Pensa em Deus de um modo pessoal e consegue dar-Lhe
verdadeiro louvor. Leve-a a ter um contato pessoal com o Senhor através da
oração de agradecimento, de petição, e pelas histórias da Bíblia. Diga-lhe
repetidas vezes que Deus odeia seus pecados mas a ama muito.
Ela pergunta com freqüência sobre a morte, porque tem
dúvidas. Responda com simplicidade, sem mostrar mistério ou cinismo.
Acredita nos adultos e está pronta a ouvir de Cristo.
Seja verdadeiro e fale de Cristo de maneira bem simples. Faça um apelo após
contar a história, ou em qualquer ocasião propícia. Depois que ela tomar a
decisão, verifique se entendeu e fale sobre a certeza da salvação, caso tenha
mesmo se decidido.
O QUE E COMO ENSINAR AS CRIANÇAS DE 4 A 6 ANOS
Use recursos visuais simples mas significativos para ela.
Faça-a participar da aula, dramatizando, recortando a história, respondendo
perguntas, ou fazendo algum trabalho manual. Não use comparações nem palavras
figuradas na história. Esta deve ter seqüência lógica e ser curta. Fale pouco e
de maneira clara. Modifique o tom e a entonação da voz, dependendo dos
personagens e circunstâncias. Toda palavra nova deve ser explicada para evitar
que a criança memorize coisas sem sentido. Cada verdade básica deve ser
repetida muitas vezes, de várias maneiras. Evite dar duas explicações a uma
mesma lição, pois pode causar confusão. Faça perguntas que a ajude a expressar
suas idéias naturalmente, sem forçá-la, também sem depreciá-la quando não
conseguir explicar aquilo que quer falar.
Planos de salvação
1. Eu pequei - Rm 3.23 - Sabe que você é pecador? Você
diz mentiras, tem raiva do irmãozinho e desobedece? Isto tudo é pecado. O
pecado separa você de Deus.
2. Deus me ama - Jo 3.16 - Deus odeia o pecado que você
comete, mas Ele o ama tanto que fez uma coisa para você não ficar longe dEle:
deu Jesus.
3. Cristo morreu por mim - Rm 5.8 - Cristo morreu em seu
lugar para que você não fique mais separado de Deus.
4. Eu O aceito - Jo 1.12 - Se você receber Cristo em seu
coração, você se torna filho de Deus, e seus pecados são perdoados. Quer orar a
Jesus e pedir-Lhe para vir morar com você para sempre e limpar seu coração?
5. Estou salvo - Jo 1.12 ou Jo 5.24 - O que você fez?
Isto: abriu o coração para Jesus entrar. Onde Ele mora agora? A Bíblia diz que
Jesus nunca mais vai abandoná-lo. Você está seguro nas mãos de Deus.
AS CARACTERÍSTICAS DAS CRIANÇAS DE 7 A 9 ANOS
Na idade de 7 a 9 anos a criança tem uma personalidade
vibrante e curiosa, mas que também oferece momentos de frustração para o
professor. Cada uma dessas idades - 7, 8 e 9 - tem suas características,
necessidades e habilidades próprias. Não há dois alunos iguais; no entanto, há
traços comuns a todos eles. Um bom conhecimento desses pontos análogos dará ao
professor mais base para enfrentar e solucionar os problemas e necessidades de
cada um.
Nessa idade, as crianças descobriram um mundo novo e
estão vivendo intensamente dentro dele: é a escola secular - aulas, horários,
responsabilidades, concorrência em notas, brigas durante o recreio, disciplina,
hostilidade sem a proteção dos pais, coleguismo, realizações, recompensa, etc.
Gostam da escola, da professora, dos seus cadernos de tarefa, enfim, do seu
novo mundo. Sabem fazer comparações e descobrir se uma coisa é boa ou não,
organizada ou não. E a escola dominical pode ficar em segundo plano se você,
professor(a) dessa faixa etária, não levar a sério o trabalho de ensino.
As crianças nessa idade são parecidas entre si, porém, se
formos analisar com cuidado cada idade, perceberemos que há diferenças bem
visíveis na maneira de agir, de pensar e de aprender de cada idade, como iremos
ver agora:
Características mentais
Estão aprendendo a raciocinar. Não lhes dê tudo
mastigado. Não solucione os problemas deles, mas ajude-os a achar as soluções
por si mesmos.
O período de atenção é mais prolongado do que o dos
alunos de 4 a 6 anos; varia mais ou menos de 10 a 15 minutos.
Sete anos: estão aprendendo a ler e escrever, pois
entraram para o primeiro ano.
Gostam de fatos reais mas também de fantasias, e já
conseguem distinguir um do outro. Use ambos, mas com mais freqüência os fatos
reais, para evitar o pensamento de que o cristianismo é algo imaginado.
Sua capacidade de expressão é limitada, mas têm boa
memória. Ajude-os a se expressar em grupo, mas nunca force ninguém a participar
contra a vontade. Se prometer algo, cumpra, pois eles se lembram sempre e vão
deduzir que você é mentiroso, se não cumprir.
Oito anos: gostam de ler, de aprender e de responder e de
responder rapidamente. Leve-os a participar o máximo da aula.
Gostam de pesquisar, de perguntar sobre o passado e o
futuro, sobre outros povos, etc.
Nove anos: gostam de expor suas idéias, de discutir, de
perguntar, de ouvir histórias e de dizer coisas engraçadas. Saiba ouvi-los e dê
respostas simples e claras. Saiba aceitar certas brincadeiras inofensivas.
Gostam de ser desafiados. Desafie-os a trabalhar para
Cristo. Evite pensar que são muito pequenos e não entendem nada sobre consagração.
São pensadores, críticos e têm boa memória. Não se
espante com certas perguntas profundas que venham a fazer. Ajude-os a ver a
parte boa das coisas e das pessoas. Dê-lhes oportunidade para memorizar
versículos da Bíblia e princípios gerais.
Características físicas
Os músculos menores estão se desenvolvendo vagarosamente,
e eles se cansam muito quando têm que realizar algo com muitos detalhes;
portanto, não exija deles perfeição.
Sete anos: estão aprendendo a escrever. Colabore em seu
desenvolvimento físico dando-lhes oportunidade de escrever versículos fáceis,
palavras importantes, pintar figuras, etc.
Oito anos: gostam de se mostrar, fazendo coisas
perigosas, como: sentar apoiando a cadeira num pé só, andar sobre um muro
coberto de cacos de vidro; pegar bichinhos venenosos com garrafas ou brincar
com bombinhas ou espingardas. Não mostre aprovação, nem grite para que parem, e
nem mostre cuidado excessivo: porém, seja enérgico e faça-os parar quando
estiverem fazendo algo muito perigoso. Chegue mais cedo para que a classe não
vire uma confusão.
Nove anos: sua coordenação motora já está quase perfeita,
mas não é perfeita. Gostam muito de projetos de mesa: construir, armar,
recompor uma cena, etc.
Características sociais
Necessitam de companhia; são comunicativos e gostam de
ser considerados alguém. Respeitam autoridade e são cooperadores.
Sete anos: gostam de agradar a professora dando-lhe
presentes, e com conversas ou piadas. Mostre que você realmente se agrada dos
presentes, porém deixe claro que isso não vai lhes trazer benefícios especiais
nem vantagem sobre os outros.
Não gostam do sexo oposto; são antagônicos. Evite colocar
meninos e meninas juntos em qualquer atividade de grupo.
Ficam acanhados em ambientes novos. Crie na classe um
ambiente familiar e afetuoso.
Oito anos: são egoístas e egocêntricos. Incentive-os a
ajudar outras pessoas.
Nove anos: desejam amizades sólidas. Apresente-lhes
Cristo como Aquele que nunca muda. Gostam de atividades competitivas ou
cooperativas. Proporcione-lhes ambos os tipos de atividades.
Características emocionais
Imaturos. São imprevisíveis e se desanimam com a mesma
facilidade com que se animam a fazer alguma coisa: fogo de palha.
Não se impressione com suas reações. Não espere demais
deles só por já estarem mais desenvolvidos. Incentive-os a continuar o que
começaram. Instrua-os dentro de sua própria capacidade de ação.
Rebelam-se contra exigências pessoais, quando se sentem
magoados. Ensine a obediência através de sugestões e com amor, e nunca dando
ordens. O ambiente os influencia muito e podem estourar com facilidade. Aja com
calma, sorria sempre, mas nunca ria deles.
Sete anos: dependem muito do ambiente. O ambiente é que
vai determinar o aprendizado. Proporcione um ambiente bem sugestivo que
contribua para o aprendizado.
Oito anos: criam seu próprio ambiente e fazem com que
outros dependam dele. Cuidado com as panelinhas, pois podem destruir a classe.
Seja um guia bem sensível às reações dos alunos e procure perceber se certo
grupo está reagindo contra você, contra a classe ou contra o ambiente. Quando
descobrir a causa, faça tudo para solucionar o problema.
Nove anos: são capazes de cooperar para manter um
ambiente muito agradável. Incentive-os a cooperarem para o bom funcionamento da
classe. Vibram quando a classe toda se envolve num projeto ou quando há
competição entre sua classe e outra. Tome cuidado para que a competição em si
não seja mais importante do que o propósito dela. Ficam arrasados quando o seu
grupo perde uma competição.
Características espirituais
Sete anos: são impacientes e querem saber tudo agora.
Gostam da escola dominical e têm fé em Deus. Nessa idade
já podem entender que Cristo os comprou com o Seu sangue, e que já não
pertencem a si mesmos, mas a Ele.
Oito anos: gostam de um cristianismo exclusivo. Ajude-os
a conhecer a Cristo, e a andar com Ele em sua vida diária. Procure entender bem
suas reações e mostre-se compreensivo.
Nove anos: estão saindo do seu exclusivismo e o mundo à
sua volta os preocupa; querem trabalhar para Cristo.
O QUE E COMO ENSINAR AS CRIANÇAS DE 7 A 9 ANOS
Sete anos: Estimule-os a ler o livro do aluno e
versículos simples, na própria Bíblia ou escritos no quadro-negro. Dê a eles
versículos para copiarem na classe e em casa, como tarefa. Faça-os participar
bastante da classe deixando que segurem cartazes com cânticos, recontem
histórias, armem quebra-cabeças de versículos, etc. Evite contar histórias em
capítulo por muito tempo, pois podem ficar desinteressados. Ensine-lhes a pedir
a Deus a solução de qualquer problema.
Oito anos: Conte-lhes histórias interessantes, use
ilustrações atuais, faça-os pesquisar sobre costumes e histórias dos tempos
antigos. Dê a eles tarefas difíceis e desafie-os a realizá-las. Ensine-os a
pensar nos outros, que Jesus é o melhor amigo que existe e está pronto a
ajudá-los em qualquer situação.
Nove anos: Conte histórias bíblicas de uma forma atual,
interessante, prática, relacionando as lições bíblicas com os fatos atuais.
Como nesta idade eles desejam amizades sólidas, apresente Cristo como Aquele
que nunca muda. Dê-lhes bastante trabalho prático: dobrar e distribuir
folhetos, fazer evangelismo individual, dar o testemunho pessoal, participar de
um conjunto musical, etc.
AS CARACTERÍSTICAS DOS PRÉ-ADOLESCENTES
O pré-adolescente não é mais uma criança, mas também não
preenche plenamente as qualificações de um adolescente. Age como criança muitas
vezes, porém fica zangado quando o consideram como tal. Ele vive as mais
fantásticas aventuras e experiências, e sente necessidade de ser liderado por
uma pessoa que o compreenda e o ajude a se conhecer a si mesmo. Por causa da
atitude crítica, insinuosa e até marginalizadora, própria dos pré-adolescentes,
muitos são chamados por alguns adultos de "moleques",
"pestinhas" e "endiabrados". Contudo, vale a pena
conhecê-los e ajudá-los nessa fase tão difícil e tão decisiva da vida.
Fisicamente
Estão ganhando força, apesar de haver um estacionamento
no desenvolvimento físico. Gostam de lutar e de fazer bagunça. Chegue à classe
antes dos alunos e distribua algo atrativo e útil para fazerem até o início da
lição.
Há uma diferença muito grande entre o desenvolvimento
físico das meninas e o dos meninos. Muitas garotas estão um ano na frente dos
garotos. Algumas já entraram na fase menstrual e sentem que não são mais
crianças, ao passo que os garotos agem e pensam como crianças. Enquanto os
meninos se divertem com atividades brutas, as meninas são mais reservadas e
preferem atividades mais calmas. Você deve levar em conta estas grandes
diferenças, ao fazer o planejamento de quaisquer atividades.
Mentalmente
São vivos e gostam de fazer perguntas. Têm boa memória,
porém não pensam em profundidade. Têm consciência de tempo e distância. Gostam
de colecionar "coisas". Lêem muito. Têm grande interesse em conhecer
pessoalmente ou ler e ouvir a respeito de heróis.
Socialmente
Sentem uma necessidade grande de pertencer a um grupo que
lhes dê segurança. Preferem o seu grupo mais que a família. Lutam pelos direitos
do grupo. Gostam de organizar grupos do mesmo sexo. As meninas pensam mais em
namoro que os meninos. Ocasião propícia para aconselhamento; evite classes
mistas. Adoram heróis e são perfeccionistas. Odeiam fraquezas pessoais. Gostam
de ter responsabilidades. Rebelam-se contra a autoridade. Seja um guia, um
líder e não um ditador. Sempre peça sugestão à classe, mas não de maneira que
demonstre insegurança. Crie um ambiente de liberdade, mas controlado por você.
Emocionalmente
São instáveis emocionalmente. O desequilíbrio é
demonstrado em todas as ocasiões: são alegres ou fechados demais; mostram
amizade em excesso e, de repente, voltam-se contra o melhor amigo. Ora estão
calmos; ora preocupados, e assim por diante. Seja amigo constante, sincero e
que inspire confiança e segurança. Não gostam de manifestações de afeto. Evite
abraçar ou colocar a mão nos seus ombros. Ame-os não com palavras e gestos, mas
de verdade. São dados a valentias, pois gostam de participar de coisas
empolgantes. Mostre que muitas vezes é melhor fugir de um perigo inútil do que
enfrentá-lo e sofrer conseqüências graves. São sensíveis ao desprezo, à falta
de amor e à hipocrisia. Fale de Cristo e leve-os a viver Cristo.
Espiritualmente
Eles possuem padrões elevados para si mesmos. Reconhecem
o pecado como algo que desagrada a Deus e a si mesmos. Têm fome de Deus. Sua fé
é simples e sua cabeça está cheia de dúvidas sobre a Bíblia. Gostam de
encontrar resposta por si mesmos na Bíblia. Estão começando a compreender
melhor os simbolismos. Querem a Cristo como Salvador e Senhor.
O QUE E COMO ENSINAR AOS PRÉ-ADOLESCENTES
Tenha um programa ativo, envolvendo-os ao máximo em
alguma atividade onde possam usar as suas forças. Dê-lhes oportunidade de
pensarem, perguntarem e se expressarem. Encoraje e motive a memorização de
versículos, hinos e fatos bíblicos. Ensine-lhes cronologia e geografia bíblica.
Use mapas e gráficos em seu ensino. Encoraje-os a ter passatempos úteis.
Ensine-os a escolher boa literatura; ajude-os na formação de bons hábitos de
leitura; apresente a Bíblia como sendo o melhor livro que existe. Apresente
histórias de heróis bíblicos e também de outros como: Carey, Simonton, José
Manoel da Conceição, Robert e Sarah Kalley, etc. Será bom, algumas vezes, levar
à classe missionários que estão na obra e cujas experiências sirvam para
despertá-los para o serviço do Senhor.
