quinta-feira, 4 de julho de 2013

A veracidade da Escritura

Nota: AT = Antigo Testamento ; NT= Novo Testamento
1. Deus não pode mentir ou falar falsamente.
A essência da autoridade da Escritura é a sua capacidade de compelir-nos a crer nela e
a obedecer-lhe, tornando tal crença e obediência equivalentes a crer e a obedecer ao
próprio Deus. Porque as coisas são assim, é necessário considerar a veracidade da
Escritura, pois, se pensamos que algumas partes da Escritura não são verdadeiras,
naturalmente não seremos capazes de crer nelas.
Visto que os escritores bíblicos repetidamente afirmam que as palavras da Bíblia,
embora humanas, são as próprias palavras de Deus, é apropriado olhar para os textos
bíblicos que falam a respeito do caráter das palavras de Deus e aplicá-los ao caráter das
palavras da Escritura. Especificamente falando, há certo número de passagens bíblicas
que falam a respeito da veracidade da fala de Deus. Tito 1.2 declara que “Deus que não
mente”. Porque Deus é um Deus que não pode falar mentiras, suas palavras são sempre
confiáveis. Visto que toda a Escritura é falada por Deus, toda a Escritura deve ser
verdadeira, como Deus o é. Não pode haver nada que não seja verdadeiro na Escritura.
Hebreus 6.18 menciona duas coisas imutáveis (o juramento e a promessa de Deus) “nas
quais é impossível que Deus minta”. Aqui o autor não diz meramente que Deus não
mente, mas que é impossível para ele mentir. Embora a referência imediata seja
somente o juramento e as promessas, se é impossível para Deus mentir nessas
declarações, então certamente é impossível para ele mentir.
2. Portanto, todas as palavras da Escritura são completamente verdadeiras e sem
erro em qualquer parte.
Visto que as palavras da Bíblia são as palavras de Deus, e visto que Deus não pode mentir
ou falar falsamente, é correto concluir que não há nada inverossímil nem nenhum erro
em qualquer parte das palavras da Escritura. Encontramos isso afirmado em diversos
lugares da Escritura. “As palavras do SENHOR são puras, são como prata purificada num
forno, sete vezes refinada” (Sl 12.6).Aqui o salmista usa uma figura vivida para falar da
indissolúvel pureza das palavras de Deus; não há nenhuma imperfeição nelas. Também
Provérbios 30.5 diz: “Cada palavra de Deus é comprovadamente pura; ele é um escudo
para quem nele se refugia”. Isso não se diz apenas de algumas das palavras da Escritura,
mas de todas elas. De fato, a Palavra de Deus está firmada no céu por toda a
eternidade: “A tua palavra, SFNH0R,para sempre está firmada nos céus” (Sl 119.89).
Jesus pode falar da natureza eterna de suas palavras: “Os céus e a terra passarão, mas
as minhas palavras jamais passarão” (Mt 24.35). Esses versículos afirmam explicitamente
o que estava implícito na exigência de que creiamos em todas as palavras da Escritura, a
saber, que não há nada que não seja verdadeiro ou que seja falso afirmado em qualquer
das declarações da Bíblia.
3. As palavras de Deus são o padrão supremo de verdade.
Em João 17, Jesus ora ao Pai: “Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade” (Jo
17.17). Esse versículo é interessante porque Jesus não usa um adjetivo, alēthinos ou
alēthēs (“verdadeira”), que era o esperado, para dizer que a ”tua palavra é a verdade”.
Ao contrário, ele usa um substantivo, alētheia (“verdade”), para dizer que a Palavra de
Deus não é simplesmente “verdadeira”, mas é a própria verdade.
A diferença é significativa, porque essa afirmação nos encoraja a pensar na Bíblia não
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simplesmente como “verdadeira” no sentido em que a conformamos ao padrão mais alto
de verdade, mas, antes, encoraja-nos a pensar da Bíblia como ela própria o padrão final
de verdade. A Bíblia é a Palavra de Deus, e a Palavra de Deus é a definição última do
que é verdadeiro e do que não é verdadeiro: a Palavra de Deus, em si mesma, é a
verdade. Assim, devemos pensar na Bíblia como o padrão último da verdade, o ponto de
referência pelo qual qualquer outra alegação de veracidade possa ser medida.As
declarações que se conformam à Escritura são “verdadeiras”, ao passo que as que não se
conformam à Escritura não o são.
