1. Tão grande é à distância entre Deus e a
criatura, que, embora as criaturas racionais lhe devam obediência como seu
Criador, nunca poderiam fruir nada dele, como bem-aventurança e recompensa,
senão por alguma voluntária condescendência da parte de Deus, a qual
agradou-lhe expressar por meio de um pacto.
2. O primeiro pacto feito com o homem era um
pacto de obras; nesse pacto foi a vida prometida a Adão e, nele, à sua
posteridade, sob a condição de perfeita e pessoal obediência.
3. Tendo-se o homem tornado, pela sua queda,
incapaz de ter vida por meio deste pacto, o Senhor dignou-se a fazer um segundo
pacto, geralmente chamado de pacto da graça; neste pacto da graça ele
livremente oferece aos pecadores a vida e salvação através de Jesus Cristo,
exigindo deles a fé, para que sejam salvos, e prometendo o seu Santo Espírito a
todos os que estão ordenados para a vida, a fim de dispô-los e habilitá-los a
crer.
4. Este pacto da graça é freqüentemente
apresentado nas Escrituras pelo nome de testamento, em referência à morte de
Cristo, o Testador, e à eterna herança, com tudo o que lhe pertence, legada
neste pacto.
5. Este pacto, no tempo da Lei, não foi
administrado como no tempo do Evangelho. Sob a Lei, foi administrado por meio
de promessas, profecias, sacrifícios, da circuncisão, do cordeiro pascal e de
outros tipos e ordenanças dados ao povo judeu, tudo prefigurando Cristo que
havia de vir. Por aquele tempo, essas coisas, pela operação do Espírito Santo,
foram suficientes e eficazes para instruir e edificar os eleitos na fé do
Messias prometido, por quem tinham plena remissão dos pecados e a salvação
eterna; este se chama o Antigo Testamento.
6. Sob o Evangelho, quando Cristo, a Substância,
se manifestou, as ordenanças, nas quais este pacto é ministrado, passaram a ser
a pregação da Palavra e a administração dos Sacramentos do Batismo e da Ceia do
Senhor; por estas ordenanças, posto que em número menor e administradas com
mais simplicidade e menos glória externa, o pacto se manifesta com mais
plenitude, evidência e eficácia espiritual, a todas as nações - tanto aos
judeus como aos gentios. Isto é chamado Novo Testamento. Não há, pois, dois
pactos da graça diferentes em substância, mas um e o mesmo sob várias
dispensações.
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