Promova reuniões sociais e passeios para a classe, com o
intuito de preencher as necessidades sociais deles, dentro de um ambiente
cristão. Aproveite para motivar a classe a estudar a lição da escola dominical,
através de uma competição não individual, mas entre grupos. Deve tomar muito
cuidado para que o espírito de "só os do meu grupo" não leve à
marginalização de outros de fora do grupo. Ensine-lhes padrões bíblicos através
de princípios bíblicos. Dê-lhes oportunidades de acordo com as suas capacidades
e gostos. E como gostam de humorismo, ensine-os a cultivar o humorismo são e
evitar o mal.
Explique-lhes o valor do sangue de Cristo (1 Jo 1.9).
Proporcione oportunidades de conhecerem melhor a Deus. Desafie-os a orar,
fazendo pedidos específicos e, pela resposta de Deus, vão saber da realidade de
Deus e Sua atuação hoje na vida diária. Envolva-os em diversos ministérios e
responda a todas as perguntas de maneira simples e objetiva. Ofereça-lhes as
ferramentas próprias para descobrir soluções para seus problemas; por exemplo,
um método de estudo bíblico. Use simbolismo, mas certifique-se de que estão
entendendo. Leve-os aos pés do Salvador e ajude-os a entender a importância de
colocar a Cristo como líder de suas vidas. Nessa fase o professor deve
nutri-los, mais do que lançar desafio após desafio, pois, como disse alguém,
"O que o indivíduo aprende na idade de 10 a 12 anos leva consigo até o
túmulo".
AS CARACTERÍSTICAS DOS ADOLESCENTES
Queremos apresentar-lhe uns indivíduos suspeitos,
desajeitados, problemáticos, rebeldes e inconstantes, que freqüentam a nossa
escola dominical: são os adolescentes.
Creio que ninguém apresentaria uma pessoa dessa maneira,
mas quantos já pensaram nestes termos, ao depararem com os alunos na faixa de
idade entre 13 e 16 anos, que mal respondem ao seu tão cordial "bom
dia"?
Por que agem dessa maneira? A causa é terem descoberto a
existência de dois mundos: um, que é o seu, interior, e outro, exterior, o
mundo dos adultos. Sentem o peso e a pressão vindos tanto de dentro de si
quanto do mundo exterior. Na tentativa de se adaptarem a esses dois mundos tão
conflitantes entre si é que surge a rebelião, que pode ser expressa de várias
maneiras. Você terá mais condições de ajudá-los, conhecendo-os melhor.
Fisicamente
Estão se desenvolvendo rapidamente e tanto podem estar
muito bem dispostos quanto não querendo fazer absolutamente nada. O adolescente
é desajeitado por causa da súbita transformação física. Seja paciente e procure
compreender seus atos abrutalhados. Sua voz está mudando. Principalmente a do
rapaz. Não o embarace pedindo que declame ou cante diante da igreja, pois sua
voz pode mudar de tom várias vezes e ele teme o vexame.
Freqüentemente, a razão pela qual um adolescente não quer
ir à escola dominical são as espinhas que, para seu tormento, começam a surgir
e enfear seu rosto.
Peça a Deus discernimento para descobrir as causas dos
problemas do adolescente, pois estes algumas vezes parecem tolos aos olhos dos
adultos, mas são terríveis para ele.
Mentalmente
Sua capacidade de raciocínio está se desenvolvendo e ele
está em busca de novidades. Sua imaginação adquiriu mais vida e recebe
sugestões até demais! Quer saber para que serve o que está fazendo. Por
exemplo, a memorização de versículos.
Socialmente
Quer ser adulto e independente e pertencer a uma
comunidade. Gosta de grupos fechados. Mostre-lhe a alegria que temos em poder
pertencer a Cristo, pois Ele nos possibilita uma comunhão genuína com outros
cristãos. Faça-o sentir que é querido pela sua classe, que você o considera
importante e que sua ausência é sentida por todos. Pouco vai adiantar
convencê-lo de que os crentes são melhores do que os seus amigos do mundo, ou
explicar-lhe as vantagens de freqüentar a escola dominical. O que realmente o
prenderá ao meio evangélico será a certeza de que é realmente querido e que a
sua opinião é ouvida e valorizada.
Fica encabulado com facilidade e tem consciência de seus
problemas. Mostre-lhe que outras pessoas têm os mesmos problemas, mas que a
vitória é pessoal. Incentive-o a ter Cristo como o seu melhor amigo. Ele cultua
heróis mais sofisticados. Às vezes sonha que é campeão de Fórmula 1 correndo
nas pistas internacionais; em outras fala, anda e age como o galã que viu
"naquele filme". Quando se sente frustrado por não poder comprar
"aquela mota" ou qualquer outra coisa, tem desejo de ser rico,
rico... riquíssimo. É profundamente leal ao seu grupo. Incentive-o a ser leal
também à sua escola, igreja, grupo de amigos evangélicos, família, etc. Tem
interesse pelo sexo oposto. Providencie reuniões sociais mistas. É sempre bom
ter comes e bebes nessas reuniões, pois nessa fase de crescimento o adolescente
sente muita necessidade de comer.
Emocionalmente
Seus sentimentos são inconstantes e suas emoções são
intensas.
Espiritualmente
Está pronto para a salvação. Quer uma fé que seja
prática. Está cheio de dúvidas sobre o cristianismo. Quer fazer algo e está
procurando um ideal. Aproveite suas aptidões, após um bom treinamento.
O QUE E COMO ENSINAR AOS ADOLESCENTES
Varie os métodos de instrução para manter o nível de
interesse. Faça com que participem ativamente da aula. Ajude seu aluno
adolescente a descobrir verdades bíblicas por si próprio, deixando-o
procurá-las na classe e em casa. Aproveite a imaginação deles para dar colorido
aos textos bíblicos. Estimule-os a contribuir com idéias e sugestões.
Recomende-lhes bons livros evangélicos e traga preletores cristãos para falar
sobre sexo e drogas, pois a curiosidade é tamanha nessas áreas que muitos vão
querer conhecer mais sobre o assunto através de livros ou colegas, caso a
igreja não a satisfaça. Quando responder perguntas, explicar ou aconselhar
sobre sexo, dê respostas corretas e sinceras, sem dar a impressão de que o sexo
é algo sujo ou proibido. Esteja atento para descobrir por que seu aluno está
fazendo aquela pergunta. Tenha sempre ilustrações práticas, claras e reais em
mente, para que ele não venha a pensar que é a primeira pessoa a lhe fazer
pergunta sobre o assunto e que você está embaraçado...
Nunca o mande fazer algo sem explicar-lhe o seu objetivo;
inculca em sua mente o poder da Palavra de Deus na vida prática. Cristo venceu
a tentação usando versos bíblicos. O Salmo 119.9 seria um bom versículo para
memorizarem. Tenha o cuidado de não dar aulas em um nível inferior àquele em
que o adolescente se encontra. Delegue responsabilidades, ensine-o a respeitar
os pais e outros adultos em geral. Não indague insistentemente quando lhe
delegar responsabilidades. Saiba perguntar sobre o andamento do projeto e, se
for preciso, dê sugestões práticas, sem contudo fazer imposições. Ele detesta
ser mandado por adultos.
Procure conduzir seus pensamentos em direção a Cristo.
Tenha o cuidado para não dar a idéia de que o apóstolo Paulo foi melhor do que
Cristo ou que Paulo era tão perfeito quanto Cristo. Apresente o evangelho de
maneira positiva. Seja um professor equilibrado. Tenha calma quando for
aconselhá-lo. Dirija seus pensamentos para Cristo. Explique-lhe a importância
de se ter autocontrole.
Leve-o a Cristo. Caso seja crente, ajude-o no seu
crescimento, ensinando-lhe as coisas básicas da vida cristã: oração, hora
devocional, estudos bíblicos... Aplique as verdades bíblicas à vida de cada
aluno. Faça sempre uma aplicação geral e outra específica, usando perguntas:
como você pode aplicar isto à sua vida diária? Por que isto é importante? Esta
verdade vai fazer alguma diferença em sua vida? Dê-lhes oportunidades de
fazerem perguntas. Responda sempre apontando os princípios bíblicos. É
importante que o adolescente saiba, com suas próprias palavras, dar a razão de
sua fé em Cristo.
AS CARACTERÍSTICAS DOS JOVENS
Apesar de alguns adultos se preocuparem com a
insensibilidade dos jovens para com as coisas espirituais existem muitos deles
que estão ansiosos por conhecer a verdade. Não se pode mais ignorar o fato de
que os jovens se despertaram para Jesus. Mais do que nunca, eles estão interessados
não só em ouvir o que Deus tem a lhes dizer em Sua Palavra, como também em
praticar o que ouvem. Será que a escola dominical os está ajudando
positivamente? Está encorajando e sustentando esta onda de avivamento? Será que
sua vida, professor, poderá motivar seus alunos a crescer? Certamente poderá,
se você, em vez de levantar barreiras de preconceitos, incompreensão e
indiferença, construir pontes de comunicação, compreensão e respeito. E o
primeiro passo para isso é conhecer bem quem está do outro lado da ponte.
Fisicamente
Muitos jovens têm problemas sérios na questão da
auto-aceitação. Cada um gostaria de mudar alguma coisa no modo como Deus o
criou. Como líder, você deve enfatizar o fato de que a verdadeira beleza é a
interior, que surge quando aprendemos a agradecer a Deus pela maneira como Ele
nos fez. Deve também mostrar a diferença entre o julgamento de Deus e o dos
homens (1 Sm 16.7).
Boa parte deles já são donos de sua vida, e por isso tem
a tendência de se descuidar da saúde. Você deve alertá-los para o fato de que o
corpo necessita de repouso, higiene e alimentação adequada.
Mentalmente
Sua capacidade de raciocínio já está bem desenvolvida.
Querem ter liberdade para discutir assuntos que provoquem polêmica, e os mais
preferidos são os de ordem mundial, filosófica e ideológica. Gostam também de
conversar sobre pessoas do sexo oposto. Sentem necessidade de conversar sobre
assuntos práticos que estejam relacionados com a sua vida e carreira. Pensam
muito e fazem perguntas desejando obter respostas bem pensadas. Não aceitam
nada sem explicação ou motivo justo ou lógico.
Socialmente
Sentem muita necessidade de ter comunhão fraternal com os
irmãos em Cristo. Gostam de ter contato com o sexo oposto. Há perigo de o jovem
ser descuidado e precipitado na escolha do cônjuge. A solidão e a necessidade
de ser amado muitas vezes levam o jovem a tomar decisões que trazem
conseqüências trágicas: casamento misto, gravidez prematura, amor livre, etc.
Os jovens devem aprender a esperar em Deus, para experimentar a vontade de Deus
em cada área da sua vida, vontade que é boa, agradável e perfeita. Devem se
conscientizar do fato de que, se estiverem dentro do plano de Deus, nada sairá
errado.
Emocionalmente
Geralmente são controlados emocionalmente. Já aprenderam
a substituir as explosões de temperamento por demonstrações de cinismo e
chacota. Muitos, porém, têm dificuldade em controlar as emoções.
Espiritualmente
Eles gostariam que a igreja, ao invés de ser uma
organização com regrinhas para serem cumpridas, funcionasse como um organismo
vivo e atendesse mais diretamente às suas necessidades pessoais. Almejam ver
funcionando na prática muitos dos princípios bíblicos pregados do púlpito, tais
como: amor, compreensão, respeito, etc. Estão interessados em dar uma resposta
mais adequada e menos mística, quando questionados a respeito de sua fé.
O QUE E COMO ENSINAR AOS JOVENS
Geralmente os jovens têm problemas com a mente. O
professor poderá ajudá-los nesta área recomendando a memorização de versículos
(como por exemplo o Salmo 119.11) e a meditação neles durante o dia, a fim de
se apropriarem do ensinamento aprendido. Em oração particular devem colocar
diante do Senhor suas dificuldades nesta área e o desejo sincero de uma renovação
mental (Rm 12.1,2).
Os jovens têm muitas dúvidas quanto à sua vocação, a
escolha da cara metade e a vontade de Deus. O professor deve procurar
relacionar Cristo aos problemas da vida usando tópicos como: "O que é
serviço cristão?", "O que é consagração verdadeira?", "O
casamento do ponto-de-vista de Deus", "Como Deus revela sua
vontade", etc. Uma experiência pessoal do professor, contada com
sinceridade e amor, vale muito mais do que muitos princípios de teoria.
O professor deve ensiná-los o que é verdadeiro e bíblico,
para evitar a formação de conceitos falsos acerca do caráter cristão. É
necessário gastar bastante tempo com eles estudando sobre o Corpo de Cristo e
seus aspectos práticos: unidade da Igreja, diversidade dos membros através dos
dons e a interdependência dos membros. O ideal seria que cada jovem pudesse
descobrir seu dom específico, o seu ministério e como atuar nele. Assim
evitaria gastar o resto da vida em atividades e lugar não determinados pelo
Senhor.
A CLASSE DE ADULTOS
Os adultos também têm necessidades mentais, sociais,
emocionais e espirituais. A Igreja, como Corpo de Cristo, tem a tarefa de
suprir essas necessidades. A escola dominical, como agência da igreja local,
pode e deve colaborar muito nesse sentido. Uma das maneiras é:
Estudo bíblico dinâmico
1. Desperte o interesse
Sem o interesse da pessoa não se conseguirá muita coisa.
Como despertar o interesse? Apresente um desafio à pessoa, pois os adultos
aceitam desafios e querem ser desafiados com coisas que realmente sejam
importantes. A maneira mais prática é dar uma tarefa que eles tenham condições
de executar.
2. Interaja
Na escola dominical deve-se dar aos alunos a chance de
escolher alguns temas de maior necessidade pessoal. Exemplos: lar cristão,
finanças, segunda vinda de Cristo, como estudar a Bíblia (métodos de estudo
bíblico), etc.
Estudo bíblico prático
Uma característica marcante dos adultos: sabem mais do
que fazem. São inimigos do trivial. Têm as preocupações do dia-a-dia, como, por
exemplo, finanças e família. Desejam servir e ser úteis ao Senhor e desejam
desenvolver uma filosofia cristã prática, para a vida. Falando em estudo
bíblico, é bom ressaltar que o professor deve ensinar com seriedade, dando
alimento espiritual sólido, pois os adultos não gostam de coisas superficiais.
Dê oportunidades para as pessoas contarem suas vitórias e
derrotas
Entre outras coisas, isso ajuda a satisfazer certas
necessidades sociais do adulto: o desejo de companheirismo, desejo de aprovação
do grupo e o senso de valor pessoal. Muitos enfrentam problemas quanto às
relações humanas e alguns experimentam solidão. Temos necessidade de falar e de
ouvir.
Não adianta querer ministrar à pessoa, com matérias, se
ela não externar aquelas coisas que estão lhe causando problemas. Mas cuidado
para a aula não virar um bate-papo sem finalidade. O uso de certas perguntas
ajuda a dirigir a conversa para um fim proveitoso. Por exemplo: "O que
Deus fez por você nesta semana? Como Deus o usou para ajudar outras pessoas? Como
você colocou em prática os princípios da Palavra de Deus, estudados na semana
passada?".
Leve os participantes a se interessarem uns pelos outros
1. Oração mútua
Incentive cada aluno (ou participante) a orar diariamente
pelos outros componentes do grupo, de maneira pessoal, citando seus nomes.
Nunca devem se esquecer de orar pela obra missionária em geral e pelos
missionários em particular.
2. Prestação de serviço e hospitalidade
O professor deve mostrar com exemplos bíblicos que quando
alguém precisa de ajuda, o grupo todo tem a responsabilidade de se interessar e
fazer alguma coisa por ele.
