecado. É tanto a expressão de uma atitude pessoal e emocional do Jeová triúno quanto é de seu amor pelos pecadores: é a manifestação ativa de seu ódio à descrença e à perversidade moral. A expressão ira pode referir-se especificamente à futura manifestação do auge desta aversão no "dia da ira" (2:5; 5:9), mas pode também se referir aos acontecimentos e processos atuais da providência nos quais se pode discernir a retribuição ao pecado. Assim, a autoridade que condena os criminosos é "serva de Deus, agente da justiça para punir quem pratica o mal" (13:4). A ira de Deus é sua reação ao nosso pecado e "a Lei produz a
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ira" (4:15) porque ela incita o pecado latente em nós e multiplica a transgressão, comportamento que evoca a ira (5:2; 7:7-13). Como reação ao pecado, a ira de Deus é expressão de sua justiça.
Paulo rejeita, indignado, a sugestão de que "Deus é injusto por aplicar a sua ira" (3:5). O apóstolo descreve as pessoas "preparadas para a perdição" como "vasos da ira", isto é, objetos da ira, no mesmo sentido que ele em outra parte as chama de servos do mundo, da carne e do demônio, "merecedores da ira" (Ef 2:3). Tais pessoas simplesmente por serem o que são atraem sobre si a ira de Deus.
2. A revelação da ira de Deus. "Porquanto, a ira de Deus é revelada dos céus contra toda impiedade e injustiça dos homens que suprimem a verdade pela injustiça" (1:18). O tempo do verbo no presente — "é revelada" — implica manifestação constante, agindo durante todo o tempo; "dos céus", que atua como contraste ao "Evangelho" nos versículos anteriores, implica a manifestação universal atingindo quem não foi ainda alcançado pelo Evangelho.
Como se processa a revelação? Ela é impressa diretamente na consciência de cada pessoa: os que Deus "entregou a uma disposição mental reprovável" (1:28) para se entregar ao mal entretanto conhecem "o justo decreto, de que as pessoas que praticam tais coisas merecem a morte" (1:32). Nenhuma pessoa é inteiramente ignorante sobre o julgamento futuro. Essa revelação imediata é confirmada pela palavra revelada no Evangelho, que nos prepara para as boas novas falando-nos a respeito das más notícias do "dia da ira de Deus, quando se revelará o seu justo julgamento" (2:5).
E isso não é tudo. Aos que têm olhos para ver, os sinais da ira de Deus aparecem aqui e agora em situações reais da humanidade. Em todas as partes os cristãos observam um tipo de degeneração agindo constantemente — do conhecimento de Deus à adoração do que não é Deus, e da idolatria à imoralidade da pior espécie, de modo que cada geração cria uma nova safra com a "impiedade e a injustiça dos homens". Neste declínio temos de reconhecer a ação presente da ira divina, em um processo de rigidez judicial e cancelamento de restrições pelo qual as pessoas se entregam a suas preferências corruptas e põem em prática, cada vez mais desinibidamente, a concupiscência de seu coração pecador. Paulo descreve o processo, como ele conhecia a partir da Bíblia e do mundo de seus dias, em Romanos 1:19-31. As frases principais são: "Deus os entregou à impureza sexual, segundo os desejos pecaminosos do seu coração", "Deus os entregou a paixões vergonhosas", "ele os entregou a uma disposição mental reprovável" (1:24,26,28).
Se você quer a prova de que a ira de Deus, revelada como um fato em sua consciência, já está agindo como uma força no mundo, Paulo lhe diria que basta olhar a seu redor. Você verá a que tipo de coisas Deus entregou os homens. Hoje, 21 séculos após sua carta ter sido escrita, quem poderá desmentir suas teses?
3. O livramento da ira de Deus. Nos três primeiros capítulos de Romanos, Paulo está preocupado em lançar-nos a pergunta: se "a ira de Deus é revelada dos céus contra toda impiedade e injustiça dos homens", e "o dia da ira virá", quando Deus "recompensará cada um conforme as suas obras", como podemos escapar de tal desastre? A questão nos oprime porque estamos todos "debaixo do pecado"; "Não há nenhum justo, nem um sequer"; "Todo o mundo" está "sob o juízo de Deus" (3:9,10,19).
A lei não nos pode salvar, pois seu único efeito é estimular o pecado e nos mostrar como estamos longe de cumprir a justiça. A pompa exterior da religião também não nos pode salvar, assim como a circuncisão não pode salvar o
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judeu. Haverá então algum livramento da ira futura? Existe, e Paulo sabe disso. "Como agora fomos justificados por seu sangue", Paulo proclama, "muito mais ainda, por meio dele, seremos salvos da ira de Deus!" (5:9). Sangue de quem? O sangue de Jesus Cristo, o Filho de Deus encarnado. E o que quer dizer "justificado"? Significa ser perdoado e aceito como justo. Como somos justificados? Pela fé, isto é, pela confiança total na pessoa e obra de Jesus. E como o sangue de Jesus, sua morte sacrificial, constitui a base da justificação? Paulo explica isso em Romanos 3:24,25, onde ele fala da "redenção que há em Cristo Jesus. Deus o ofereceu como sacrifício para propiciação mediante a fé, pelo seu sangue". Que é propiciação? É o sacrifício que afasta a ira pela expiação do pecado e pelo cancelamento da culpa.
Isto, como veremos mais detalhadamente adiante, é o verdadeiro núcleo do Evangelho: que Jesus Cristo, pela virtude de sua morte na cruz como nosso substituto, levando nossos pecados, "é a propiciação pelos nossos pecados" (1Jo 2:2). Entre nós, os pecadores, e as nuvens carregadas da ira divina, levanta-se a cruz do Senhor Jesus. Se somos de Cristo, pela fé, então estamos justificados pela sua cruz, e a ira não nos atingirá quer aqui quer no futuro. Jesus "nos livra da ira vindoura" (1Ts 1:10).
A REALIDADE SOLENE
A verdade, sem dúvida alguma, é que o assunto da ira divina no passado foi usado especulativa, irreverente e mesmo maldosamente. Não há dúvida de que houve quem pregasse sobre a ira e a maldição com os olhos secos e sem nenhum sentimento no coração. O fato de pequenas seitas enviarem com alegria o mundo todo para o inferno, com exceção de si mesmas, com razão desagradou a muitos. Entretanto, se queremos conhecer a Deus, é vital que enfrentemos a verdade a respeito de sua ira, não importa quão fora de moda possa estar ou quão forte tenha sido nosso preconceito contra ela. De outro modo, não entenderemos o Evangelho que salva da ira, nem a realização propiciatória da cruz, nem a maravilha do amor redentor de Deus. Nem ainda entenderemos a mão divina na história e sua ação entre nosso povo. Não saberemos o que pensar sobre o Apocalipse, nem nosso evan-gelismo terá a urgência imposta por Judas: "a outros, salvem, arrebatando-os do fogo" (v. 23). Nem ainda nosso conhecimento de Deus ou o culto a ele estará de acordo com sua Palavra. Escreveu Arthur W. Pink:
A ira de Deus é a perfeição do caráter divino sobre o qual precisamos meditar freqüentemente. Primeiro, para que nosso coração possa ficar devidamente impressionado com o ódio divino contra o pecado. Temos a tendência de dar pouca atenção ao pecado, encobrir sua hediondez, desculpá-lo; mas, quanto mais estudamos e pensamos no horror que Deus tem pelo pecado e em sua terrível vingança contra ele, estaremos mais aptos a compreender sua infâmia. Segundo, criar o verdadeiro temor a Deus. em nossa alma para que "sejamos agradecidos e, assim, adoremos a Deus de modo aceitável, com reverência e temor, pois o nosso 'Deus é fogo consumidor'" (Hb 12:28,29). Não podemos servi-lo "aceitavelmente" a menos que haja "reverência" por sua impressionante majestade e "temor" por sua justa ira, e tudo fica mais fácil quando nos lembramos freqüentemente de que "nosso 'Deus é fogo consumidor'". Terceiro, levar nossa alma ao fervoroso louvor (a Jesus Cristo) por ter- nos livrado da "ira vindoura" (1Ts 1:10). Nossa presteza ou relutância em meditar sobre a ira de Deus torna-se um teste seguro para saber se nosso coração está realmente dedicado a ele. 8
Pink está certo. Se quisermos conhecer verdadeiramente a Deus e ser conhecidos por ele devemos pedir-lhe que nos ensine a considerar a solene realidade de sua ira.

