Convenção Batista do Sul dos EUA
(1925, revisada em 1963)
I. DAS ESCRITURAS
A Bíblia Sagrada foi escrita por homens
divinamente inspirados e é o registro da revelação do próprio Deus ao homem. É
um tesouro perfeito de instrução divina. Tem Deus por seu autor, salvação por
sua finalidade, e verdade sem qualquer mistura de erro em seu conteúdo. Ela
revela os princípios pelos quais Deus nos julgará; e, portanto, é e permanecerá
até o fim do mundo o verdadeiro centro de união cristã, sendo o padrão supremo
pelo qual toda conduta e todos os credos e opiniões humanas devem ser julgados.
O critério pelo qual a Bíblia deve ser interpretada é Jesus Cristo.
II. DEUS
Há um e somente um Deus vivo e
verdadeiro. Ele é um ser inteligente, espiritual e pessoal, o Criador, o
Redentor, o Sustentador e o Senhor do universo. Deus é infinito em santidade e
em todas as outras perfeições. A ele devemos supremo amor, reverência e
obediência. O eterno Deus revela-se a nós como Pai, Filho e Espírito Santo, com
atributos pessoais distintos, mas sem divisão de natureza, de essência ou de
ser.
1. DEUS, O PAI
Deus como Pai reina com cuidado
providencial sobre seu universo, sobre suas criaturas e sobre o fluxo da
história humana, de acordo com os propósitos de sua graça. Ele é todo poder,
todo amor e todo sabedoria. Deus é Pai em verdade para os que se tornaram
filhos de Deus através da fé em Jesus Cristo. Ele é paternal em sua atitude
para com todos os homens.
2. DEUS, O FILHO
Cristo é o eterno Filho de Deus. Em sua
encarnação como Jesus Cristo foi concebido pelo Espírito Santo e nasceu da
virgem Maria. Jesus revelou perfeitamente a Deus e fez a vontade de Deus,
tomando sobre si os requisitos e as necessidades da natureza humana,
identificando-se completamente com o ser humano ainda que sem pecado. Ele
honrou a lei divina por sua obediência pessoal, e em sua morte na cruz fez
provisão para a redenção dos homens do pecado. Foi ressuscitado dentre os
mortos em um corpo glorificado e apareceu aos seus discípulos como aquele que
esteve com eles antes de sua crucificação. Subiu ao céu e agora está exaltado à
direita de Deus, onde é o único Mediador, participando da natureza de Deus e do
homem, e em cuja pessoa efetua-se a reconciliação entre Deus e o homem. Ele
voltará em poder e glória para julgar o mundo e consumar sua missão redentora.
Habita agora em todos os crentes como Senhor vivo e para sempre presente.
3. DEUS, O ESPÍRITO SANTO
O Espírito Santo é o Espírito de Deus.
Ele inspirou santos homens do passado para escreverem as Escrituras. Através da
iluminação capacita homens a entenderem a verdade. Ele exalta a Cristo.
Convence do pecado, da justiça e do juízo. Chama os homens ao Salvador e efetua
a regeneração. Desenvolve o caráter cristão, consola os crentes e concede dons
espirituais pelos quais servem a Deus através de sua igreja. Ele sela o crente
para o dia da redenção final. Sua presença no cristão é a segurança de que Deus
trará o crente à plenitude da estatura de Cristo. Ilumina e capacita o crente e
a igreja para a adoração, a evangelização e o serviço.
III. O HOMEM
O homem foi criado por um ato especial
de Deus, à sua própria imagem, e é a obra coroadora de sua criação. No
princípio o homem era inocente do pecado e dotado por seu Criador de liberdade
de escolha. Por sua livre escolha o homem pecou contra Deus e trouxe o pecado
para a raça humana. Através da tentação de Satanás o homem transgrediu o
manda-mento de Deus e caiu de sua inocência original; por meio disso sua
posteridade herdou uma natureza e uma disposição voltada para o pecado, e logo
que são capazes de ação moral tornam-se transgressores e estão sob condenação.
Somente a graça de Deus pode levar o homem à sua santa comunhão e capacita o
homem a cumprir o propósito criativo de Deus. A natureza sagrada da
personalidade humana é evidente no fato de que Deus criou o homem à sua própria
imagem e de que Cristo morreu pelo homem; portanto, todo homem possui
dignidade, sendo digno de respeito e amor cristão.