Estabeleça alvos em conjunto e desafie o grupo a
alcançá-los
Quantas novas pessoas vão ser alcançadas nos próximos 6
meses? E no próximo ano? Quantas vão passar adiante o que estão recebendo? Para
que os alunos possam edificar outros, eles precisam de uma edificação sólida. E
se você é professor, então esta é sua tarefa.
(Uma adaptação de "O Bom Professor Conhece Os Seus
Alunos" por Josivaldo de França Pereira)
Parte IV
CARACTERÍSTICAS DE UM BOM PROFESSOR
As características do professor estão muito ligadas
à sua personalidade e ao seu caráter.
Estas características são também individuais e dependem
da situação e da matéria.
Sugerimos que você faça uma lista que contenha 5 (cinco)
características de um bom e experiente professor.
Geralmente os educadores estão de acordo com respeito às
qualidades necessárias.
Como resultado de um seminário, professores elaboram uma
lista que contém as características (importantes) de um bom professor, a saber:
1. Conhece profundamente a matéria a ser ensinada.
2. Prepara cada aula de forma específica, identificando
claramente o objetivo de cada lição e aula.
3. Explica aos alunos o objetivo da lição.
4. Explica o motivo da tarefa a ser realizada.
5. Cria um ambiente agradável para o aprendizado.
6. Gosta de trabalhar com os alunos.
7. Dá instruções claras e é bem organizado.
8. Apresenta o conteúdo da matéria com modelos ou
exemplos.
9. Mantém-se dentro dos limites do objetivo.
10. Exige muito dos alunos, treina-os para que sejam
responsáveis quanto ao estudo.
11. Atua de maneira constante.
12. É dedicado e responsável, exige muito de si mesmo.
13. É criativo, versátil na maneira de ensinar, possui
novas idéias e novos materiais.
14. É entusiasta e enérgico, porém aceita idéias dos
alunos.
15. Notifica o aluno quanto ao seu aproveitamento.
16. É flexível, está sempre disposto a dar e receber
(aconselhar e escutar).
17. Provê oportunidades de aprendizagem para os alunos
atrasados ou avançados sem causar embaraços, isto é, adapta o ensino segundo as
necessidades individuais dos alunos.
18. Estimula a sala de aula para que haja respeito mútuo
e cooperação (lições e pesquisas em grupo).
19. Trata os alunos como indivíduos.
20. Respeita as opiniões dos alunos, reagindo sempre de
maneira construtiva.
21. Encoraja os alunos a melhorar e ter um bom conceito
de si mesmos.
22. Tem senso de humor, expressa seus sentimentos e
atitudes.
23. Tem um relacionamento amigável com os alunos,
mantendo a disciplina.
24. Coopera com os outros professores.
25. Veste-se de forma adequada.
26. Usa métodos de ensino comprovados.
27. Continua seu desenvolvimento profissional.
28. Conhece a vida pessoal dos alunos.
29. Importa-se em conhecer a comunidade e os recursos
locais.
Várias pesquisas indicam cinco pontos essenciais que
descrevem um bom professor. São eles:
1) Conhecer bem a matéria.
2) Tratar os alunos como indivíduos e ser amigável.
3) Ser criativo, entusiasta e inovador no preparo das
aulas.
4) Ser exigente e manter a disciplina.
5) Manter-se dentro dos limites do objetivo.
CARACTERÍSTICAS DOS ALUNOS DESSES PROFESSORES
1. Demonstram conhecimento da aula.
2. Têm uma atitude amigável uns para com os outros e para
com o professor.
3. São responsáveis quanto ao aprendizado.
4. Respeitam o currículo e a escola.
5. Aprendem conceitos, habilidades e atitudes conforme o
currículo, segundo os resultados dos testes correspondentes.
6. Demonstram um comportamento que indica uma atitude
positiva para com os outros alunos e para consigo mesmos.
7. Geralmente não existe nenhum problema de comportamento
em sala de aula.
8. Aprendem muito mais e melhor.
Parte V
EDUCAÇÃO RELIGIOSA
Refletindo sobre seus benefícios
Para a compreensão dos benefícios a serem obtidos da
Educação Religiosa pela igreja local, é necessária uma compreensão das
potencialidades do ser humano que está envolvido na sua docência e na sua
discência. Não é demais repetir que vivemos num mundo secularizado, maquinizado
e despersonalizador.
No entanto, a igreja vive, pensa e age noutra esfera: tem
um objetivo espiritual, busca a vontade de Deus e o reconhecimento do ser
individual. É grande inspiração para o servo de Deus ler na Sagrada Escritura:
"... eu te chamo pelo teu nome; ponho-te o teu sobrenome", "não
temas, porque eu te remi; chamei-te pelo teu nome, tu és meu", e ainda,
sobre Jesus Cristo: "as ovelhas ouvem a sua voz; e ele chama pelo nome as
suas ovelhas" (Is 45.4b; 43.1b; Jo 10.3b). É a personalização do povo de
Deus, coisa não muito acentuada no contexto secularizado em que trabalhamos,
estudamos e vivemos, quando se é apenas o número do CIC, do RG, ou da Conta
Bancária, e que há de ser ênfase na Igreja de Cristo.
A pessoa humana é imagem e semelhança do Criador, e
confiado lhe foi gerenciar este mundo para revitalizá-lo e fazê-lo produzir sem
agressões ao meio ambiente. É um ser de possibilidades: cresce, adapta-se,
pensa, reflete, cria, transforma, molda, age e interage. A esse ser pleno de
possibilidades, a igreja repassa os benefícios da Educação Religiosa.
O papel do educador religioso está em orientar este ser
humano para a vida em Cristo, guiando-o à maturidade espiritual. A afirmação de
Paulo, "para mim o viver é Cristo" (Fl 1.21), passa a ser programa de
vida, verdade de conduta, vida de fé. Naturalmente, o principal agente da
Educação Religiosa se torna a igreja local, já por ser um grupo de crescimento,
já porque alguns crentes em Cristo não vêem nem têm seus lares na piedade
cristã.
Talvez haja necessidade de despertar igrejas para essas
oportunidades, possibilidades e reconhecimento de benefícios para não cairmos
na triste análise feita pelo Dr. Elton Trueblood,
Houve um tempo em que uma igreja era uma comunidade
corajosa e revolucionária, que estava mudando o curso da história pela
introdução de idéias discordantes; hoje é um lugar aonde se vai e se senta em
bancos confortáveis, esperando pacientemente a hora de ir para casa para o almoço
do domingo.
Isso porque já se chegou à conclusão que tem havido pouco
interesse no estudo bíblico, e assim são poucos os membros da igreja afeitos à
leitura profunda ou ao estudo sistemático da Palavra de Deus.
Por outro lado, com exceção das Sociedades Femininas,
possivelmente, em geral as organizações estão em crise, sendo, ainda um pouco
difícil encontrar professores consagrados e dispostos a dedicar tempo ao
preparo de suas aulas, e ao contato pessoal e extraclasse com os alunos. Isso,
entretanto, há de ser feito, por amor do próprio universo abrangido pela
Educação Religiosa (crianças, jovens, adultos, cf. 1Jo 2.12-14).
Ora, crentes em Cristo têm os pecados "perdoados por
amor do seu nome" (v. 12), conhecem o Pai e "aquele que é desde o
princípio"(vv. 14a, 13a), já venceram o Maligno (v. 13b), são fortes e
retêm a palavra de Deus (v. 14b). Com vistas a esses, a recomendação expressa
do Senhor,
"ensinando-os a observar todas as coisas que eu vos
tenho mandado" (Mt 28.20a), e é por isso que "perseveravam na
doutrina dos apóstolos" (At 2.42a).
PRIMEIROS BENEFÍCIOS
Na Igreja-dos-primeiros-dias, quatro atividades de
Educação Religiosa se destacavam. É conferir no livro dos Atos (2.41-47; 5.42).
O Culto
A primeira delas o Culto (cf. 2.42a). Efésios 5.19-21 e
Colossenses 3.16b são claros em apresentar os elementos que compõem o culto
cristão: os hinos de louvor, as orações, a proclamação e ensino, e o serviço. A
adoração há de ser pessoal (Rm 12.1) e coletiva (Ex 12.26). Na adoração reconhecemos
nossa indignidade, e o sacrifício redentor de Jesus Cristo; buscamos conhecer a
vontade de Deus para poder servi-Lo com todas as veras do nosso espírito. Na
atividade de culto, o testemunho se faz atuante aos não-crentes, aos
adversários, ao que têm impedimentos físicos, e isso por métodos os mais
variados, pois o evangelho deve ser sempre atual falando às pessoas quando e
onde elas estão e como estão num testemunho relevante e inteligível, tomando-se
cuidado com o que já foi chamado jocosamente de "linguagem de Canaã",
o jargão religioso que o descrente pode não entender, e não ter igualmente
sentido para as crianças. Algo assim como: "entregue seu coração a
Jesus" ("como é que eu faço para arrancar e dar a ele?" perguntou
uma criança), "... você está perdido" (de quê?), "... você
precisa ser salvo" (de quê?), e outros tantos.
Se o culto é o relacionamento consciente da congregação
com Deus, quem o cria e o faz de modo consciente é a Educação Religiosa (cf.
Ec. 12.26).
O Testemunho
Deve começar com o ser humano como imagem de Deus. Esse é
um ensino repassado pela Escritura (Gn 1.26; Ef 4.24; 1Co 11.7). Deve falar da
queda e do pecado, e enfatizar a libertação da vida de pecado e a nova vida em
Cristo. Afinal, a Educação Religiosa ressalta que no culto estamos como uma
coletividade de pecadores salvos que confessam seu pecado e o perdão trazido
por Cristo. Ensina que culto é ação. Da parte de Deus que nos agracia com
bênçãos escolhidas por causa de nosso ato de fé, e de nossa parte que lhe obedecemos
porque nele confiamos.
A experiência de estar com a congregação em culto é
pedagógica porque temos uma experiência viva do povo de Deus na história;
crianças, jovens e adultos se vêm como membros da mesma comunidade que cultua.
É preciso crer na família que adora a deus unida quando cada culto se torna uma
experiência de adoração e educação.
A Comunhão
Cantamos dizendo uma verdade bíblica: que "benditos
laços são os do fraterno amor" porque Jesus Cristo é o filtro de nossos
relacionamentos. Assim, nas relações conjugais, familiares, de trabalho,
sociais ou eclesiásticas é o que deve ocorrer. Em tudo, Cristo é o parâmetro, o
meio de aferição e o elo de união. É atestar com declarações como as
encontradas em Efésios 5.22, 25; 6.1,4,5,9, pois "tende em vós aquele
sentimento que houve também em Cristo Jesus" (Fl 2.5), visto que nossa
comunhão está marcada pelo seu sangue (1Jo 1.6,7).
No Novo Testamento, o sentido de comunhão não era
café-com-bolinhos, e sim o de Atos 4.32,34,35. O senso de pertencer, de
ser-um-com-os-outros, de amar e ser amado é uma das mais extraordinárias
experiências da vida cristã (cf. 1Jo 4.19-21). Assim, a educação religiosa nos
dá o reconhecimento do nivelamento que o evangelho dá a pessoas de classes
sociais, raças ou idades diferentes. Através da comunhão, relacionamentos
quebrados são curados e fortalecidos. E isso não é sociabilidade, mas o
reconhecimento que pela graça somos salvos, alimentados pela educação na fé
porque Cristo estabeleceu para a igreja o "ensinando a guardar".
A Capacitação
O próximo passo é o do ensino, a capacitação e
treinamento do povo de Deus para a missão divina. São os novos crentes, a
liderança da igreja, os grupos especiais. Afinal, a igreja não lida com coisas,
mas com pessoas, o que significa que sua tarefa é produzir gente de boa
qualidade. Há registro de que o poeta W.H. Davies conversava com um garotinho e
lhe teria perguntado, "que é que você vai ser quando crescer?"
Naturalmente esperava que dissesse "bombeiro", "médico", ou
outra profissão fascinante. O menino respondeu, "Que eu vou ser quando
crescer?" Pelo seu tom de voz, a pergunta de Davies parecia ter sido boba.
E completou, "vou ser um homem grande!" É mesmo! O final do
crescimento é ser adulto, e isso vale na vida cristã.
Nosso trabalho é produzir jovens que saibam o que crêem,
e que possam declarar sua fé no espírito de 1Pedro 3.15. Para que isso
aconteça, haveremos de enfatizar o estudo sistemático, dialógico da Palavra
Santa, ou seja, não dizer o que se deve crer, mas ajudá-los a descobrir por
eles mesmos; que sejam moças e rapazes de princípios justos e valores
perfeitos; leais à Igreja de Jesus Cristo, à sua denominação, e à sua igreja
local; jovens profundamente conscientes do seu papel no mundo, mostrando-lhe o
que faz diferença na vida para eles expressa na simples expressão, "em
Cristo".
O Serviço
A igreja de Jerusalém tinha uma expressão de Serviço. Que
a igreja nunca seja condenada por sequer pensar, ".. sou eu o guarda do
meu irmão ?" (Gn 4.9b), porque a resposta será "Sim", à luz das
advertências bíblicas (cf. 1Co 12.25; Gl 6.2; 1Tm 5.8). Cada crente em Jesus
Cristo tem recursos para cuidar, zelar, fazer crescer como participante do
Corpo de Cristo com os dons que o Espírito Santo distribuiu soberanamente (cf.
1Co12.6-11). A Educação Religiosa, a educação na doutrina bíblica e na prática
cristã, há de tornar compreendidos esses dons, ao tempo, que, abrindo os olhos
espirituais, capacita com o treinamento o crente. É aí que compreendemos que
"sim, somos o guarda do nosso irmão!"
Por aí se demonstra que o cuidado pastoral é
responsabilidade de toda igreja como comunidade terapêutica liderada pelo seu
pastor. Na profecia do Antigo Testamento está declarado que, "como pastor
ele apascentará o seu rebanho" (Is 40.11a); na ordem aos apóstolos,
"pastoreia as minhas ovelhas" (Jo 21.16); na palavra aos pastores,
"apascentai o rebanho de Deus, que está entre vós" (1Pe 5.2-4); e a
todos os crentes, "... que os membros tenham igual cuidado uns dos
outros" (1Co 12.25b). Cuidado pastoral é um encontro pessoal em amor, e
uma possibilidade para cada crente, pois há muita coisa que se faz como crente
e não se percebe que é puro cuidado pastoral, como a visita de um crente a
outro que mais que social é pastoral.
MAIS BENEFÍCIOS
Os benefícios estão nos próprios objetivos da Educação
Religiosa:
No que se promove uma consciência de Deus como uma
realidade na experiência humana, e um sentido de relacionamento pessoal com
Ele;
no que se procura desenvolver esse entendimento e
apreciação da pessoa, da vida e dos ensinos de Jesus Cristo que leve o crente a
ser leal ao Mestre e a sua causa, manifestando em seu dia-a-dia uma visão do
mundo dominado pelo evangelho;
no que se interpreta a vida e o mundo do ponto de vista
evangélico, vendo neles o propósito e plano de Deus;
no que se desenvolve uma apreciação do significado e
importância da família cristã e se participa e contribui para a construção de
famílias fortes que resultem em igrejas fortes;
no que se promovem as missões cujo espírito não pode ser
transmitido a outros a não ser por aqueles que o possuem;
na educação para a liberdade, para o amor, para o senso
cristão do acontecimento e para o amor pessoal de Jesus Cristo e por Jesus
Cristo;
para o entendimento da chamada de Abraão, de Moisés, de
Isaías, de André e Simão, mas também a de Carlinhos, de Rosa Maria, do irmão
João de Sousa, da Profa Julieta Amaral, do Dr. Henrique Pessoa; da compreensão,
até, dos fracassos como meio de aprofundar a dependência de Deus.