sábado, 24 de agosto de 2013

curso 24 hora

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quinta-feira, 22 de agosto de 2013

A DISCIPLINA DE DEUS -

O propósito da disciplina de Deus

        É bem verdade que muitos cristãos passam por certos momentos de sua vida cometendo pecados, onde estes negligenciam os meios de graça ou disciplinas espirituais, tais, como: oração, jejum e estudo das Escrituras que desemboca em desânimo, fraqueza, tepidez espiritual e em esterilidade, ou seja, cessam de produzir frutos através de uma vida que glorifica a Deus. 

Em vista disso, Deus intervém com a disciplina por meio de diversas tribulações, como: enfermidade, problemas financeiros, emocionais dentre outros para tirar o cristão de uma vida em pecado, levantá-lo do desânimo e reanimá-lo espiritualmente. O propósito da disciplina na vida do cristão é, em suma, fazer com que este cresça em santificação e viva uma vida frutífera para a glória de Deus.

        Na carta aos Hebreus 12.5-6, é dito que Deus toma a iniciativa de corrigir os filhos que se desviam. No verso 8 é mencionado que sem disciplina não somos filhos, mas bastardos. E no verso 11 é descrito que o projeto de Deus na disciplina não é provocar dor, mas fazer com que o cristão viva uma vida que produza frutos que o glorifiquem. A disciplina não é contínua, pois quando o cristão se arrepende de seus pecados e os deixa, a disciplina cessa. Sendo assim, de acordo com o texto da carta aos Hebreus, senão vejamos, então: 

Três atos da disciplina de Deus na vida do cristão

1) REPREENSÃO

      Hebreus 12.5b – Filho meu, não desprezes a disciplina que do Senhor. Uma repreensão é uma advertência verbal. Podemos ouvir a repreensão de Deus através da leitura das Escrituras, pelos louvores entoados a Deus, através da exposição das Escrituras nos cultos e do convencimento do Espírito Santo individualmente em cada um.