Então, o que é a verdade? A verdade é o que Deus diz, e temos o que Deus diz
(exatamente, não exaustivamente) na Bíblia.
Essa doutrina da veracidade absoluta da Escritura permanece em contraste claro com a
concepção comum na sociedade moderna que muitas vezes é chamada pluralismo.
O pluralismo é o pensamento de que cada pessoa tem uma perspectiva sobre a verdade
que é tão válida como a perspectiva de outra pessoa qualquer — portanto, não devemos
dizer que a religião ou o padrão ético de outra pessoa esteja errado. De acordo com o
pluralismo, não podemos conhecer a verdade absoluta; podemos somente ter
perspectivas e expectativas próprias. Naturalmente, se o pluralismo é verdadeiro, a
Bíblia não pode ser o que ela declara ser: as palavras que o único e verdadeiro Deus, o
criador e juiz de todo o mundo, nos tem falado.
O pluralismo é um aspecto do pensamento contemporâneo global do mundo chamado
pós-modernismo. O pós-modernismo não sustentaria simplesmente que nunca podemos
encontrar a verdade absoluta; ele diria que a verdade absoluta não existe. Todas as
tentativas de afirmar a verdade em uma ou em outra idéia são justamente o resultado
de nossa origem, cultura, tendências, projetos pessoais (especialmente nosso desejo de
poder). Tal visão do mundo, é claro, opõe-se diretamente à visão bíblica, que vê a Bíblia
como verdade que nos foi dada da parte de Deus.
4. Podem alguns fatos novos contradizer a Bíblia?
Poderá qualquer novo fato científico ou histórico que venha a ser descoberto contradizer
a Bíblia? Aqui podemos dizer com confiança que isso nunca acontecerá — é algo
impossível. Se qualquer “fato” suposto for descoberto que seja considerado contrário à
Escritura, então (se entendemos a Escritura corretamente) tal “fato” deve ser falso,
porque Deus, o autor da Escritura, conhece todos os fatos verdadeiros (passados,
presentes e futuros). Nenhum acontecimento inesperado aparecerá do qual Deus não
tenha tido conhecimento no passado e que não tenha levado em conta quando fez a
Escritura ser escrita. Cada fato verdadeiro é algo que Deus já conhecia desde toda a
eternidade e, portanto, não poderia contradizer as palavras de Deus na Escritura.
Não obstante, deve ser lembrado que o estudo científico ou histórico (assim como outras
espécies de estudo da criação) pode fazer-nos reexaminar a Escritura para ver se ela
realmente ensina o que pensamos que ela ensinava. Por exemplo, a Bíblia não ensina
que o sol gira ao redor da terra só porque ela usa descrições dos fenômenos como os
vemos de nossa perspectiva, nem pretende descrever as operações do universo de algum
ponto “fixo” arbitrário em algum lugar no espaço. Todavia, até o estudo da astronomia
ter avançado o suficiente para demonstrar a rotação da terra sobre o próprio eixo, as
pessoas presumiam que a Bíblia ensinava que o sol girava ao redor da terra. Assim, o
estudo dos dados científicos levou ao reexame dos textos bíblicos apropriados. Portanto,
todas as vezes que confrontados algum “fato” que parece contradizer a Escritura,
devemos não somente examinar os dados apresentados para demonstrar o fato em
questão; devemos também reexaminar os textos bíblicos apropriados para ver se a Bíblia
realmente ensina o que pensamos que ela ensina. Podemos fazer isso com confiança,
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pois nenhum fato verdadeiro jamais contrariará as palavras do Deus que conhece todos
os fatos e que nunca mente.
Autor: Wayne Grudem
Fonte: Teologia Sistemática do Autor; Ed. Vida Nova. Compre este livro
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Estudos Bíblicos - Sola Scriptura
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