Naturalmente os objetivos pra surtir os benefícios
esperados precisam ser graduados, e, ao dividirmos os grupos de acordo com a
faixa etária, estamos dizendo que a compreensão cristã depende principalmente
da idade da pessoa atendida. Compreende-se, no entanto, a possibilidade de
alternativas, como a divisão de atividades por centros de interesse a partir
dos adolescentes, quando estes, mais os jovens e os adultos se reuniriam em
torno de um centro de atenção para um estudo ou prática inter-etária
(evangelismo, música, capacitação da liderança, etc.). Os referidos centros de
interesse devem funcionar concomitantemente. Daí, já se chega a mais um
benefício que é a realimentação (feedback) do sistema eclesiástico pela
interação de seus membros, visto que a igreja deve ser olhada e analisada
através de uma visão sistêmica. Nessa comunidade de participação, crianças,
adolescentes, jovens, adultos e idosos, mulheres e homens, ovelhas e pastores,
solteiros e casados, cada um enriquece o outro, e aprende a participar da
criação e manutenção de uma igreja mais humana, mais próxima ao Espírito de
Jesus Cristo e mais libertadora.
Então, um benefício certo é a "opção pelo
serviço", no qual a fé ativará a inteligência, a esperança animará a vida
afetiva e o amor essencializará a vontade, pois não explicitou Paulo que
"todas as vossas obras sejam feitas em amor" (1Co 16.14)? E "de
muito boa vontade gastarei, e me deixarei gastar pelas vossas almas" (2Co
12.15a)? Tudo isso num senso crescente do deus Vivo, do apoiar-se em Deus, do
Deus-em-nosso-meio, do Emanuel!
E PARA CONCLUIR...
O que quer que aconteça na igreja é pedagógico, e essa
ação pedagógica há de ajudar o crente a pensar, e guiá-lo a uma perspectiva
diferente de si, dos outros, dos horizontes. Embora a fé se tenha tornado
difícil neste mundo de pensamento lógico e materializado, nosso povo anseia
pela vida de fé com Deus, e aí reside o propósito central da educação
religiosa: ser um fator de participação e de liderança de mudanças nos
envolvimentos do ser humano em suas interrelações. A igreja, por isso, deve se
tornar um centro de convivência, ou no dizer de Miller, "a igreja local é
onde nos tornamos conscientes do começo de nosso sustento na vida cristã"
(p. 194).
Para benefícios ainda maiores, deve-se dar ênfase plena à
lealdade à igreja onde se é membro, onde havemos de crescer com ela, de com ela
nos alegrar, chorar, e nessa era de ignorância da Palavra de Deus, de incerteza
do dia seguinte, de pessimismo diante das coisas, de temor do futuro, o crente
em Cristo continuará a receber os vitalizadores benefícios da orientação
segura, existencialmente correta da Escritura Sagrada na Educação Religiosa.
FONTES PRIMÁRIAS
BARCLAY, William. Fishers of Men. Philadelphia,
Westminster, 1966.
KHOOBYAR, Helen. Facing Adult Problems in Christian
Education. Philadelphia, Westminster, 1963.
MELY, Rafael García. Filosofia de la Tarea Educadora de
la Iglesia. Em: Educación Cristiana. Ano XXIII, no 93 (1968), pp. 23-28.
MILLER, Randolph Crump. Christian Nurture and the Church.
NY, Charles Scribner’s Sons, 1961.
PAGURA, Federico J. Elaborando un Programa Completo para
la Iglesia Local. Em: Educación Cristiana Ano XXIII, no 93 (1968), pp. 19-21.
WIENCKE, Gustav K. (Org.). Christian Education in a
Secular Society. Philadelphia, Fortress, 1970.
WIENER, Norbert. Cibernética e Sociedade, 3ª ed. São
Paulo, Cultrix,. 1970. Trad. J. P. Paes.
Parte VI
ERRO RELIGIOSO
"Jesus, porém, lhes respondeu: Errais não
conhecendo as Escrituras nem o poder de Deus" (Mt 22.29)
Um típico caso de erro em assunto de vida espiritual é o
narrado em Mateus 22.23-33. Os saduceus, membros de um grupo religioso de alta
influência política entre os antigos israelitas, não criam na ressurreição. A
capciosa pergunta feita a Jesus tinha como propósito testá-Lo, desacreditá-Lo
ou brincar com Ele.
O erro dos saduceus foi pensar na vida do Além em termos
terrenos, e na eternidade em termos de plenitude e de novas e superiores
relações que vão transcender numa intensidade infinita as relações físcas do
tempo.
Não vamos comentar o fato de ressurreição dos corpos, mas
a declaração de Jesus Cristo, que é de atualidade e pertinência sem igual,
"Jesus, porém, lhes respondeu: Errais não conhecendo as Escrituras nem o
poder de Deus" (Mt 22. 29), e que nos aponta a fonte de descrença,
ceticismo, desconfiança e erro religioso: a falta de conhecimento das
escrituras e a falta de experiência espiritual.
O DESCONHECIMENTO DAS ESCRITURAS
Sem a Palavra de Deus, as pessoas humanas estão nas
trevas: "Lâmpada para os meus pés é a tua palavra, e luz para o meu
caminho" ( Sl 119.105, cf. Jr 10.23). O teólogo suiço Karl Barth afirmou
com muita propriedade:
"Na Bíblia sempre encontramos aquilo que procuramos:
coisas grandiosas e divina, se coisas divinas e grandiosas queremos encontrar;
aspectos importantes e históricos, se o que nos interessa é o que é histórico e
importante... Os que têm fome nela encontrarão com que se saciar... Existe na
Bíblia um mundo novo: o de Deus".
Sem entendimento das Escrituras, cai-se na apostasia nas
suas mais variadas manifestações:
· Religião Formalista. "Agora, porém que já
conheceis a Deus, ou, melhor, sendo conhecidos por Deus, como tornais outra vez
a esses rudimentos fracos e pobres, aos quais de novo quereis servir?" (Gl
4.9).
No caso dos gálatas, era o formalismo da religião
judaica. É o caso do Cristianismo superficial de tanta gente:
· Pecado e Indiferença. "E, por se multiplicar a
iniqüidade, o amor de muitos esfriará" (Mt 24.12).
Por que haveria alguém de abrir a Bíblia e lê-la? Simples
curiosidade, curiosidade intelectual, interesse de saber em que consiste a fé
evangélica, interesse no significado do ser humano são respostas possíveis. Nós
buscamos a Bíblia para que Deus nos fale;
· Perda de Entusiasmo Espiritual. "Tenho, porém,
contra ti que deixaste o teu primeiro amor" (Ap 2.4).
O Livro de Apocalipse fala "no primeiro amor".
Que é? A esperança e a segurança da fé, a comunhão dos salvos na Igreja de
Cristo, o espírito de evangelismo que deve caracterizar o testemunho. A perda
de entusiasmo espiritual leva à queda na fé. É até possível que se seja leitor
regular da Bíblia e falhe em ver as novas lições que Deus quer ensinar através
dela.
Um psicanalista evangélico suiço, Oskar Pfister, acentua,
"dize-me o que encontras na Bíblia e eu te direi quem és". Afinal, a
Escritura Sagrada tem por objetivo iluminar o espírito (Sl 119.130), produzir a
fé (Jo 20.30, 31), e alimentar a vida espiritual (Mt 4.4). O caráter único da
Bíblia está resumido em João 20.31: "Estes, porém, estão escritos para que
creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida
em seu nome".
Sim; "Errais não conhecendo as Escrituras". É
interessante o ensino prático da Bíblia e como influi na vida de uma nação.
Pimentel de Carvalho nos assegura que o Livro Santo:
(1) ensina os pais a instruirem seus filhos (Pr 22.6);
(2) ensina os empregados a trabalhar honestamente (1Tm 6.1); (3) ensina os
industriais e comerciantes a pagar devidamente os impostos exigidos pela lei (
Rm 13.1,4,6,7); (4) ensina o povo em geral a honrar e obedecer às autoridades
(Rm 13.1,2); (5) ensina a todos a colaborar com o governo, orando pelos
governantes a fim de que Deus lhes dê uma administração sábia e segura (1Tm
2.1-3).
O DESCONHECIMENTO DO PODER DE DEUS
Quem não conhece o poder de Deus sempre limita as Suas
promessas. Abraão recebeu de Deus a promessa de ser pai de uma grande nação e
ser abençoado e engrandecido. No entanto, ao ir para o Egito, temeu pela vida e
disse que Sara, sua mulher, era tão somente sua irmã (Gn 12.12, 13). Sara,
incluida na mesma promessa, depois de dez anos de espera pelo cumprimento da
promessa de ter um filho, tomou uma providência humana demais de ter um filho
através de Agar (Gn 16.3). Moisés, ao ser convocado para a missão de capitão do
povo hebreu, começou a colocar desculpas diante do Senhor: "Quem sou eu,
para que vá a Faraó e tire do Egito os filhos de Israel?" (Ex 3.11). O
Senhor assegura Sua proteção, a Moisés: "Não me crerão, nem ouvirão a
minha voz, pois dirão: O Senhor não te apareceu"( Ex 4.1); e ainda:
"Ah, Senhor! Eu não sou eloqüente, nem o fui dantes, nem ainda depois que
falaste ao teu servo; porque sou pesado de boca e pesado de língua" (Ex 4.10);
e pela quarta vez: "Ah, Senhor! Envia, peço-te, por mão daquele a quem tu
hás de enviar" ( Ex 4.13).
"Errais não conhecendo o poder de Deus!" A
criação do universo é manifestação do poder de Deus (Jo 38.4-10); é poder de
Deus Sua providência e domínio sobre todas as coisas (1Cr 29. 11, 12); é poder
divino a salvação do ser humano; é poder de Deus a disciplina e o castigo (Dt
11.2); os milagres e sinais realizados por Jesus Cristo são expressão do poder
divino (Lc 5.17); a ressurreição de Cristo é poder de Deus (At 2.24); o
evangelho é poder de Deus:
"Porque não me envergonho do evangelho, pois, é o
poder de Deus para salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu, e também
do grego". (Rm 1.16).
Se é preciso conhecer o poder de Deus, e o evangelho é o
poder de Deus, logo, é preciso conhecer o evangelho, que é a mensagem de que
Jesus Cristo pode responder aos mais profundos anseios de nossa alma.
Parte VII
A ESCOLA CRIATIVA
Dicas práticas para sua escola dominical
Eis aqui algumas dicas das professoras Cristina Mellin e
Damaris Scotuzzi para dinamizar um pouco mais a sua escola dominical. Mas
queremos ressaltar que são apenas dicas. Importantes e práticas, mas ainda
assim são dicas. Meios e não fim. Nada substitui um professor bem preparado e o
ensino consistente da Palavra de Deus. Veja meu artigo O PROFESSOR CRIATIVO
neste mesmo site.
COMO MOTIVAR SEUS ALUNOS POR CRISTINA MELLIN
Motivação é interesse e vigor físico para alcançar um
objetivo ou para fazer alguma coisa. Para estudar e entender a motivação dos
alunos, devemos descobrir o que os motiva. Exemplos:
A promessa de um dia de folga após passar no exame foi a
motivação que fez com que todos estudassem e passassem (neste caso, pode-se
entender motivação como incentivo).
Fala-se também que aquilo que o professor fala, o que
faz, como apresenta a aula, pode e deve ser motivador ou causar motivação.
MOTIVAÇÃO = vigor físico + interesse + objetivo ou
enfoque
O aluno motivado é o aluno que presta atenção, faz o
trabalho, participa nas atividades da classe, quer saber mais e, geralmente,
não causa problemas. O contrário de motivação é apatia, preguiça ou falta de
interesse.
A motivação é importante no ensino porque leva o aluno a
responder. Ela desperta curiosidade e provoca respostas, as quais darão
oportunidade para serem premiadas e mudar o comportamento do aluno, seja nos
estudos ou em outras atividades. O aluno motivado começa a participar,
envolver-se e aprender mais.
Gostaríamos de enfatizar a importância da motivação com
respeito à disciplina. Uma classe onde os alunos estão motivados a aprender e a
participar é uma classe de poucos problemas de disciplina. A motivação é uma
chave importante para um ensino melhor e para manter a disciplina.
FATORES DA MOTIVAÇÃO
Distinguem-se seis fatores essenciais de Motivação:
Nível de antecipação ou tensão: o aluno bem sucedido
geralmente é aquele que se preocupa. O professor deve planejar dar
responsabilidade aos alunos, dar oportunidades e desafiá-los a mudarem de
comportamento e aprenderem melhor.
Interesse individual pelos alunos: o professor demonstra
seu interesse no aprendizado e nas necessidades de cada aluno. Ele se comunica
com cada um deles para conhecê-los e ajudá-los.
Tom afetivo: o professor cria um ambiente de aceitação e
boa comunicação para que todos os alunos possam crescer e aprender.
Sucesso pessoal do aluno: o professor planeja
possibilitar o sucesso de cada aluno, tanto para aqueles que precisam de mais
desafio quanto para aqueles que precisam de atenção especial.
Conhecimento de resultados: é dever do professor
comunicar os resultados dos esforços (ou falta de esforço) do aluno. Somente
assim ele será motivado a melhorar.
Relação entre o reforço e a motivação para produzir e
participar: reforço é um instrumento potente para mudar o comportamento. O
professor deve saber como e quando aplicá-lo no ensino e em todo o contato com
os alunos.
NÍVEL DE ANTECIPAÇÃO OU TENSÃO
Refere-se ao nível de ansiedade ou preocupação do aluno.
É fato comprovado que um aluno obterá melhores resultados numa prova ao
sentir-se pressionado (tensão nervosa) do que se não sentir pressão alguma.
Exemplo:
Se o professor disser: "Depois desta lição vou dar
um teste que vai valer nota", a maioria dos alunos irá prestar mais
atenção e irá memorizar melhor a matéria do que se o professor não disser nada.
Certa quantidade de pressão ou preocupação é necessária
para haver motivação para aprender. A pessoa preguiçosa não será um bom
cristão, nem pastor ou professor.
A ânsia sentida deve ser moderada ou poderá tomar a
energia necessária para estudar e aprender.
Existem também casos em que os alunos estão sob tanta
pressão que não podem trabalhar direito. Nesse caso o professor deve diminuir a
tensão ou acalmar o aluno.
O professor deve conhecer seus alunos para saber em que
nível de tensão está cada um deles. Deve também incentivar os alunos a
estudarem mais, especialmente a Bíblia:
Exemplo 1:
(Matéria - Introdução à Bíblia):
Um professor entra e fala: "A semana passada falamos
de forma geral sobre as profecias que se cumpriram. Hoje vamos verificar
biblicamente que Jesus Cristo era (é) o verdadeiro Messias".
O professor explica como isto é importante: "Vamos
nos dividir em grupos de cinco e cada grupo terá como objetivo procurar no mínimo
cinco profecias no Velho Testamento que, cumpridas por Jesus, comprovam sua
identidade. Após isso, cada grupo preparará um resumo para ser compartilhado
com a classe na segunda hora do ensino".
O professor distribui uma folha de instrução juntamente com
livros e com outros recursos para realizar a pesquisa. Ele deve fazer
exigências aos alunos, impor-lhes responsabilidades. Isto causa pressão. Também
exige de si mesmo.