2) REPROVAÇÃO 

       Hebreus 12.5c – Nem fiques desanimado quando por ele és repreendido. A reprovação é um ato mais severo na disciplina, porém, é uma reprovação amorosa de Deus que visa o bem dos seus filhos.

3) PUNIÇÃO

       Hebreus 12.6 – Pois o Senhor disciplina a quem ama e pune a todo que recebe por filho. C. S. Lewis disse que Deus sussurra por meio do prazer, mas grita por intermédio da dor. Deus pune severamente os seus filhos quando estes se desviam para propósitos pedagógicos na vida deles.

      A disciplina é um ato doloroso na perspectiva do homem, mas na perspectiva de Deus é um ato amoroso e responsável, uma vez que ele, como nosso Pai, não deseja que os seus filhos sofram em virtude dos pecados. A disciplina não é agradável nem para o filho, que a recebe, nem para o Pai, que a aplica. Entretanto, a disciplina é necessária na vida do cristão para que este seja aperfeiçoado e amadureça na graça e no conhecimento de Cristo Jesus, o nosso Senhor.


Extraído de: http://www.materiasdeteologia.com/2013/08/a-disciplina-de-deus-por-leonardo-damaso.html#ixzz2ckqqiMoL

SOLA SCRIPTURA

A doutrina da Sola Scriptura, como a doutrina da Trindade, não é baseada em um texto prova específico. A passagem bíblica abaixo é uma de muitas escrituras que sustentam a suficiência da Bíblia como a única norma infalível da fé cristã. O apóstolo Paulo escreve para Timóteo:

"e que, desde a infância, sabes as sagradas letras, que podem tornar-te sábio para a salvação pela fé em Cristo Jesus. Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra." (2 Timóteo 3:15-17).

A partir desta passagem nós podemos deduzir:

Em primeiro lugar, as Escrituras nos dão o conhecimento necessário para a experiência da salvação – elas são "podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus." Em segundo lugar, a Bíblia também é proveitosa para a doutrina e orientação na vida cristã. Quem é conduzido pelas Escrituras é descrito como "perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra." A Bíblia é portanto, suficiente para mostrar aos filhos de Deus como ser salvo e viver para a Sua glória.

Eu concordo que a referência primária das "escrituras" neste contexto é o Antigo Testamento porque os escritos do Novo Testamento ainda não estavam completos, o cânon do NT ainda não era totalmente conhecido, e a Escritura que Timóteo tinha aprendido na sua infância era o Antigo Testamento.

Mas é possível que Timóteo estava consciente que outros livros inspirados estavam sendo adicionados? E que "desde a infância" ao tempo que ele recebeu as cartas de Paulo, Timóteo veio a saber de outros escritos inspirados em adição aos livros do Antigo Testamento? Por exemplo, 2 Pedro 3.16 classifica as epístolas de Paulo como "outras escrituras" – inferindo que as cartas paulinas já estavam sendo consideradas como divinamente inspiradas nas igrejas apostólicas e no mesmo nível como os livros do Antigo Testamento.

Em sua primeira carta a Timóteo, Paulo cita do Antigo Testamento (Deuteronômio 25:4) e de um livro do Novo Testamento (Lucas 10:7). 'Pois a Escritura declara: "Não amordaces o boi, quando pisa o trigo". E ainda: "O trabalhador é digno do seu salário."' (I Timóteo 5:18). É altamente significante que Paulo se refere ao Evangelho de Lucas como Escritura a par com o Antigo Testamento. Deste modo, Timóteo estava plenamente consciente que o Espírito Santo estava adicionando livros inspirados às Sagradas Escrituras. Portanto, é um absurdo limitar a declaração de Paulo em Segunda a Timóteo sobre o valor das Escrituras ao Antigo Testamento.

A declaração de Paulo sobre as perfeições das Escrituras do Antigo Testamento (santo, inspirado) é aplicável para todas as Sagradas Escrituras em geral. É como dizer, "Todos os cães latem." Latir não é somente a característica dos cães que estão vivendo agora, não é? Os cães que nasceriam no futuro farão o mesmo... porque são cães. Semelhantemente, o que Paulo disse sobre os livros do Antigo Testamento, certamente aplicaria ao Novo, porque como eles, eles tem o mesmo autor Divino.

Entretanto, você pode dizer, Paulo estava se referindo ao Antigo Testamento e não a Bíblia completa. Isto que eu chamo um problema ditoso! Porque se os livros do Antigo Testamento eram suficientes para tornar-nos sábios para a salvação e equipar-nos pra toda a boa obra, como muito mais a totalidade da Bíblia? Se o Antigo era suficiente, a totalidade é repleta de plenitude! Sim, a Bíblia é poderosa para fazer-nos sábios para a salvação, a qual é pela fé em Cristo Jesus. Não deixe qualquer um tirar esta verdade bendita ao afirmar que você precisa de alguma fonte adicional para dar a você alguma informação essencial que seja ausente da Escritura.