IV. A SALVAÇÃO
A salvação envolve a redenção do homem
todo e é oferecida livremente a todos que aceitam Jesus Cristo como Senhor e
Salvador, que por seu próprio sangue obteve eterna redenção em favor do crente.
Em seus sentido mais amplo a salvação envolve regeneração, santificação e
glorificação.
1. A regeneração, ou o novo nascimento,
é a obra da graça de Deus, por meio da qual os crentes tornam-se novas
criaturas em Cristo Jesus. É uma mudança de coração realizada pelo Espírito
Santo através da convicção de pecado, à qual o pecador responde com
arrependimento para com Deus e com fé no Senhor Jesus Cristo. O arrependimento
e fé são experiências inseparáveis da graça. Arrependimento é um genuíno
voltar-se do pecado para Deus. A fé é o aceitar de Jesus Cristo e a dedicação
de toda a personalidade a ele como Senhor e Salvador. A justificação é a
graciosa e plena absolvição da parte de Deus, com base nos princípios de sua
justiça, de todos os pecadores que se arrependem e crêem em Cristo. A
justificação traz o crente a um relacionamento de paz e de favor para com Deus.
2. A santificação é a experiência, que se
inicia na regeneração, pela qual o crente é separado para os propósitos de Deus
e capacitado a progredir à perfeição moral e espiritual através da presença e
do poder do Espírito Santo que nele habita. O crescimento na graça deve
prosseguir por toda a vida do regenerado.
3. A glorificação é a culminação da
salvação e o bendito e duradouro estado final dos remidos.
V. O PROPÓSITO DA GRAÇA DE DEUS
A eleição é o propósito gracioso de
Deus, de acordo com o qual ele regenera, santifica e glorifica pecadores. É
coerente com a livre agência do homem e compreende todos os meios relacionados
com o fim. É a gloriosa demonstração da bondade soberana de Deus, que é
infinitamente sábio, santo e imutável. Exclui o orgulho e promove humildade.
Todos os verdadeiros crentes permanecem
até o fim. Aqueles a quem Deus aceitou em Cristo, e santificou por seu
Espírito, nunca cairão do estado de graça, mas perseverarão até o fim. Os
crentes podem cair em pecado através da negligência e da tentação, por meio dos
quais entristecem o Espírito, enfraquecem suas graças e consolos, trazendo
reprovação à causa de Cristo e juízo temporal sobre eles mesmos, mesmo assim
serão guardados pelo poder de Deus através da fé para a salvação.
VI. A IGREJA
Uma igreja neotestamentária do Senhor Jesus
Cristo é um corpo local de crentes batizados, associados por aliança na fé e na
comunhão do evangelho, que observa as duas ordenanças de Cristo, comprometida
com os seus ensinos, que exerce seus dons, direitos e privilégios neles
investidos por sua Palavra e que procura propagar o evangelho até os confins da
terra.
Essa igreja é corpo autônomo, que opera
através de processos democráticos sob o senhorio de Jesus Cristo. Em tal
congregação, os membros são igualmente responsáveis. Seus oficiais bíblicos são
pastores e diáconos.
O Novo Testamento fala também da igreja
como o corpo de Cristo que inclui todos os remidos de todas as épocas.
VII. O BATISMO E A CEIA DO SENHOR
O batismo cristão é a imersão de um
crente em água em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. É um ato de
obediência que simboliza a fé do crente no Salvador crucificado, sepultado e
ressurreto, a morte do crente para o pecado, o sepultamento da velha vida e a
ressurreição para que se ande em novidade de vida em Cristo Jesus. É um testemunho
da sua fé na ressurreição final dos mortos. Sendo uma ordenança da igreja, é um
pré-requisito dos privilégios de ser membro da igreja e de participar da Ceia
do Senhor.
A Ceia do Senhor é um ato simbólico de
obediência pela qual os membros da igreja, através da participação do pão e do
fruto da videira, recordam como memorial a morte do Redentor e antegozam sua
segunda vinda.