Exemplo 2:
O professor entra e fala: "Prestem atenção: na
próxima semana vocês farão um teste sobre tudo o que vou falar hoje. Darei
dicas indicando os pontos mais importantes, mas anotem tudo o que for
possível".
Em ambos os exemplos os alunos percebem a necessidade de
se envolverem e prepararem-se para obter uma boa nota.
INTERESSE INDIVIDUAL
O professor deve demonstrar seu interesse por cada aluno;
interesse em cada um deles como um indivíduo diferente. Deve demonstrar
interesse em seu sucesso, compartilhando sua fé na capacidade de cada um. Ele
faz com que eles percebam que se sua atenção é sincera, convencendo-os que está
à espera de que todos aprendam e passem. Isto somente é possível se o professor
tiver boa vontade de dar seu tempo e se comunicar eficientemente. Esse respeito
pelos alunos será correspondido.
Outras maneiras de expressar interesse pessoal através do
ensino:
* Mantenha contato individual através dos olhos.
* Mude de posição e mova-se (não fique em um só lugar).
* Use um tom de voz agradável, expressivo e que possa ser
facilmente ouvido.
* Utilize ilustrações e audiovisuais com cores e
desenhos.
* Varie sua maneira de ensinar.
* Faça planos para aplicar as modalidades visual,
auditiva e tátil de ensino.
* Dê oportunidade para os alunos usarem todas as
modalidades ao se expressarem.
* Faça provisão para alunos que tenham provisão
necessidades especiais, lembrando que todos somos diferentes.
Dê oportunidade para todos responderem.
Dê oportunidade para todos expressarem sucesso.
Dê oportunidade para discussão, debate e trabalhos em
grupo.
Estas formas de incentivo ou motivação mantém o interesse
dos alunos, mas, além disso, o conteúdo da lição tem que ser apropriado para as
suas idades. Por natureza, o conteúdo da lição nem sempre é interessante para
os alunos, porém é dever do professor criar uma aula interessante. Para cumprir
com este dever o professor precisa conhecer muito bem seus alunos e
diversificar suas estratégias de ensino.
Freqüentemente considera-se que interesse e motivação
sejam similares. Se uma pessoa se interessar por um trabalho, vai estar mais
motivada a completá-lo. No entanto, somente interesse não é suficiente, é
preciso realizar o objetivo.
Todos os aspectos de motivação influem no desenvolvimento
do interesse. Outras variáveis incluídas são a personalidade do aluno e o conteúdo
apresentado.
TOM AFETIVO OU SENSIBILIDADE DO PROFESSOR PARA COM OS
ALUNOS (clima da sala de aula)
O afeto do professor, a sua sensibilidade e a maneira de
se comunicar vão influenciar o modo de agir dos alunos. Se o professor se
expressa de forma agradável ou de forma dura, criará mais motivação no aluno do
que um ambiente neutro. Contudo, tal expressão deve ser moderada; nem amigável
demais, nem exageradamente dura. O afeto refere-se a atitudes e sentimentos
expressados ou presentes no ambiente.
Sua maneira de ser, atuar e falar é muito significativa.
O professor pode ser frio, distante, desinteressado ou pode ser alegre, amável
e se interessar pessoal e individualmente pelos alunos. Também a sala pode ser
fria, sem nenhuma decoração, ou pode ter avisos, quadros, plantas, animais e
trabalhos artísticos. Isto vai afetar os sentimentos e atitudes dos alunos.
Um ambiente frio e triste não produz motivação para
aprender. A sala deve ter cores e decorações para criar um ambiente de
aceitação. Em uma classe cristã há muitas oportunidades de ilustrar a vida de
Jesus e a vida de um cristão.
Por "tom afetivo" não devemos entender que o
professor deva se comportar como um aluno, ou que não exija respeito. Você pode
ser muito amável e até amigável, sem se pôr a brincar com eles.
SUCESSO (êxito)
O aluno deve sentir e saber que está obtendo sucesso para
querer continuar. O professor tem a responsabilidade de ensinar. Isso significa
mudar a condição do aluno para que ele melhore o seu nível de conhecimento.
O aluno tem que se esforçar de acordo com o grau de
dificuldade. Na realidade, o grau de esforço individual do aluno está muito
ligado à motivação que ele experimenta na aula.
O ensino não deve ser difícil demais nem fácil demais.
Deve ser de valor para o aluno. Deve-se ensinar alguma coisa nova e que seja
fácil de entender.
Alguns alunos não aprendem por causa de suas atitudes.
Geralmente isso reflete um problema pessoal que, por sua vez, tende a refletir
um problema familiar. É responsabilidade do professor mudar a atitude negativa
(não produtiva) dando muitas oportunidades para que este aluno tenha êxito no
que faz. Pode designar trabalhos mais curtos e em seu nível de compreensão.
Deve premiá-lo pelas coisas que pode fazer bem. É importante que ele aprenda a
gostar de aprender e da escola, senão não terá motivação para aprender. A
atitude do estudante para consigo mesmo é muito importante, ele tem que saber
que pode aprender (com a ajuda de Jesus). Muitas das atitudes negativas, como a
falta de motivação e outros problemas, simplesmente desaparecem quando o aluno
recebe a Jesus.
CONHECIMENTO DE RESULTADOS
É importante para o aluno saber que os seus esforços são
recompensados. O professor deve corrigir e devolver os trabalhos com
comentários, sempre que possível. O aluno também precisa saber em que precisa
melhorar para passar. Só saber se passou ou não após terminar o curso não dá
motivação nem oportunidade para melhorar a nota durante o curso.
O aluno precisa saber se as suas respostas estão corretas
ou não.
O conhecimento deve ser claro.
A informação deve ser dada imediatamente após cada
trabalho ou teste, ou o mais rápido possível.
O professor deve se comunicar com os alunos depois da
aula com regularidade. Pode falar com quatro ou cinco deles após cada aula,
mostrando suas respectivas notas, falando a respeito dos trabalhos e como eles
poderão melhorar.
Deve também dar testes regularmente para ampliar o
conhecimento deles e abrir oportunidade para ajudar, começando na primeira
parte do curso.
RELAÇÃO ENTRE REFORÇO E MOTIVAÇÃO
O reforço deve vir imediatamente após uma atividade. Para
criar motivação reforce a ação certa. Logo a pessoa vai repeti-la. Exemplo:
Se João bate o pênalti e faz gol e todos os seus
companheiros o abraçam e gritam de felicidade, João certamente vai tentar fazer
outros gols. Porém, se todos continuam sem dar atenção a João, certamente ele
não vai se esforçar muito na próxima vez.
O professor deve premiar ou recompensar o aluno quando
ele fizer alguma coisa boa. O aluno, pouco a pouco, descobre que quando sua
atitude é boa (faz bom trabalho ou esforça-se para aprender) acaba recebendo a
aprovação de outros alunos e do professor. O uso de reforço cria motivação no
aluno.
MOTIVAÇÃO TEM DINÂMICA
Cada ação do professor causa uma reação no aluno.
* O professor deve decidir qual ação irá usar para obter
a reação que ele quer do aluno.
* O professor muda os reforços do ambiente para motivar
os alunos (deve criar grupos, mudar de atividades, etc.).
* O professor deve criar e trazer materiais para motivar.
* O professor conhece seus alunos e os reforços aos quais
eles respondem, por isso, usará reforço individualmente e em grupo.
* O entusiasmo do professor faz parte do ensino.
Podemos definir motivação de muitas maneiras, embora
nunca esteja ausente a dinâmica: a motivação é criada pela maneira de ser e
agir do professor. A motivação vem do ambiente, dos livros, dos materiais e de
outros alunos. Também cada aluno traz uma motivação própria que precisa ser dirigida
e nutrida. A motivação é uma chave importante para ter disciplina na classe. (O
significado de disciplina é ordem ou comportamento ordenado e correto. Não
estamos falando de castigo.)
* O professor deve motivar seus alunos conforme temos
indicado. Quando o aluno está incentivado para aprender uma coisa específica,
seu comportamento é correto. Ele se concentra no ensino ou no trabalho, sua
atenção é dirigida e ele não se interessa mais por atrapalhar a aula ou
comportar-se mal.
Nem sempre todo aluno vai responder ao reforço do
professor e nem sempre vai ser fácil motivar todos os alunos. Às vezes, embora
o professor faça tudo que está ao seu alcance para motivar os alunos, alguns
deles não têm vontade nem curiosidade para aprender. Esperamos que isso nunca
aconteça em uma escola cristã ou num Instituto Teológico, pois presume-se que
os alunos ali estão por livre vontade e chamado de Deus.
SUGESTÃO: Anote as idéias sobre como pode fazer com que
sua próxima aula seja mais interessante, mais motivadora. Escreva!
SUGESTÕES CRIATIVAS POR DAMARIS SCOTUZZI
Uma boa fixação do aprendizado se obtém não só com
repetição, leitura, exposição sistemática, mas com métodos que estimulem a
criatividade e o construtivismo. Isso é real na escola secular e na escola
dominical.
Quanto mais o aluno se envolve no processo de criação e
construção, maior será o seu aproveitamento. Tem de ser algo íntimo e pessoal,
que envolva de dentro para fora (fixação maior do aprendizado) e não só de fora
para dentro (bases doutrinárias).
Fazendo um paralelo, devemos transformar carboidratos
(doutrina) em energia (ação).
Fomos feitos à imagem e semelhança de Deus. O pecado nos
logrou grande parte das características que herdamos de Deus.
Deus é criativo. Quando observamos a criação ainda hoje,
vemos o poder de Deus e sua indescritível criatividade e construção perfeita e
equilibrada. Observando as invenções humanas, as famosas, domésticas e
sonhadoras artes e o poder de solucionar, criar e construir, sentimos os sinais
do que já foi uma semelhança plena com Deus. Buscar assimilação e fixação do
ensino através do criar e construir é no mínimo um caminho certo.
OBJETIVO DA ESCOLA CRIATIVA
Criar ícones de ligação. O período que ficamos na escola
dominical é pequeno e os objetivos enormes. Seus objetivos não param em
memorização de uma avalanche de conhecimento bíblico, mas visam mudança de
hábitos, idéias e comportamentos através da atuação do Espírito Santo e atos de
observação, repetição, construção e criação.
Temos que criar ligações que vão além do horário
dominical.
Ícones são imagens fortes que se conseguem quando há
total envolvimento e necessidade do objeto que o ícone simboliza. Ex.:
McDonald's.
Ampliar o tempo da escola dominical. Podemos conseguir
isto patrocinando eventos numa gama enorme de variedades: palestras,
confraternizações, campeonatos, feiras, etc.
SUGESTÕES CRIATIVAS
A sugestões a seguir são para reforçar algo que está
sendo estudado de maneira sistemática na escola dominical. Em havendo
premiações, elas serão feitas na escola dominical. Enfatize o patrocínio da
escola dominical.
Fora do horário da escola dominical
Feira bíblica:
Envolvimento: todos os alunos.
Horário: sábado (manhã e tarde).
Local: igreja, escola pública.
Professores desenvolvem junto à classe determinado tema
bíblico ou secular: drogas, arca de Noé, instrumentos musicais, a criação, etc.
O período de preparação pode ser de um mês.
Envolve: enfeitar a classe, confeccionar roupas adequadas
ao tema com TNT (tecido não tecido), maquetes (material reciclável), lembranças
para os visitantes, balinhas e, conforme o tema, algum alimento. Ex.: Bodas de
Caná.
Programação: devocional de abertura, soltura de balões
(por ex.), sorteios durante a feira, encerramento com um culto.
Obs.: Caso a feira seja feita fora das dependências da
igreja poderá haver uma praça de alimentação.
Campeonato de pipas "gospel":
Envolvimento: infanto-juvenil.
Horário: sábado pela amanhã ou tarde.
Local: chácara, EMEI, CEAR.
Especial cuidado com autorização dos pais e acidentes com
fios elétricos.
Distribui-se os participantes em categoria por idade
etc., que trarão pipas confeccionadas por eles próprios com temas bíblicos. A
premiação deve seguir critérios como: tamanho da pipa, beleza, melhor mensagem
e a mais criativa.
Servir um lanche no final e caso haja tempo e espaço
físico preparar uma oficina de pipas.
A premiação deve ser feita na escola dominical para haver
o "ícone de ligação". Lembre-se: uma cerimônia de premiação bem
preparada é marcante e nem sempre é dispendiosa.
Concurso de culinária:
Envolvimento: adolescentes e jovens.
Horário: sexta ou sábado à noite.
Local: salão social ou casa de algum aluno.
Prepare o convite. Enfatize a ligação entre o estudo
bíblico dominical e a reunião. Enfeite o local, escolha os juizes e o tipo de
premiação.
Os pratos preparados serão provados pelos juizes e
concorrerão em categorias.
Serenata:
Envolvimento: todos os alunos.
Horário: madrugada do domingo.
Ocasião: Dia das mães, dos pais, do professor, etc.
Reunir um grupo limitado de pessoas munidas de
mini-cestas de café da manhã (confeccionadas pelo próprio grupo), às 23h do
sábado, e sair fazendo serenata de louvores nas casas pré-determinadas e
entregando cestas. Com certeza o grupo homenageado terá uma escola dominical
cheia de boas recordações para contar.
Gincana total:
Envolvimento: infanto-juvenil ou adolescentes e jovens ou
todos. (Dosar atividades conforme grupo envolvido)
Horário: sábado ou feriado.
Local: igreja, emei, parque.
Início com devocional, apresentação das regras, pontuação
e premiação. Especificar horário de entrega das tarefas (ex.: 10h do sábado até
escola dominical).
Exemplos de tarefas: A classe que 1) trouxer a foto mais
antiga da igreja ganha "x" pontos 2) a maior quantidade de peças de
roupas ou alimentos para doação vale "x" pontos ou 3) alguém com mais
de 70 anos caracterizado de Abraão.
Possíveis prêmios: um almoço para a classe vencedora, um
passeio, uma reforma na sala de aula ou apenas uma lembrança simbólica.
Sopão:
Envolvimento: adolescentes, jovens e adultos.
Local: logradouros públicos.
Material: sopão (pense em doações), literatura,
agasalhos, brinquedos.
Reunir o grupo, fazer devocional e partir distribuindo o
sopão.
Na escola dominical permitir que dois ou três dêem
testemunho a respeito.
Feira das nações:
Envolvimento: todos.
Horário: sábado das 10h às 16h.
Ocasião: Dia do missionário.
Montar stands (carteiras) das nações.
Cada stand abrigará: comida típica, participantes
devidamente paramentados, informações sobre o país e missionários nele
(cartazes e alunos instruídos anteriormente), lembrancinha típica.
Comece com devocional, sorteie prêmios durante a feira,
encerre com um culto.
Boa ocasião para se levantar ofertas específicas.
Lembre-se: toda atividade deve ter o aval de seu pastor e
conselho.
Pode-se montar stand de livros e CDs.
Mini escola bíblica:
Envolvimento: todos.
Horário: um sábado por bimestre (tarde).
Uma tarde de evangelismo infantil, incentivando novas
crianças a freqüentar a escola dominical.
Outros: passeios diversos, teatro, almoços após a escola
dominical.
Dentro do horário comum
Concurso de maquetes:
Envolvimento: infanto-juvenil.
Os alunos trarão maquetes com temas bíblicos feitas em
casa. Prepare um júri, um local de exposição e uma bonita cerimônia de
premiação.
Concurso de poesias e acrósticos:
Envolvimento: todos (cuidado com os critérios e
categorias de julgamento).
Entrevista:
Entreviste alguém de surpresa sobre algum tema que seja
importante para a igreja naquele momento. Prepare um repórter (poder ser uma
criança). Monte um ambiente de entrevistas, crie o "clima", inclusive
com trilha sonora.