Timóteo, sua mãe, e sua avó de alguma maneira sabiam quais livros eram inspirados, mesmo que não existia um magistério infalível para dizê-los. Paulo não precisou explicitar um índice de conteúdos porque evidentemente Timóteo sabia que estes livros eram inspirados.

As Sagradas Escrituras são a propriedade e a herança do povo de Deus eles os passam de uma geração para outra. Como você aprendeu primeiro que os livros chamados "Bíblia Sagrada" é a Palavra de Deus? Isto não veio de seus pais ou do seu professor de Escola Dominical ou de seu pastor ou de algum outro cristão? Mesmo que eles não sejam infalíveis, o Senhor usou-os no lugar em suas mãos Seu livro e as doutrinas dessa maneira.

Se você insiste na necessidade de uma autoridade infalível para garantir quais livros são inspirados, bem, neste caso você não deveria parar por aqui também. Você então perguntaria, "Como eu faço para ter certeza que o magistério da igreja é infalível?" Você não pode dizer, "Porque a Bíblia diz assim"; e você igualmente não pode dizer, "Porque a igreja diz assim" (por que isto é empobrecer a questão).

Você pode surpreender-se com pessoas como Timóteo, você e eu, poderiam saber quais livros são inspirados à parte de uma igreja infalível. Nós não poderíamos confiar em Deus que inspirou a Bíblia em primeiro lugar? Ele deu as Escrituras para o Seu povo, e Ele poderia usá-los (fraco e falível como eles são) para reconhecer Sua Palavra, e passar isto para as gerações futuras. Eu estou convencido que isto é exatamente o que Deus fez.

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terça-feira, 20 de agosto de 2013

evangelização

A Glória de Deus no Chamado para Pregar às Nações

Franklin Ferreira23 de Janeiro de 2013 - Evangelização
Gostaria de usar o texto de Jeremias 1.4-19 para tratar de três temas vitais ao ministério cristão de ensino: a vocação, a pregação e seu conteúdo, e a coragem necessária para permanecer firme. Na verdade, gostaria de usar o texto de Jeremias como um texto de formação, que entrelace nossas vocações de ensino à vocação de Jeremias, que nos ajude a recuperar o senso de chamado para pregar a mensagem de Deus às nações. Antes de continuar, fazem-se necessárias algumas palavras introdutórias. Jeremias, que significa "aquele que exalta o Senhor", começou seu ministério no reinado de Josias, que iniciou uma reforma e renovação da aliança, de curta duração. Ele pertencia a uma família de sacerdotes e recebeu seu chamado quando tinha 18 anos, na segunda década do século sétimo a.C., na pequena cidade de Anatote, a cinco quilômetros de Jerusalém. Na verdade, Jeremias viveu em meio a um turbulento momento político na história da região: a Assíria entrara em declínio como império, o Egito tentava recuperar sua influência, e a Babilônia era o poder em ascensão no leste. Pouco depois, Josias foi morto em Megido e, em rápida sucessão, três de seus filhos, Joacaz, Jeoaquim e Zedequias, e um neto, Joaquim, sucederam-no no trono. Por não temerem a Deus, esses reis conduziram o povo da aliança aos eventos mais devastadores da história de Judá: a invasão babilônica, a destruição do templo e o exílio no estrangeiro.

Nós hoje vivemos numa encruzilhada da história. A igreja tem crescido globalmente. Aqui no Brasil há muitos pastores devotos, crentes sérios, igrejas saudáveis, sinais da obra do Espírito Santo. Ao mesmo tempo, há superficialidade e infidelidade bíblica, traição ministerial, divisões, idolatria por crescimento de igreja a qualquer custo. Na esfera pública temos governos populistas, corrupção, pessoas morrendo em portas de hospitais, violência crescendo assustadoramente e impunidade ampla, geral e irrestrita. Há preocupantes sinais de ameaças à liberdade de culto e de expressão. Diante desse quadro, (1) qual deve ser a imagem cultivada por aqueles chamados a obedecer à ordem de pregar a palavra de Deus? (2) Qual deve ser o conteúdo de tal mensagem? (3) Como aqueles chamados a pregar essa soberana Palavra devem se portar?

