domingo, 18 de agosto de 2013

O Estado Final dos Ímpios

Há especialmente três pontos que requerem consideração aqui;
1. O LUGAR PARA O QUAL OS ÍMPIOS SERÃO ENVIADOS . Na teologia dos dias atuais há uma evidente tendência, nalguns círculos, de eliminar a idéia de punição eterna. Os extincionistas[aqueles que crêem no aniquilamento], que ainda estão representados em seitas como o adventismo e a "aurora do milênio", e os defensores da imortalidade condicional, negam a existência perpétua dos ímpios e, com isso, tornam desnecessário um lugar de punição eterna. Na teologia "literal" moderna, a palavra "inferno" é geralmente considerada como um designativo figurado de uma condição puramente subjetiva, na qual os homens podem achar-se mesmo enquanto na terra, e a qual pode tornar-se permanente no futuro.
Mas essas interpretações certamente não fazem justiça aos dados da Escritura. Não pode haver dúvida razoável quanto ao fato de que a Bíblia ensina a existência permanente dos ímpios, Mt 24.5; 25.30, 46; Lc 16.19-31. Além disso, em conexão com o tema do "inferno", a Bíblia emprega expressões indicativas de lugar o tempo todo. Ela dá ao lugar de tormento o nome de geena, nome derivado do hebraico ge (terra, ou vale) e hinnom ou beney hinnom, isto é, Hinnom ou Filho de Hinnom. Esse nome foi aplicado originalmente a um vale sito a sudoeste de Jerusalém. Era o lugar em que os ímpios idólatras sacrificavam seus filhos a Moloque, fazendo-os passar pelo fogo. Daí era considerado impuro e, em tempos mais recentes, era denominado "vale de tophet" (escarro), como uma região completamente desprezada. Como resultado, veio a ser um símbolo de lugar de tormento eterno.Mt 18.9 fala de ten gennan tou pyros, a geena de fogo, e esta expressão forte é empregada como um sinônimo de to pyr to aionion, o fogo eterno, que aparece no versículo anterior. A Bíblia fala também de uma "fornalha acessa", Mt 13.42, e de um "lago de fogo" (ou "do fogo"), Ap 20.14,15, que se contrasta com o "mar de vidro, semelhante ao cristal", Ap 4.6. Os termos "prisão". 1 Pe 3.19, "abismo", Lc 8.31 e "tártaro", 2 Pe 2.4 (margem), também são empregados. A Escrituras se refere aos excluídos do céu dizendo que estão fora (na trevas exteriores) e que são lançados no inferno. A descrição registrada em Lc 16.19-31 é, por certo, inteiramente descritiva de lugar.
2. O ESTADO NO QUAL CONTINUARÃO SUA EXISTÊNCIA . É impossível determinar precisamente o que constituirá a punição eterna dos ímpios, e os convém falar mui cautelosamente sobe o assunto. Positivamente se pode dizer que consistirá em (a) ausência total do favor de Deus, (b) uma interminável perturbação da vida, resultante do domínio completo do pecado; (c) dores e sofrimentos positivos no corpo e alma; e (d) castigo subjetivo, como agonias da consciência, angústia, desespero, choro e ranger de dentes, Mt 8.12; 13.50; Mc 9.43,44,47,48; Lc 16.23,28; Ap 14.10; 21.8. Evidentemente, haverá graus na punição dos ímpios. Isto se deduz de passagens como Mt 11.22, 24; Lc 12.47,48; 20.17. Sua punição será proporcional ao seu pecado contra a luz que receberam. Mas, não obstante será punição eterna para todos eles. Esta verdade é exposta claramente na Escritura, Mt 18.8; 2 Ts 1.9; Ap 14.11; 20.10. Alguns negam que haverá fogo literal, porque este não poderia afetar espírito como Satanás e seus demônios. Mas, como podemos sabê-lo? Nosso corpo certamente age em nossa alma de algum modo misterioso. Haverá alguma punição positiva correspondente aos nossos corpos. É indubitavelmente certo, porém, que uma grande parte da linguagem referente ao céu e ao inferno dever ser entendida figuradamente.
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3. DURAÇÃO DA PUNIÇÃO. Contudo, a questão da eternidade da punição futura merece consideração mais especial, por ser freqüentemente negada. Dizem que as palavras empregadas na Escritura para "sempiterno" e "eterno" podem denotar simplesmente uma "era" ou uma "dispensação", ou algum outro longo período de tempo. Ora, não se pode negar que são empregadas desse modo nalgumas passagens, mas isto não prova que sempre tenham este sentido limitado. Não é este o sentido literal desses termos. Sempre que são empregados assim, o são empregados figuradamente, e, nesses casos, o seu uso figurado é geralmente esclarecido pelo contexto. Além disso, há razões positivas para se pensar que essas palavras não têm aquele sentido limitado nas passagens a que nos referirmos. (a) Em Mt 25.46 a mesma palavra descreve a duração, tanto da bem- aventurança dos santos como da penalidade dos ímpios. Se esta não for, propriamente falando, interminável, tampouco o será aquela; e, todavia, muito dos que duvidam da punição eterna, não duvidam da felicidade eterna. (b) São empregadas outras expressões que não podem ser postas de lado pela consideração mencionada acima. O fogo do inferno é chamado "fogo inextinguível", Mc 9.43; e dos ímpios se diz que "não lhes morre o verme", Mc 9.48. Além disso, o abismo que separará santos e pecadores no futuro é descrito como fixo e intransponível, Lc 16.26.
Autor: Louis Berkhof Fonte: Teologia Sistemática do autor, p. 741,742, Ed Cultura Cristã (CEP).

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