Escolha bem o entrevistado para alcançar objetivos.
Cafés da manhã ou almoços:
Eventos que necessariamente ligam horários são excelentes
para a comunhão.
Pode ser mais simples apenas café e leite com chocolate,
por vezes, algumas bolachas.
Podem homenagear alguém, algum departamento da igreja ou
aniversariantes do mês.
Envolva o maior número de pessoas possível.
Bilhetes para serem entregues na entrada:
Devem conter a pergunta bíblica por fora e o dizer
"Só abra se souber a resposta - seja fiel". Dentro haverá um pequeno
prêmio: lixa de unha, pente, bala. Lojas de atacado fornecem uma linha imensa a
preço baixo.
Integração:
Pegue uma foto bem antiga ou objeto de uso pessoal ou
profissional de um aluno. Coloque no painel de avisos por um período
determinado antes da escola dominical. Deixe uma caixa ao lado para que sejam
depositados os votos. Ao final, sorteie um e acertado o nome do aluno em
questão, dê um pequeno brinde a quem acertou. Exponha pequena biografia daquele
aluno e sua família (procure usar recursos audiovisuais).
Como prêmio quem acertou pode almoçar na casa do
"aluno do dia".
TEMA: Gente que faz a escola dominical.
Bandeiras:
Cada classe confeccionará sua bandeira. No encerramento
da escola dominical terá o direito de hastear a sua a classe que obtiver 80% de
presença. A classe que obtiver 100% ganha uma estrela (botão), a que trouxer
mais visitantes outra "condecoração". Depois de um certo período (um
mês ou dois), a classe que teve maior índice de apresentação da bandeira será
homenageada. Valorize a cerimônia de premiação.
Tele-teatro:
Solicite a um grupo de irmãos que prepare uma peça com um
tema da vida secular e a filme passando para a escola dominical. Pode ser feito
em transparência também. Use locações interessantes.
Mini escola:
Se você é superintendente ou diretor da EBD, permita que
a abertura e encerramento da escola dominical sejam dirigidos pelas crianças,
pré-adolescentes ou adolescentes. Verifique o material a ser usado.
Inverno:
10 domingo: tirar foto da família na entrada da escola
dominical.
20 domingo: expor as fotos no mural de avisos (valorize).
30 domingo: entregar fotos (valorize esse momento).
Idéias inter-classes
Fazer um bolo (infantil).
Uma salada de frutas.
Esporadicamente permitir que uma classe faça sua aula em
outro lugar (ar livre, piquenique).
Parte VIII
ESTABELECENDO LIMITES NA EDUCAÇÃO DOS FILHOS
(Provérbios 29.15)
Introdução
"Crianças-problema não surgem do nada. Geralmente,
toda criança-problema tem um ambiente problemático; não se consegue limites
saudáveis quando o ambiente não é propício. Como naturalmente lutamos contra os
limites desde o nascimento, é preciso muita ajuda para desenvolvê-los."
Na verdade, cabe aos pais estabelecer os limites que
influenciaram a formação educacional, moral e espiritual da criança, devendo-se
iniciar logo nos primeiros seis anos de vida.
Os primeiros seis anos de vida são os mais importantes
porque a criança está mais aberta e, com certeza, há de inculcar melhor os
parâmetros que lhe são ensinados, podendo também aproveitar melhor as
experiências espirituais a que são submetidas.
Logo, é nossa responsabilidade estabelecer os limites que
nortearão a conduta de nossos filhos por toda a vida. É certo que não há
garantias de que não se desviarão. Mas imagine se não tiverem limite nenhum?
Com certeza, neste caso, não temos garantia nenhuma sobre nada.
1. O que nos diz Provérbios 29.15?
O livro de Provérbios se destaca pela valorização da
disciplina, entre outras questões. Disciplina, que na visão do escritor
bíblico, não é panacéia, mas também não ser exercida com rigorismo castrador.
O recurso principal para que os pais exerçam a disciplina
é a instrução a partir da Lei, para que de forma construtiva se estabeleça
limites claros e benfazejos para que as crianças se desenvolvam em um ambiente
propício ao equilíbrio emocional e espiritual.
A Lei, que em Provérbios se refere ao Decálago Sinaítico,
deveria ser ensinado com persistência amorosa a fim de que as crianças definam
seus direcionamentos existenciais, desenvolvendo hábitos sábios de pensamento e
de ação que, ao invés de escravizar o indivíduo, capacita-o para que encontre
de modo certeiro os caminhos de sua conduta e a honradez que o distinguirá na
sociedade.
O verso em questão é claro e especifica que quando a
criança não tem nenhum limite para se orientar terminará, com certeza,
envergonhando a sua mãe.
O termo envergonhar tem o sentido de "cair em
desgraça", ou de ter sido lançado em situação de desgraça extremada,
normalmente gerada por um fracasso, quer de si mesmo ou de algo em que se
confiava ou em que investira recursos.
Neste caso, conforme o Texto Sagrado, mais
especificamente em Provérbios, a vergonha é o resultado de uma atitude
imprudente ou imoral, mas também pode ser devido a culpa de se ter feito algo
de errado.
Em última análise, percebemos que a responsabilidade pela
conduta fracassada, imprudente ou imoral dos nossos filhos recai sobre nós, que
deveríamos ter estabelecido limites bem definidos e baseados na Palavra de Deus
para que eles desenvolvessem habilidades existenciais, decidindo pautar as suas
vidas na honestidade, verdade, respeitabilidade, humildade e espiritualidade
sadia.
Somos os responsáveis pelos limites que nortearão os
nossos filhos por toda a vida e não devemos renunciar a este compromisso que
nos é delegado pelo próprio Deus, que nos abençoa com os filhos, Salmo 127.3.
2. Conselhos práticos para o estabelecimento de limites
para os nossos filhos:
Neste tópico poderíamos desenvolver algo tipo um tratado
teológico sobre o tema, mas creio que conselhos práticos serão de muito mais
valia.
Na verdade, não estou inventando nada e nem mesmo, para
escândalo de alguns, tomando por base qualquer literatura evangélica. Estou
apenas transmitindo algo que a Bíblia preceitua há séculos, que a igreja tem
negligenciado, que as escolas têm percebido a falta que faz e que a sociedade
está redescobrindo, que foi publicado na revista Veja dias atrás. Vejamos.
a) As atitudes do dia-a-dia são mais importantes do que
os conselhos - Os nossos filhos aprendem muito mais observando o nosso
comportando do que nos ouvindo.
b) Demonstre afeto incondicional, porém, sem mimar seus
filhos - É extremamente saudável abraçar e beijar os nossos filhos,
independente da idade deles.
c) Envolva-se com a vida de seu filho - A falta de monitoramento
aumenta os riscos de eles se envolverem com drogas, álcool e delinqüência, bem
como de uma gravidez extemporânea.
d) Trate seus filhos de acordo com as etapas de
crescimento dele - A técnica que funciona em uma idade pode ser um desastre em
outra.
e) Estabeleça regras e limites desde cedo - Com o tempo,
tais regras e limites ajudarão os nossos filhos na administração do próprio
comportamento.
f) Encoraje seu filho a se tornar independente - Busca de
independência não é rebeldia, desobediência ou desrespeito, se bem direcionada
pelos pais e se os limites estão bem definidos.
g) Seja coerente - Não mude as regras todos os dias ou
apenas para atender a uma situação específica, pois serão esquecidas ou
negligenciadas e a culpa pelo mau comportamento dos filhos é toda dos pais,
neste caso.
h) Evite castigos físicos violentos ou agressões verbais
- A punição é necessária, mas a violência e os xingamentos sempre têm efeitos
nocivos. Sempre que punir, explique claramente as razões e seja cauteloso no
método e com as palavras.
i) Explique bem as regras e decisões, mas ouça o ponto de
vista de seu filho - Eles aceitarão e acatarão as ordens com mais facilidade se
perceberem que são lúcidas e bem embasadas e que estão sendo valorizados como
pessoa e em suas opiniões.
j) Respeite seu filho - A criança aprende a lidar com os
outros e a tratar as pessoas observando a maneira como os seus pais a tratam e
se tratam entre si.
Não há novidade, nem segredo e muito menos uma fórmula
mágica para a educações dos filhos. Porém, é preciso coragem, firmeza e
participação ativa, que deverão estar associadas ao tempo dedicado e aos bons
conselhos oferecidos, a fim de que as regras estabelecidas sejam bem definidas
e bem entendidas. Só assim temos autoridade suficiente para aplicar a punição
ou o corretivo necessário nas ocasiões em que nossos filhos nos confrontarem.
Conclusão:
Uma pergunta importante que os pais fazem sobre os
limites na educação dos filhos é a seguinte: "será que já não é tarde para
demais pensar nisso?". Os pais que lutam contra problemas graves de
conduta em filhos adolescentes ou já adultos às vezes ficam desesperados e
desanimados. Porém, nunca é tarde demais para começar a fazer o que é certo.
Porém, quanto mais nova a criança, mais fácil será para
estabelecermos os limites como normas. Quanto mais tempo a criança passar na
ilusão de que é Deus, mais difícil será para ela desistir desse mundo
maravilhoso e irreal que existe em sua cabeça.
Uma parte de seu filho precisa de que você se envolva,
ignore todos os seus protestos e assuma o controle. Não raro, ele próprio fica
assustado com suas próprias atitudes e comportamentos inconseqüentes e precisa
de alguém mais forte que o ajude a se conter e a estruturar a sua vida. Lidar
com a resistência e a insolência dos filhos faz parte do processo educacional
e, de certa forma, os nossos filhos sabem disso.
É possível que tenhamos de nos contentar com um resultado
abaixo do esperado. Um adolescente de dezesseis anos que demonstra uma falha de
comportamento a vida inteira dificilmente mudará da noite para o dia. Mas ele
pode aprender lições muito importantes que irão ajudá-lo a crescer nos últimos
anos antes de entrar para a vida adulta.
O problema é que às vezes os pais são desorientados e
necessitam de tratamento, de alguém que lhes imponha limites. Quem não aprendeu
a obedecer jamais será capaz de orientar objetivamente os limites necessários
para os seus filhos. Mas mesmo assim, inicie o processo de reversão em sua vida
e família, à luz da Palavra de Deus. Muitas vezes os nossos filhos, percebendo
a nossa luta interior para nos tornarmos melhores, passam a fazer exatamente o
que lhes ensinamos nos últimos anos antes de saírem de casa e começam a aplicar
os limites indicados em suas vidas.
Não desista de seu filho. Aproveite cada oportunidade.
Nós pais somos os únicos pais que ele têm; ninguém mais no mundo tem tanto
poder de influência sobre eles quanto nós.
O PROFESSOR CRIATIVO
O Dicionário Universal On Line da Língua Portuguesa
define criatividade como "capacidade criadora; aptidão para formular
idéias criadas; originalidade; engenho". O adjetivo criativo, por sua vez,
é definido como "que tem capacidade para criar; que tem originalidade inventiva;
criador".
São definições boas e interessantes. Mas não podemos
entender todas as palavras que definem criativo e criatividade como absolutas.
Por exemplo: originalidade ou originalidade inventiva não pode significar
criatividade ou originalidade no sentido absoluto do termo, como significando
criar do nada, sui-gêneris. O único ser original, no verdadeiro sentido do
termo, é Deus. Deus é tão original que criou todas as coisas do nada. A
criatividade humana é, portanto, no mínimo relativa. Nesse sentido pode-se
entender porque alguém disse que a originalidade em escrever é a arte de copiar
sem citar a fonte. Ou, como disse outro, copiar de um livro é plágio, mas
copiar de vários livros é pesquisa. É claro que não é correto copiar ipsis
litteris ou dizer o que alguém disse ipsis verbis sem citar a quem de direito.
O ponto em questão é: Ninguém anda só.
Portanto, amigo professor, se você mencionar alguém ou
copiar alguma coisa literalmente, cite a fonte. Mesmo que você não saiba ou não
lembre de pronto o nome do autor. É de alguém? Então diga "alguém",
ou algo parecido; apenas para ficar claro que você não é o autor. Isso não é
demérito para você. Um Doutor (PhD), por exemplo, não é menos criativo por
fazer citações diretas ou indiretas em sua obra, ou mesmo por citar uma relação
infindável de autores na bibliografia. Sua criatividade não está, propriamente,
no ajuntamento das variadas informações, e sim, na habilidade de interpretar
com suas próprias palavras conceitos que nem sempre são dele mesmos. O que ele irá
relatar talvez não seja tão novo assim; porém, o modo como vai escrever ou
falar somente ele saberá como fazê-lo. É uma questão de personalidade.
Com isso em mente gostaria de compartilhar com você,
professor e professora da escola bíblica dominical, sobre a sua criatividade na
sala de aula, mas não sem antes verificarmos as possíveis fontes dessa
criatividade e a preparação de uma aula criativa. E depois que eu acabar de
falar ao seu coração (assim esperamos), por favor, entre em contato comigo,
para dar sua opinião sobre este artigo, além de sugestões e criticas
construtivas. Com certeza este artigo não deverá terminar no fim da leitura com
um simples ponto final. Ele não ficará completo agora. Então, vamos terminá-lo
juntos? Estou esperando por você.
O PROFESSOR CRIATIVO E AS FONTES DE SUA CRIATIVIDADE
Quais seriam as possíveis fontes da criatividade do
professor? Podemos relacionar como principais as seguintes:
Deus
Deus é a fonte de tudo que é bom (cf Tg 1.17). Ele é a
bondade em essência. Quando Deus criou todas as coisas não apenas aprovou como
bom tudo que fez, mas também expressou o reconhecimento da glória de Sua
criatividade.
Além disso, Deus é a fonte da sabedoria. Salomão pediu
sabedoria ao único que realmente poderia lhe dar. A Bíblia nos exorta a
buscarmos com fé a sabedoria lá do alto para a realização da obra de Deus (Tg
1.3-5). É Deus quem nos capacita com a Sua graça para que sejamos verdadeiros
instrumentos nas Suas mãos (1 Co 15.10; 2 Co 3.5; Ef 3.7,8).
Professor, busque a excelência da sabedoria. Conte com
Aquele que poderá revesti-lo com a graça do saber. Tenha uma vida de verdadeira
comunhão e oração com o seu Deus. Ande com Deus. Busque a Deus, prepare-se em
oração e meditação na Palavra para você desfrutar o quanto antes da colheita do
seu trabalho.
A excelência do ensino começa aí. Ensinar é muito mais
que os poucos minutos dentro de uma sala de aula. Ensino é vida, e essa vida
você adquire andando com Deus.
Mas cuidado, não confunda a fé com negligência. Quando
Deus dá sabedoria não a dá como se fosse um raio que de repente cai sobre a
nossa cabeça e passamos a conhecer, de agora em diante, todas as coisas. O que
Deus faz é primeiramente aguçar a fome e sede da Palavra e da oração e nos
burilar em nosso dom.
Você não pode falar da Palavra se não tiver prazer na Lei
do Senhor. Você não deve falar de oração se não possui uma vida de oração. Nós
não podemos dar o que não temos. O professor precisa viver o que fala.
Certamente isso falará mais alto do que o próprio ensino. Além disso, o
aperfeiçoamento do seu dom ocorrerá mediante erros e acertos. Não foi bem hoje,
não desista. A perfeição na arte de ensinar se adquire com a prática.
A Bíblia
A Bíblia é outra fonte inesgotável de criatividade. É
impressionante como uma leitura bíblica bem feita aguça consideravelmente o
nosso intelecto. Não há como preparar uma boa aula sem a Bíblia. Afinal, ela é
o nosso principal instrumento de trabalho.