1. Vocação (4-8)

Vamos nos deter um pouco nos versículos 4-7: O relato começa com a afirmação "a mim me veio, pois, a palavra do Senhor" (Jr 1.4). Essas palavras ou expressões equivalentes ocorrem outras vezes no livro (Jr 7.1; 11.1; 14.1; 16.1; 18.1). A palavra way'hi ("continuou a vir") sugere que este chamado veio não de forma súbita, mas de forma persistente. "Antes que eu te formasse": estas primeiras palavras do Senhor a Jeremias revelam que foi iniciativa de Deus o fato de ele ter sido escolhido para ser profeta. O nome de Deus domina a cena: nessa pequena passagem o nome do Senhor é citado 12 vezes! Ele o predestinou para anunciar a mensagem, e antes mesmo de seu nascimento, Jeremias foi consagrado ("separado", "santificado") por Deus para essa tarefa (Jr 1.5; cf. Gl 1.15). Desde a concepção até a consagração, Deus tinha preparado cada etapa do processo, conhecendo todas as necessidades e sabendo como supri-las. Em outras palavras, Jeremias recebeu o caráter e a personalidade necessários para a obra profética. "E te constituí": significa "dei", isto é, antes mesmo de Jeremias nascer ele foi dado. Essa é a maneira de Deus agir. Ele fez isso com seu próprio Filho, Jesus Cristo (Jo 3.16). Deus o ofereceu às nações. Deus continua enviando aqueles que ele chama a pregar às nações, em obediência ao chamado e em imitação a seu Filho (1Co 11.1).

Por outro lado, a reação de Jeremias mostra que ele não era voluntário (Jr 1.6). Ele menciona sua idade: "Eis que não sei falar, porque não passo de uma criança". Na verdade, ele não queria dizer que era uma "criança", mas que ainda não chegara aos trinta anos, que era o tempo quando os levitas iniciavam oficialmente seu ministério, sendo, portanto, muito jovem para atender o chamado. Mas Deus responde a objeção: "Não digas: Não passo de uma criança" (Jr 1.7). A compreensão de que ele tinha sido escolhido como instrumento da revelação de Deus para uma geração endurecida forneceu a convicção de que sua missão provinha de Deus, e levou-o a proclamar a palavra do Senhor a uma nação teimosa e rebelde. E ele recebeu forças da comunhão constante com Deus em oração (cf. Jr 12-20, as cinco "confissões" de Jeremias). "Porque a todos a quem eu te enviar irás; e tudo quanto eu te mandar falarás": Quanto mais próximo do exílio, o cumprimento da profecia, mais sua timidez inicial é substituída por coragem, o que mostra o quanto ele amadureceu em sua vocação.

Como acontece com Jeremias no versículo 8, os servos de Deus receberam muitas vezes a ordem "não temas", como Abraão (Gn 15.1), Moisés (Nm 21.34; Dt 3.2), Daniel (Dn 10.12, 19), Maria (Lc 1.30), Simão (Lc 5.10) e Paulo (At 27.24). Diante do medo, uma emoção terrível e paralisante, Deus assegura que sustentará seu servo. Jeremias não estaria livre de oposição e até de perigo físico, porém cumpriria seu ministério em todas as dificuldades, porque Deus estaria com ele para fortalecê-lo. Portanto, Jeremias submeteu-se à sua vocação. E, mesmo sem sair de Jerusalém, ele seria um profeta às nações – a mensagem de Deus ecoaria por Egito, Filistia, Moabe, Amom, Edom, Damasco, Quedar, Hazor, Elão e Babilônia (Jr 46-51). Talvez, como Jeremias, nunca viajemos para fora de nosso país para anunciar a mensagem de Deus. Mas, ainda assim, podemos ser instrumentos para levar a Palavra de Deus às nações.

Parece que o estilo de vida dos homens que exercem hoje a vocação profética no Brasil está em ruínas. Esta vocação proclamadora foi substituída por estratégias comandadas por burocratas religiosos munidos de planos de negócios. Pensa-se hoje no pastor como alguém "que faz as coisas" ou que "faz as coisas acontecerem". Pastores construtores de templos. Pastores administradores. Pastores executivos. Pastores seniores. Essa definição se aplica aos modelos básicos de liderança em nossa cultura: políticos, homens de negócios, celebridades e atletas. Mas nossa vocação precisa ser modelada por Deus, pelas Escrituras e pela oração. O elemento central da vocação profética não é de alguém "que faz as coisas", e sim de alguém colocado na comunidade para estar atento e chamar a atenção ao que Deus fala em sua Palavra, palavra de juízo e denúncia, mas palavra de graça, misericórdia e renovação.

Neste sentido, precisamos relembrar: Deus chama alguns membros da santa comunidade sacerdotal para pregar o evangelho, as boas novas da livre graça de Deus. Essa vocação é uma obra interna de Deus, que chama os servos da Palavra. E embora seja interno, o chamado para o ministério inevitavelmente virá acompanhado por um testemunho externo. Ou seja, aqueles chamados para a pregação da Palavra demonstrarão dons e aptidões para o exercício do ministério. Eles são equipados pelo Espírito Santo para pastorear, evangelizar, pregar e ensinar – e frutos visíveis serão evidenciados por conta desse chamado interno. E será confirmado diante da igreja este chamado interno, por conta dos frutos externos da obra da graça que já aconteceu interiormente. Portanto, a vocação profética não pode ser reduzida a mero trabalho. Este pode ser quantificado e avaliado. Pode-se dizer se este chegou ao fim ou não, assim como se pode ser contratado ou demitido. Uma vocação não é um trabalho. A vocação profética é sobre a pregação da Palavra, sobre a administração dos sacramentos, sobre chamar o povo de Deus a adorar o Pai, Filho e Espírito Santo, é sobre lembrar semanalmente à comunidade da fé os privilégios e responsabilidades da aliança.