As histórias da Bíblia são as melhores ilustrações que um
professor pode ter para incrementar suas aulas. Há outros recursos? é evidente
que sim. Mas a Bíblia é insubstituível. O que os seus alunos querem e precisam
ouvir é a Bíblia. Esta é a sua missão: Ensinar a Bíblia aos seus alunos.
Tudo na Bíblia tem uma aplicação prática para a nossa
vida. Paulo disse que tudo quanto outrora foi escrito, para o nosso ensino foi
escrito (Rm 15.4). Devemos, portanto, imitar os bons exemplos que temos na
Bíblia, e evitar os erros daqueles que erraram antes de nós.
Sendo assim, dentre todas as suas leituras, dê prioridade
à Bíblia, pois é ela que realmente edifica, além de ser a sua principal
ferramenta de trabalho. Ensine a Palavra e viva o que a Palavra ensina.
A literatura eclesiástica e secular
Entre tantas coisas que nos influenciam nesta vida,
poucas são tão eficazes quanto os livros. Através dos livros somos capazes de
viajar a lugares longínquos e até inimagináveis, pois eles invadem a nossa
cabeça e mudam, muitas vezes, a nossa maneira de pensar; nossas atitudes;
hábitos, etc. Daí a importância de lermos bons livros, porque, sendo bom ou
não, um livro sempre nos influenciará em alguma coisa. Como disse um velho
professor de literatura que eu tive, "somos o que lemos". Nesse caso,
o importante não é tanto a preferência literária que se tem, mas sim, o
conteúdo do que se lê.
Talvez possamos dividir os livros em técnicos e comuns;
religiosos e seculares. De um e de outro lado pode-se encontrar bons e maus
livros. Você, amigo professor, quer fazer o melhor? É claro que quer. Todos nós
devemos almejar a excelência do ministério que Deus nos deu. Então, seja amigo
dos livros. Leia muito. Leia bons livros.
Recomendo a você a leitura de livros como As Sete Leis do
Ensino; Igreja Ensinadora; Ensinando Professores a Ensinar; Aprimorando a
Escola Dominical; A Pedagogia de Jesus; Didática para a Escola Dominical; O Bom
Professor Conhece Seus Alunos e Socorro! Meus Alunos Sumiram. Esses livros
poderão ajudá-lo. Alguns deles podem estar esgotados, mas você encontrará, se
não esses, outros iguais ou até melhores nas principais livrarias evangélicas
de sua cidade. Você notará que nem todo livro didático é tão pratico como
deveria ser. Alguns livros didáticos que li não me ajudaram muito, porém, a
maioria deles foi enriquecedora.
Além dos livros de pedagogia evangélica também temos bons
livros na literatura secular. Recomendo pelo menos três deles: Didactica Magna;
Planejamento de Ensino e Avaliação, e Ensino: As Abordagens do Processo. Minha
professora de psicologia da educação da faculdade de filosofia dizia que este
último é a bíblia da educação. Ele é um pouco enfadonho, mas é muito bom.
Mas não pare aí meu caro professor. Leia todo tipo de
literatura. Leia revistas e jornais, enfim, leia de tudo. Mas leia sempre com
senso crítico. Até mesmo os livros evangélicos! Qualquer literatura fora da
Bíblia é passiva de desconfiança. O único livro para o qual você deve abrir
totalmente seu coração é a Bíblia. Fora dela leia de tudo um pouco e retenha o
que é bom.
Outras fontes de criatividade
A natureza é uma outra fonte inspiradora da criatividade.
Mesmo para quem mora nos grandes centros das cidades é possível perceber um
pouco da glória de Deus em Sua criação. Contemple a perfeição de Deus. Veja
como Ele foi criativo ao criar o sol, a lua, as estrelas, as árvores, os
pássaros, a formiga e você. A criação de Deus emana a criatividade do seu
Criador.
Além disso, nesses tempos de pós-modernidade podemos
tirar proveito de toda esta tecnologia que faz parte do nosso cotidiano. A
televisão é uma boa fonte de informação que ajudará o professor criativo a
estar por dentro dos acontecimentos. Os telejornais ajudam bastante.
Outra bênção da modernidade, quando bem utilizada,
diga-se de passagem, é a internet. Os recursos da internet são incalculáveis.
Com ela você fica muito bem informado, além de poder ajudar outras pessoas que
possuam a mesma tecnologia. Eu esperei dez anos para ter meu computador, e
valeu a pena, pois eu o adquiri no auge da internet. Hoje, além de ter nas mãos
informações variadas, posso dar minha humilde contribuição ao compartilhar com
outras pessoas alguns de meus artigos e estudos bíblicos.
O PROFESSOR CRIATIVO E A PREPARAÇÃO DA AULA
Não é preciso dizer que uma boa aula é aquela que se prepara
com calma, antecedência e nunca na última hora às pressas. Como deve ser,
portanto, a elaboração de uma lição, a fim de que ela seja bem apresentada na
sala de aula?
A preparação de uma boa aula consiste da preparação do
professor. Por mais óbvio que isso para ser, não podemos fugir dessa verdade. A
lição pode estar até bem preparada, mas se o professor não estiver preparado
para o dia de sua apresentação, certamente ele não vai render.
O antes do professor criativo
Antes da preparação da aula propriamente dita, é preciso
que o professor faça das fontes de criatividade uma prática natural do seu
ministério. Eu entendo aquelas palavras de Paulo, "o que ensina, esmere-se
no fazê-lo", como facilmente aplicável nesse quadro.
Se você não tem tempo para se dedicar ao ensino, então
não cometa o pecado do despreparo. Não subestime a inteligência do Espírito
Santo de Deus assumindo um cargo do qual você não está devidamente qualificado,
apenas porque não tem outra pessoa para fazê-lo. A obra de Deus deve ser feita
com brio, zelo e dedicação, jamais de qualquer maneira e relaxadamente.
Professor, a apresentação de sua aula deve representar
uma pequena parcela daquilo que você fez antes. Professor criativo e dedicado
não é aquele que apenas ensina, mas é aquele que se prepara e se empenha com
afinco e antecipadamente para o ensino. A diferença básica entre o professor e
o aluno é que aquele estudou antes deste. Portanto, "o que ensina,
esmere-se no fazê-lo".
O durante do professor criativo
Durante a preparação da aula organize, em espírito de
oração, é claro, tudo que você conseguiu através do preparo prévio. Faça um
esquema dos pontos principais de sua lição. Se você se sente à vontade em levar
suas anotações para a sala de aula, deixe tudo bem arranjado para que você não
se perca durante a apresentação. Nunca leve seus rascunhos para a sala de aula,
mas sempre seus apontamentos finais, bem elaborados e definidos.
Deixe-me esclarecer uma coisa: quando eu digo se você se
sente à vontade em levar anotações para a sala de aula, não estou de modo algum
condenando essa prática. É melhor ter em mãos uma pró-memória do que ir para a
aula sem nada e fazer feio. Uma anotação bem feita geralmente é vista com bons
olhos pelo povo. Quando um professor não se sai bem na exposição da aula, a
falta de um esboço ou algo semelhante torna mais evidente sua negligência. Eu
particularmente procuro não levar anotações para a aula, porém, é preciso
dominar muito bem o assunto que se vai abordar.
Na verdade, com ou sem papel nas mãos precisamos conhecer
muito bem a matéria que vamos ministrar. Suas anotações devem passar tão
despercebidas aos olhos das pessoas quanto aos seus. Use seu papel, mas não se
detenha demasiadamente a ele. Mesmo que precise usar anotações ou esboço,
domine o tema.
Muito bem, você esquematizou sua lição, organizou todos
os tópicos e sub-tópicos. Agora vamos para o passo seguinte.
O depois do professor criativo
Depois que você se preparou para preparar sua aula e
então deixou tudo esquematizado, faça uma revisão de cada ponto. Planeje a
ministração de suas aulas, relacionando entre si seus temas para que haja
coerência e se evite a antecipação da matéria quando chegar a apresentação da
aula propriamente dita. A partir daí inicie um levantamento das possíveis
perguntas que sua classe faria. Um trecho de poesia popular nos diz quais são
essas perguntas:
Tinha seis amigos fiéis,
Ensinaram-me tudo quanto sei,
Chamam-se Como e Que e Por que,
Onde e Quando e Quem.
Use o mesmo princípio para estabelecer as perguntas que
você faria a sua classe. Terminando isso, com certeza estará preparado para dar
sua aula, porque agora você sabe exatamente o que pretende dizer. E saber o que
se vai dizer é extremamente significativo, pois a maioria das pessoas não tem
dificuldade em perceber quando o professor está enrolando. Só fale quando
realmente tiver algo a dizer.
O PROFESSOR CRIATIVO E A AULA PROPRIAMENTE DITA
Chegamos na sala de aula. Qual deve ser nosso
procedimento agora? Ensinar? É claro, mas vamos com calma. A aula é o resultado
natural do que fizemos antes. Se não nos preparamos, ou não nos preparamos
adequadamente, isso ficará evidente no ensino. O princípio é o mesmo para uma
boa preparação prévia. Estando bem preparado ficamos seguros e transmitimos
segurança também. Contudo, existe um fator que aumenta ainda mais essa
segurança e que eu acho importante compartilhar com você.
Vamos nos ambientar?
Este fator é a ambientação. O que isso significa? Bem,
você orou em casa, estudou, está preparado e agora entra na sala de aula, dá um
bom dia a todos, faz mais uma oração, canta um hino talvez e começa a aula,
certo? Não! Faltou ainda o aquecimento. Você é um atleta de Jesus, também
precisa se aquecer.
Por ambientação entenda-se chegar cedo, vinte, trinta
minutos ou mais antes do início da aula, a fim de entrar no espírito da aula
com a classe ainda vazia. Medite, ore mais uma vez. O bom professor não é
aquele que chega deliberadamente atrasado, muito menos aquele que chega em cima
da hora. O bom professor chega cedo na sala de aula. Eu mesmo tenho uma
dificuldade tremenda em ensinar ou pregar se não estiver ambientado. Já passei
por isso por força da circunstância e não gostei. De modo que, com dez anos de
ministério, dá para contar nos dedos de uma única mão quantas vezes cheguei
atrasado em um compromisso. Você está me entendendo professor? É mais ou menos
como aquela corrida em que o atleta chega antes para fazer aquecimento e se
concentrar para a prova.
Interagir: a melhor maneira de ensinar
Costumo dizer para a minha classe bíblica dominical e de
estudo bíblico semanal que a minha aula é feita 50% por mim e 50% por eles.
Isto não quer dizer que eu me preparo pela metade, e sim, que na elaboração de
minhas aulas há espaço para os meus alunos. Eles ficam felizes em saber que são
importantes por terem participação direta no meu ensino. Eles perguntam e eu
respondo, sem que eu ofereça respostas prontas. Além disso, procuramos fazer de
cada aula um momento bem descontraído sem perder a reverência.
Geralmente apresentamos uma série de lições semanais,
relacionadas umas às outras, com estudos diretamente da Bíblia. Não uso revista
ou apostila. Só a Bíblia. Não distribuo material para evitar a distração e o
adiantamento do que estou falando. Mas isso não quer dizer que meus alunos
ficam sem o que fazer durante a semana. Peço que a classe leia, na semana,
textos bíblicos referentes ao tema que estamos estudando ou iremos estudar,
responda algumas perguntas relacionadas ao tema e traga suas dúvidas para a
próxima aula. Além disso, os alunos são constantemente incentivados a lerem a
Bíblia como um todo. Todos devem trazer papel e caneta para anotações.
Relacionamos as lições ao cotidiano deles, desafiando-os
a praticar as verdades aprendidas. Avaliamos o êxito do trabalho verificando
semanalmente a transformação em suas vidas, o que é deveras gratificante e
compensador. Os alunos também participam sugerindo temas de estudos. Não existe
monopólio em nosso grupo.
A maioria dos meus alunos faz pergunta naturalmente, isto
é, geralmente não preciso instigá-los. Quando um assunto é interessante aos
ouvintes, eles se manifestarão sem maiores dificuldades. Mas quando eu percebo
que após cinco minutos a classe permanece quieta, então começo a lançar algumas
perguntas trazidas de casa e, daí em diante, tudo transcorre bem. E quando
alguém quer falar além da conta, muitas vezes tentando sair do tema proposto
(intencionalmente ou não), com habilidade procuramos cortar, aproveitando uma
pausa na fala dele, e assim retomamos o bom andamento da aula.
Onze lembretes importantes:
1) Professor, evite dar as respostas de suas próprias
perguntas imediatamente. Se a classe sabe que você irá responder logo em
seguida, sem que ela tenha tempo de responder, com certeza não se entusiasmará
em respondê-las. Na verdade ela ficará com a impressão de que você realmente
não está tão interessado assim no que eles pensam.
2) Evite também aquelas perguntas incompletas como, por
exemplo, "Deus amou o...". Isso aborrece. Pode ajudar numa classe de
crianças pequeninas, mas é terrível no caso dos maiores.
3) Nunca desdenhe uma pergunta por mais óbvia que ela
pareça ser.
4) Não ria jamais com a pergunta de seu aluno. Geralmente
ele receberá isso como desprezo, não da pergunta, mas da própria pessoa dele.
5) Faça elogios sinceros aos seus alunos por mais simples
que sejam as perguntas ou respostas.
6) Quando tiver dificuldade com alguma pergunta, valorize
seu aluno ou aluna, agradeça a pergunta e peça-lhe permissão para saber o que a
classe pensa a respeito.
7) Jamais manipule a palavra. Você não é o dono da
verdade. O bom professor aprende juntamente com seus alunos.
8) Seja humilde e sincero; não tenha vergonha de dizer
"não sei" ou "vou pesquisar e trago a resposta semana que
vem". Mas traga mesmo! A igreja saberá que além de humano você é uma
pessoa de palavra.
9) Evite o distanciamento do assunto proposto na classe.
Tenha o controle da situação.
10) Seja dinâmico e dê sua aula com gosto e entusiasmo.
Isso compensará o fato de, por exemplo, o aluno levantar cedo e ir à escola
dominical, pois certamente ele irá à aula com o mesmo entusiasmo seu.
11) Sua aula precisa ter começo, meio e fim. E se
porventura não teve tempo de terminar a lição, deixe bem claro que ela terá um
fim. Seus alunos precisam saber para onde você e eles estão indo.
O professor também pode enriquecer sua aula com recursos
audiovisuais. Estes recursos são fundamentais na classe de crianças porque elas
dependem dessa percepção. Na classe de adultos também ajuda. Visualizar,
através de uma lousa ou retroprojetor o que está sendo ensinado, ajuda
bastante. Contudo, vale aqui uma ressalva. Nenhum recurso audiovisual substitui
a pessoa do professor. Já vi professor dando um show de aula sem recurso algum,
como também presenciei professores com todos os recursos se expressando de
maneira apática. O bom é unir o útil ao agradável, porém, nada substitui a
figura do professor.
Com água na boca
Para a glória de Deus, faça o melhor em classe. Deixe o
povo com água na boca. Primeiro pela aula em si; segundo pela curiosidade. O
ser humano é por natureza curioso. Aguce essa curiosidade. Não fale tudo numa
única aula. Deixe um pouco para a semana que vem.