Karl Barth afirmou que quem não houver sido chamado para pregar, que não o faça, pois não será pequeno mal que causará se subir ao púlpito sem haver sido escolhido por Deus para isto. Por outro lado, se você foi chamado para anunciar a santa Palavra, você só tem um, e um único oficio: anunciar fielmente "todo o desígnio de Deus" (At 20.27), portando-se como alguém que pertence exclusivamente ao Senhor.

2. Conteúdo e Pregação (9-16)

Analisando os versículos 9-10, percebemos que tocando na boca do jovem, Deus simboliza a comunicação de sua mensagem. Agora o Senhor proclama sua mensagem às nações tendo Jeremias por arauto. Para transmitir esta mensagem, Deus usa metáforas baseadas na agricultura e na construção, constituída por três pares de verbos, os dois primeiros negativos e o terceiro positivo: o profeta deve arrancar e derribar, destruir e arruinar para então edificar e plantar (Jr 1.10). Toda a corrupção na nação deve ser arrancada e derrubada, e somente depois disto é que se pode edificar e plantar de novo. Portanto, a mensagem do profeta teria duas funções. Em primeiro lugar, essa mensagem era uma declaração sobre a maldição da aliança que seria executada em seu devido tempo (Dt 28.1-68). Em segundo lugar, as bênçãos da aliança se tornariam realidade. Deus quer renovar, reconstruir e restaurar seu povo, mas antes da renovação é necessária a remoção radical do pecado e da infidelidade à aliança e eleição. A ruína é inevitável, enquanto a nação persistir no pecado, mas a palavra de renovação oferece esperança de restauração. Usando a linguagem do Novo Testamento, Deus tem primeiro de remover o pecado, antes de o pecador começar a crescer na graça e no conhecimento de Jesus Cristo.

Jeremias, entretanto, é humano. Ele reage inicialmente com medo e inadequação. São reveladas então a Jeremias duas visões inaugurais, descritas nos versículos 11-13. A primeira é a de "uma vara de amendoeira" (Jr 1.11). Em hebraico, a palavra "amendoeira" (shaqéd) e o verbo "eu velo sobre" (shoqéd) têm som semelhante. Há um jogo de palavras aqui que ilustra a prontidão com que Deus cumpre suas promessas. Sempre que o profeta visse a cada primavera uma amendoeira em flor, ele seria lembrado de que o Senhor está observando para assegurar que sejam cumpridas todas as palavras transmitidas em seu nome (Jr 1.12). A segunda visão tinha um tom mais sinistro, "uma panela ao fogo" (ou "fervendo"), literalmente uma panela sobre a qual alguém sopra, e cuja boca se inclina do Norte, indicando que seu conteúdo se derrama em direção ao sul (Jr 1.13). Essa visão indica a invasão babilônica, que virá do norte (Jr 20.4).

Percebemos nos versículos 14-16 que o exército da Babilônia executará o propósito de Deus de punir a idolatria de Judá e a quebra da aliança do Sinai. O verbo qtr, "queimar incenso" (Jr 1.16), é usado em outras passagens significando queimar a gordura dos sacrifícios (cf. 1Sm 2.16; Sl 66.15). A tensão entre o culto aos ídolos e a adoração exclusiva ao Senhor chegaram ao clímax. A guerra viria para interromper um modo de vida inútil, impuro e indolente, obrigando o povo a voltar seus olhos para o que é essencial e eterno. Mas Jeremias não vai trazer o fim por meio da espada ou da ação política. Ele é chamado a proclamar a palavra do Senhor quantas vezes for necessário, custe o que custar, e um alto preço será exigido dele.

Aqueles chamados ao ofício de anunciar a Palavra de Deus não são chamados a trocar a mensagem da aliança pelo discurso político. Nenhuma ideologia é absoluta e nem pode ser confundida com o evangelho. Sempre que a igreja ou mesmo pastores e teólogos identificaram determinada ideologia com o reino de Deus ou com a mensagem bíblica, essa foi não apenas distorcida, mas acabou sendo perdida. Portanto, a preocupação primeira daqueles chamados a anunciar a Palavra de Deus não é tanto com a mudança da sociedade civil, mas com a reforma e renovação da igreja por meio da mensagem de Deus. Aqueles chamados ao ofício de anunciar a palavra de Deus não são chamados para lidar com aqueles que ouvem e se submetem à mensagem profética como se fossem problemas. É fácil reduzir as pessoas a problemas, pois na maior parte das vezes é fácil solucionar esses problemas. Mas os profetas são chamados a conduzir as pessoas dos ídolos a Deus, da rebelião para a aliança, por meio da Palavra, da adoração e da oração. Aqui somos meros instrumentos nas mãos de Deus. As pessoas não devem ser vistas como problemas em busca de solução, mas como pecadores que podem ser renovados à imagem de Deus. Portanto, a vocação é sobre conduzir as pessoas a Deus, por meio de sua Palavra, em humildade. Trata-se de permanecer junto ao povo.