Na igreja onde sou pastor costumamos, no final de cada
aula, despertar os alunos quanto ao próximo assunto a ser estudado,
mostrando-lhes a possibilidade de aprenderem coisas novas e como poderão
solucionar algumas questões em casa e resolver outras em classe. Este é um dos
motivos pelos quais eu não adoto revistas. Já usei muito, mas hoje não. Isso
não é uma crítica para quem as usa. Temos boas revistas que podem e devem ser
usadas com o máximo proveito. Porém, as revistas geralmente costumam ter lições
diferentes umas das outras, a pesar de estarem todas sob um mesmo tema. Sem
contar que muitas vezes acomoda aquele professor que ao invés de usá-las apenas
como roteiro, não faz novas pesquisas, lê toda revista na sala de aula, não
acrescenta nada de novo e, como resultado, torna a aula cansativa e enfadonha.
Eu prefiro uma seqüência bíblica. Quando fui pastor em
Santa Catarina a igreja que pastoreei não usava revistas. Eu sempre as usei nas
poucas igrejas onde fui pastor. Assim que cheguei no Sul disse ao conselho que
gostaria de adotar uma revista. Foi quando eles me sugeriram que eu fizesse um
teste por alguns meses. Caso não me adaptasse, a igreja adquiriria as revistas.
Para minha surpresa peguei gosto pela coisa, visto que o aproveitamento da
classe foi bem maior. Além de acabar de uma vez com aquela velha briga,
"gente leia a revista!", "vocês precisam ler a revista!",
"quem leu a revista em casa?", e economizar um bom dinheiro.
Ao retornar a São Paulo assumi uma igreja que adotava
revistas. Propus um teste de três meses sem as revistas. Aí foi a igreja que
pegou gosto. A minha classe, por exemplo, cresceu em todos os sentidos porque
ninguém perdeu o interesse pela escola bíblica dominical. Em nossa igreja o
professor tem liberdade de adotar ou não uma revista (desde que seja de uma
editora idônea) e também escolher, juntamente com a sua classe, o tema que
quiser.
Nossa escola dominical está crescendo bastante e todos
são unânimes em afirmar que isso é o resultado de uma escola dinâmica e
criativa. Os professores partem do princípio de que ninguém é uma tabula rasa,
na qual são impressas, progressivamente, imagens e informações, e sim, que
todos, professores e alunos, têm potencial para fazer uma escola dominical cada
vez melhor.
Vale a pena investir na escola bíblica dominical!
Parte X
OS ESTUDOS BÍBLICOS E A PALAVRA DE DEUS
Há estudos que chegam a receber, na média, nota bem
próxima de dez. Outros, sem esse tipo de aferição, são lidos por centenas de
usuários. Ás vezes, em poucos dias, o número de leitores ultrapassa duas
centenas.
Essa corrida aos estudos demonstra grande interesse pela
leitura da Palavra e serve para preencher a lacuna deixada por escolas bíblicas
dominicais. Todavia, devemos ter o cuidado de não substituir a Bíblia pelos estudos.
A Bíblia será sempre o padrão. Não raro, principalmente em assuntos polêmicos,
o autor do estudo emite opinião pessoal, seja em assuntos controvertidos, seja
na interpretação de textos. Entendo que o tempo dispensado à leitura da Bíblia
não deve ser menor do que o dedicado à leitura dos estudos bíblicos. Convém
seguirmos o exemplo dos bereanos, que examinavam cuidadosamente se o que Paulo
e Silas pregavam estava de acordo com as Escrituras. Então, não se deve fazer
ou deixar de fazer alguma coisa em razão do que algum escritor, seja pastor ou
não, ensina. Antes de qualquer atitude, medite e tire suas próprias conclusões.
A fonte de qualquer estudo bíblico, como o próprio nome indica, é a Bíblia,
mas, em razão de nossas imperfeições, é possível haver desencontros. Passar a
praticar determinados atos apenas porque determinado escritor diz que pode ser
praticado não é aconselhável. Os estudos não podem ser traduzidos como
infalível jurisprudência bíblica. As experiências pessoais nele contidas não
podem ser consideradas doutrinas bíblicas, pelas quais devamos nos orientar.
Somente a Bíblia é “proveitosa para ensinar, para
repreender, para corrigir, para instruir em justiça, a fim de que o homem de
Deus seja perfeito e perfeitamente preparado para toda boa obra”.
Parte XI
A PROPÓSITO DE "OUSADIA E DESAFIO DA EDUCAÇÃO
TEOLÓGICA"
Ousadia e Desafios da Educação Teológica - 100 anos do
STBNB (1902-2002) (Recife, STBNB Edições, 2002), é um pequeno grande livro
escrito pelo Dr. Zaqueu Moreira de Oliveira, Diretor-geral do Seminário
Teológico Batista do Norte do Brasil (Recife, PE), para comemorar o centenário
dessa respeitada instituição de ensino. Após sua leitura, algumas idéias foram
anotadas.
A Educação Teológica é tão antiga quanto a própria história
sagrada; quanto os dias do Novo Testamento. Da Idade Média ao século 19, houve
acentuadas mudanças. Na história do pensamento, tudo girava em torno da
Educação Teológica. Havia quatro disciplinas básicas: o Direito (Leis), a
Teologia, a Medicina e as Artes. Mais adiante, a Teologia se separa das outras
disciplinas, organizando-se nas universidades as Escolas de Divindades
(Divinity Schools ou Divinity Colleges), oferecendo o grau de Doutor em
Divindades (D.D.), que na Europa é grau acadêmico compatível com o Doutor em
Teologia (Th.D.), e nos Estados Unidos um grau honorífico (Honoris Causa). O
grau de Mestre em Divindades (M.Div.), um mestrado profissional, de cunho
nitidamente pastoral, em contraposição ao Mestre em Teologia (Th.M.), voltado
para a pesquisa e ensino. A partir do século 19, o modelo alemão de pesquisa se
tornou dominante no campo da teologia.
Existem valores que são intrínsecos e valores que são
instrumentais na Educação Teológica tanto quanto em qualquer outra qualidade de
educação. O valor intrínseco é ajudar o seminarista a se tornar uma pessoa de
qualidade mais do que ensiná-lo a fazer determinadas coisas.
O valor instrumental é capacitá-lo a atacar os problemas
do mundo em que atua, e não apenas os problemas acadêmicos, o seu dia a dia, a
prova, os trabalhos escritos. É uma visão maior, global do mundo.
Devemos refletir igualmente sobre certas razões práticas
e pedagógicas e teológicas. No caso do motivo prático, o ministro deve ser como
Cristo, ter a mente de Cristo; deve conhecer a Palavra de Deus, pois o mesmo
Jesus Cristo exorta que "Errais não conhecendo as Escrituras...", e
ele deve fazer a obra do ministério, e completando-se, então, com "Errais
não conhecendo... o poder de Deus". O ministério, o serviço do evangelho, é
o poder de Deus em ação.
Razões pedagógicas são o comprometimento com Deus, que
deve ser uma ênfase levada muito a sério; uma sólida educação teológica, e
ousamos dizer que algo importante em que o Seminário pode ajudar o seu ministro
(uso a palavra "ministro" para abranger os ministérios que são objeto
de atenção e ensino por parte deste Seminário) é a questão dos relacionamentos,
tanto na sua comunidade eclesiástica quanto na sociedade. O Seminário é um
laboratório, é uma amostragem do que será a igreja de Cristo que o ministro há
de liderar, e quem consegue passar, especialmente pelo internato do Seminário,
está habilitado a assumir qualquer igreja depois, por ser uma amostra dos
variados comportamentos dos que fazem a igreja.
Outro fenômeno que ocorre nos seminários é a presença de
idosos e de mulheres, que fiéis ao seu chamado buscam melhor preparo para o
exercício dos seus ministérios. Isso é mais uma amostra da vida da igreja onde
somos servos. Mencione-se, outrossim, o aprofundamento da compreensão pessoal
da fé.
Quanto às razões teológicas, lembramos que David Tracy
escreve que a Educação Teológica deve olhar para três públicos: a escola, a
igreja e a sociedade. Ele alia à escola a theoria; à igreja, a poiesis; e
quanto à sociedade, faz uma aliança com a praxis. A Profª Areli Perruci, que
nos precedeu, mencionou em suas observações que era preciso tirar da tarefa
para o processo.. É, em outras palavras, o que foi explicitado por Tracy ao
dizer que precisamos tratar com a teoria, o pastoreio e a prática, em
referência, respectivamente, à academia, a comunidade de fé e a sociedade.
Sempre se tem discutido o papel, a função e a tarefa da
Igreja. O Pr. Martin Luther King, Jr. entendia ser a Igreja a sociedade
perfeita, tendo usado a expressão "abençoada comunidade" para a ela
se referir. Disse ele que "é nessa abençoada comunidade que o racismo é
denunciado, a justiça social proclamada, o pecador considerado bem-vindo a
voltar para casa, e o perdido e ferido encontram refúgio, e onde todos são
incluídos na graça de Deus". Essa é a igreja onde vamos exercer a nossa
poiesis, onde vamos utilizar a função de cura-d'almas.
E então vem a ousadia. Jim Mannoia enfatizou que a
Educação Teológica é um "negócio de risco". E, lendo o livro do Dr.
Zaqueu de Oliveira, descobrimos que o STBNB sempre foi um "negócio de
risco".
Por que dizemos "educação teológica" e não
"educação ministerial"? Talvez porque se faça ligação do primeiro
termo à educação fornecida pelos seminários, quando, na verdade, Educação
Teológica é todo repasse da linguagem sobre Deus, dos conceitos acerca de Deus.
Quer dizer que quando ensinamos a uma criança um conceito sobre a Pessoa
Divina, estamos fazendo educação teológica. Há quem pense que Educação
Teológica é privilégio de quem vai dar tempo integral no ministério da Palavra,
nas equipes ou organizações para-eclesiásticas ou missionárias.
Para outros, vai restar a Educação Religiosa (ou Cristã,
como alguns a chamam) como algo separado da Educação Teológica. Lembremos: é
uma linguagem acerca de Deus e um aprendizado dos Seus atributos porque toda
Educação Cristã é Educação Teológica, e não apenas o que é discutido e ensinado
nos seminários.
Robert Pazmiño, autor do livro Deus, nosso Mestre -
fundamentos teológicos na educação religiosa (God, Our Master - theological
basics in religious education), publicado em 2001 pela Baker (EUA), afirma que
a Trindade é um tema teológico perfeito, podendo servir como excelente
referencial para a nossa educação. Essa não é uma idéia nova, pois James
Stewart já a havia apresentado, bem como Nells Theré.
A idéia é que Deus-Pai é o Supremo Educador. É o Mestre.
Dele procede todo o conteúdo da educação que repassamos. Jesus Cristo, o Filho,
é o Mentor, o modelo em Cuja Pessoa está exemplificado tudo o que o Mestre deve
ser em termos de relacionamento com os seus educandos e com os outros. Toda a
fome de amor e de cuidado encontram satisfação em Jesus Cristo e na pessoa
daquele que O segue no ministério do ensino, os pastores, os educadores religiosos
e os educadores musicais. O Espírito Santo é o Tutor, o Conselheiro, Que sustém
a vida da sociedade cristã e da sociedade mais ampla de modo a cumprir os
propósitos divinos para o contexto em que estamos inseridos.
Há outros desafios: ministros e suas esposas são
parceiros no ministério. A esposa deste comentarista é seu braço direito e
braço esquerdo no ministério. Por esse motivo, há necessidade de preparo da
esposa do ministro. E lembramos a iniciativa pioneira do STBNB, no final dos
anos 70, quando foram criadas classes especiais para as esposas dos alunos que
não tinham preparo acadêmico formal para ingressar nos cursos regulares do
seminário. Com isso, seriam capacitadas num referencial de linguagem e de
prática no ministério dos esposos. O preparo do cônjuge, do marido da ministra,
constitui-se igualmente num desafio.
A magnífica biblioteca do STBNB com acima de 50.000
volumes deve levar à leitura. Não entendemos como pode alguém passar quatro
anos no Seminário e não ler, no mínimo, três livros por mês. David Mein, por
muitos anos reitor desta Casa de Profetas, sempre disse que "a biblioteca
são os pulmões do seminário".
Algumas vocações só funcionam com muita leitura, muito
olho no olho e coração ouvindo o outro coração. É o caso dos psicólogos, dos
psicanalistas, dos terapeutas de um modo geral. Uma dessas vocações é a
ministerial. Por essa razão, mormente, o trabalho de aconselhamento, de
cura-d'almas, do preparo do casal para o futuro casamento, é o que chamamos de
"vocação de escuta": tanto quanto o psicólogo, o pastor precisa do
exercício da leitura e muita interação com a ovelha.
Podemos partir para outras alternativas em educação, como
a educação on line e a educação à distância, que o STBNB, aliás, já está
realizando. Há quem não tenha recursos, tempo, ou não possa deixar o trabalho
para vir passar quatro anos aqui. Seria o caso de ser mentoreado ou
supervisionado via web ou por outros meios. A International School of Theology,
em San Bernardino, Califórnia (EUA) é uma ministério da Cruzada Estudantil e
Profissional para Cristo oferecendo cursos de Bacharelado e Mestrado, tendo
extensões em Nairobi, Manila e Cingapura. É um seminário reconhecido pela
correspondente norte-americana da ASTE, e utiliza cursos via internet.
O SeminárioTeológico Presbiteriano do Rio de Janeiro
desde 1997 tem atuado nesta direção, e foi iniciado em forma experimental em
1998. Definiram os professores encarregados o formato do curso, sendo que
quatro professores são do seminário do Rio, dois do seminário de Campinas, dois
do Recife, e um reside na Holanda. 48 horas após o lançamento do curso na rede,
vinte pessoas já estavam inscritas. Hoje tem acima de 190 alunos.
A seriedade com que as Denominações históricas tratam o
tema da Educação teológica, e as regulações do Ministério da Educação vêm
minimizar os chamados "Cursos Intensivos de Preparação de Obreiros",
os famosos "C.I.P.Ós". Uma legislação competente e um reconhecimento
pelos órgãos interdenominacionais e denominacionais (ASTE, ABIBET, AETAL)
diminui essa nefasta influência. Em Salvador, havia quatorze escolas ditas de
teologia no começo de 2001, desde as confessionais, as ecumênicos e os
"CIPÓs".
Precisamos repensar uma Educação Teológica que seja
relevante tanto para nossa pátria quanto para o mundo em geral. A questão de
fundos é importante. Em outros países, pessoas e organizações fazem maciças
doações aos seminários. Esse dinheiro é abatido do Imposto de Renda e financia
uma cátedra. O professor recebe seu salário dos rendimentos deste fundo. No
Brasil, tal fato é impensável. Mas sempre há soluções, como os Fundos
Memoriais.
Como nós repousamos em Jesus Cristo, Ele nos assegurou
que "Eis que faço novas todas as coisas", o que inclui uma nova visão
ou re-visão do ensino acerca de Si mesmo. E estando Ele conosco, chegaremos lá.
[Esta reflexão foi apresentada no Painel sobre Educação
Teológica patrocinado pela Associação dos Ex-alunos do STBNB, Recife, janeiro
de 2002.
Parte XII
Introdução:
Nosso estudo tem como objetivo a reflexão sobre o que é
aprender e o que é ensinar. Como o próprio nome sugere
"ensino-aprendizagem", trata-se de um binômio inseparável. Estes dois
termos "aprender"e "ensinar" não podem se separar. Eles
estão intimamente relacionados e um depende do outro para existir.
Em Dt 4:1 vemos o termo "ensinar" e em 5:1 o
termo "aprender". Na língua Hebraica tirando o sufixo e o prefixo das
duas palavras vamos notar que trata-se da mesma raiz. Isto mostra que trata-se
de dois vocábulos que são independentes. Não existe ensino sem aprendizagem e
também não existe aprendizagem sem ensino. O que o professor faz e o que aluno
faz estão ligados entre si .
I. ENTENDENDO O CONCEITO ENSINO-APRENDIZAGEM
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