A tentação à qual os profetas estão sujeitos é considerar Deus uma mercadoria, utilizá-lo para legitimar a idolatria (cf. Jr 23.21-40). Qual é, então, o conteúdo da mensagem profética? Deve-se conhecer o Senhor (Jr 8.7; 24.7; 31.31-34). Este conhecimento se dá por meio do Messias, o Renovo Justo, descendente de Davi, que executa juízo e justiça na terra (Jr 33.14-18), a fonte de águas vivas (Jr 2.13), o bálsamo de Gileade (Jr 8.22), o Bom Pastor (Jr 23.4), o Renovo Justo (Jr 23.5), o Senhor justiça nossa (Jr 23.6), aquele que trará a nova aliança (Jr 31.31-34). E este novo conhecimento redunda em preocupação pelo aflito e necessitado e na prática da justiça e retidão.

A mensagem profética é o convite para "voltar" (Jr 4.1-2; cf. 9.24; 22.2, 13, 15; 23.5; 33.15). Este termo e seus cognatos foram usados quase cem vezes neste livro e são o significado literal da palavra "arrependimento". Implica voltar-se dos próprios caminhos para a aliança (Jr 6.16), é um chamado à comunidade para um retorno à "verdade", "juízo" e "justiça". Em suma, o povo é chamado ao arrependimento e ao conhecimento de Deus por meio do Messias. E o remédio de Deus para o coração enfermo (Jr 17.9) será gravar sua lei no coração da nova comunidade (Jr 31.31-34). Portanto, o verdadeiro profeta é aquele que procura distanciar o povo do mal, enfatizando as exigências de Deus na aliança (Jr 23.14, 22).

Usando a linguagem do Novo Testamento, aqueles dentre nós chamados ao santo ministério da Palavra, devem pregar as realidades grandiosas e magníficas de Deus e do Espírito Santo, da Escritura e da criação, da cruz de Cristo e da aliança, da salvação e de uma vida santa, a oração, o batismo, a santa ceia. E isso deve ser pregado no púlpito, nas salas de aula e na visitação pastoral, ansiando por vidas moldadas pela Palavra de Deus, renovada pelo Espírito Santo, de uma humildade disposta ao sacrifício, que erguem a Deus um louvor santo, sofrendo sem perder o contentamento, orando sem cessar, perseverando na santidade.

3. Segurança (17-19)

Na seção composta dos versículos 17-19 podemos ver que o desânimo que o profeta sentiu ao entender o conteúdo da profecia é combatido por uma ordem direta: "cinge os lombos" (Jr 1.17), que pode ser traduzida como: "e você, prepare-se!" A frase é um termo militar hebraico usado para descrever um soldado vestido e devidamente preparado para tomar sua espada. Antes mesmo de nascer, ele foi convocado para lutar nessa batalha. Não lhe foram concedidos alguns anos nos quais pudesse refletir e decidir em que lado se posicionaria ou mesmo se iria lutar. Ele foi escolhido. Deus o chamou para ser um guerreiro. Então, ele deve ser fiel ao anunciar a Palavra de Deus e não deve temer a ninguém. Mais do que isso, o Senhor incita Jeremias a se preparar para a batalha. Se Jeremias perder sua coragem, Deus o abandonará por sua falta de fé: "Não te espantes diante deles, para que eu não te infunda espanto na sua presença". Devemos entender: há uma verdadeira batalha espiritual sendo travada. Há maldade, crueldade e infelicidade. Há superstição e ignorância; brutalidade e dor. Não existe zona neutra no Universo. Cada centímetro quadrado é área de combate. Deus se levanta contra tudo isso. Ele está salvando, resgatando, abençoando, provendo, julgando, renovando: "Conjuro-te, perante Deus e Cristo Jesus, que há de julgar vivos e mortos, pela sua manifestação e pelo seu reino: prega a palavra, insta, quer seja oportuno, quer não, corrige, repreende, exorta com toda a longanimidade e doutrina" (2Tm 4.1-2).

Deus, então, faz uma das promessas mais ricas que ele pode fazer aos seus servos: "Tu, pois, cinge os lombos, dispõe-te e dize-lhes tudo quanto eu te mandar; não te espantes diante deles, para que eu não te infunda espanto na sua presença. Eis que hoje te ponho por cidade fortificada, por coluna de ferro e por muros de bronze, contra todo o país, contra os reis de Judá, contra os seus príncipes, contra os seus sacerdotes e contra o seu povo. Pelejarão contra ti, mas não prevalecerão". Mesmo com todos contra ele, Deus estará ao seu lado, fazendo-o invencível. A presença de Deus lhe dá a certeza de que ele será uma fortaleza invencível, firme como uma "coluna de ferro" e resistente aos ataques como "muros de bronze". E sua mensagem afetará pessoas de todas as classes sociais em Judá, dos líderes políticos e sacerdotes ao cidadão comum.

No início do verão de 1942, uma crente luterana, Sophie Scholl, participou da produção e distribuição de panfletos de um pequeno movimento de resistência pacífica chamado Rosa Branca. Ela foi presa, junto com seu irmão, Hans Scholl, e outro universitário, Christoph Probst, em 18 de fevereiro de 1943, depois que o reitor da Universidade de Munique os surpreendeu distribuindo esses panfletos no pátio da universidade. Em 22 de fevereiro de 1943 os três foram julgados em menos de quatro horas, acusados de alta traição e decapitados no mesmo dia. Suas últimas palavras foram: "Como podemos esperar que a justiça prevaleça quando são poucos os que estão dispostos a se doarem individualmente a uma causa justa? Um dia bonito e ensolarado, e eu tenho de partir, mas o que importa a minha morte, se através de nós milhares de pessoas forem despertadas e instadas à ação?" Sophie Scholl foi martirizada com 21 anos. Mesmo tão jovem, ela se opôs ao totalitarismo nazista, por causa de sua fé, num contexto de repressão, censura e conformismo. Isso é coragem invencível! Se você foi chamado a anunciar a Palavra, fique firme! A promessa e a graça de Deus estão com você! Como diz a canção do grupo Logos:

Meu servo, não temas!
Não temas, pois eu te escolhi!
Sei que é difícil, mas confia em mim!
Confia em mim e então,
Tu verás o meu poder!

Durante seus quarenta anos de ministério, Jeremias foi invencível. Diversas vezes passou por intensa agonia, mas não traiu sua vocação. Ele foi desprezado e perseguido, mas jamais deixou de anunciar a mensagem de Deus. Ele foi tremendamente pressionado para que fizesse concessões, desistisse e se escondesse, porém, jamais cedeu. Cada músculo do seu corpo foi exigido até o limite da fadiga. Mas ele foi corajosamente "coluna de ferro" e "muros de bronze". Muitos se oporiam, mas Deus prometeu estar com ele e protegê-lo: "Eu sou contigo, diz o Senhor, para te livrar" (Jr 1.19).

Conclusão

Jeremias foi o profeta mais rejeitado e resistido da história israelita. Ele recebeu a ordem de não se casar ou ter filhos (Jr 16.1-4), uma experiência incomum de celibato. Experimentou oposição, castigos e prisões (Jr 11.18-23; 12.6; 18.18; 20.7; 26.9-19; 28.5-17; 37.11-38.28). Muitas vezes é chamado de o "profeta chorão" (Jr 9.1; 13.17; 14.17). Quando levado para o Egito, contra a sua vontade, caiu no esquecimento – de acordo com a tradição, ele morreu naquele país, dez anos depois, apedrejado por seus compatriotas, que ainda se recusavam a aceitar sua mensagem. Mas não somos chamados a andar por vista, mas por fé. Jeremias foi grandemente honrado pelos escritores do Novo Testamento. Sua profecia é citada 40 vezes, a metade no Apocalipse (cf. 50.8; Ap 18.4; 50.32; Ap 18.8; 51.59s; Ap 18.24s). A mais longa citação do Antigo Testamento no Novo Testamento é a passagem da "nova aliança" (Jr 31.31-34; cf. Hb 8.8-13). As denúncias de Jeremias contra o povo como incircunciso de coração e ouvido (Jr 6.10; 9.26) foram repetidas por Estevão (At 7.51), uma pregação que lhe custou a vida. As lições tiradas da visita à casa do oleiro (Jr 18.1-10) foram aplicadas por Paulo ao chamado dos gentios por Deus (Rm 9.20-24). E Jeremias, que foi considerado o mais humano dos profetas, recebeu a maior honra, ter sido comparado ao Filho do Homem (Mt 16.14). Que obedeçamos nossa vocação, preguemos fielmente a mensagem recebida, que finquemos os pés no chão com coragem, para que em tudo Deus seja glorificado.

"Todavia, o meu povo trocou a sua Glória por aquilo que é de nenhum proveito. Espantai-vos disto, ó céus, e horrorizai-vos! Ficai estupefatos, diz o Senhor. Porque dois males cometeu o meu povo: a mim me deixaram, o manancial de águas vivas, e cavaram cisternas, cisternas rotas, que não retêm as águas" (Jr 2.11-13).

"Dai glória ao Senhor, vosso Deus, antes que ele faça vir as trevas, e antes que tropecem vossos pés nos montes tenebrosos; antes que, esperando vós luz, ele a mude em sombra de morte e a reduza à escuridão" (Jr 13.16).

"Não nos rejeites, por amor do teu nome; não cubras de opróbrio o trono da tua glória; lembra-te e não anules a tua aliança conosco" (Jr 14.21).

"Ó Senhor, Esperança de Israel! Todos aqueles que te deixam serão envergonhados; o nome dos que se apartam de mim será escrito no chão; porque abandonam o Senhor, a fonte das águas vivas. Cura-me, Senhor, e serei curado, salva-me, e serei salvo; porque tu és o meu louvor" (Jr 17.13-14).

Bibliografia:

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