VIII. O DIA DO SENHOR
O primeiro dia da semana é o dia do
Senhor. É uma instituição cristã para ser observada regularmente. Comemora a
ressurreição de Cristo dentre os mortos e deve ser empregado no exercício do
culto e da devoção espiritual, tanto pública como privada, para refrear as
diversões mundanas e para o descanso do trabalho secular, exceto o trabalho de
necessidade e de misericórdia.
IX. O REINO
O reino de Deus inclui tanto sua
soberania geral sobre o universo como o seu domínio particular sobre os homens
que voluntariamente o reconhecem como Rei. Particularmente o reino é o domínio
de salvação no qual entram os homens por seu compromisso confiante, semelhante
ao de uma criança, com Jesus Cristo. Os cristãos devem orar e trabalhar para
que venha o reino e para que à vontade de Deus seja feita na terra. A plena
consumação do reino aguarda o retorno de Jesus Cristo e o final dessa era.
X. AS ÚLTIMAS COISAS
Deus, em seu próprio tempo e de seu
próprio modo, levará o mundo ao final que lhe cabe. De acordo com sua promessa,
Jesus Cristo voltará pessoal e visivelmente em glória a terra; os mortos serão
ressuscitados; e Cristo julgará todos os homens em justiça. Os ímpios serão
destinados ao inferno, o lugar de eterna punição. Os justos, em corpo
ressurreto e glorificado, receberão sua recompensa e habitarão para sempre no
céu com o Senhor.
XI. EVANGELIZAÇÃO E MISSÕES
É dever e privilégio de todo seguidor de
Cristo e de toda igreja do Senhor Jesus Cristo esforçar-se para fazer
discípulos de todas as nações. O novo nascimento do espírito do homem pelo
Espírito Santo de Deus significa o nascimento de amor pelos outros. O esforço
missionário da parte de todos baseia-se na necessidade espiritual da vida
regenerada e é expresso e repetidamente ordenado nos ensinos de Cristo. É dever
de todo filho de Deus procurar constantemente ganhar os perdidos para Cristo
pelo esforço pessoal e por todos os outros métodos que se harmonizam com o
evangelho de Cristo.
XII. A EDUCAÇÃO
A causa da educação no reino de Cristo é
coordenada com a causa de missões e com a benevolência geral e deve receber
juntamente com essas o generoso apoio das igrejas. Um sistema adequado de
escolas cristãs é necessário para um programa espiritual completo em favor do
povo de Cristo.
Na educação cristã deve haver equilíbrio
adequado entre liberdade e responsabilidade acadêmicas. Em qualquer
relacionamento comum da vida humana a liberdade é sempre limitada e nunca
absoluta. A liberdade de um professor de uma escola, faculdade ou seminário
cristão é limitada pela preeminência de Jesus Cristo, pela natureza autorizada
das Escrituras e pelo propósito distinto para o qual existe a escola.
XIII. A MORDOMIA
Deus é a fonte de todas as bênçãos,
temporais e espirituais; tudo o que temos e somos devemos a ele. Os cristãos
têm uma dívida espiritual para com o mundo inteiro, uma santa administração no
evangelho e uma mordomia obrigatória de seus bens. Estão, portanto, sob a
obrigação de servi-lo com seu tempo, seus talentos e seus bens materiais; e
devem reconhecer todos esses bens como confiados a eles para serem usados para
a glória de Deus e para ajudar o próximo. De acordo com as Escrituras, os
cristãos devem contribuir com seus bens de modo alegre, regular, sistemático,
proporcional e liberalmente para o avanço da causa do Redentor na terra.
XIV. A COOPERAÇÃO
O povo de Cristo deve, conforme exigir a
ocasião, organizar associações e convenções de modo a assegurar da melhor
maneira a cooperação em favor dos grandes objetivos do reino de Deus. Tais
organizações não possuem nenhuma autoridade sobre as outras nem sobre a
igrejas. São entidades voluntárias e consultivas designadas para pôr em ação,
combinar e dirigir as energias de nosso povo do modo mais eficiente. Os membros
das igrejas neotestamentárias devem agir em mútua cooperação em levar adiante
os ministérios missionário, educacional e de benevolência para a extensão do reino
de Cristo. A unidade cristã no sentido do Novo Testamento é harmonia espiritual
e cooperação voluntária para os fins comuns por parte de diversos grupos do
povo de Cristo. A cooperação entre diversas denominações cristãs é desejável,
quando o fim a ser alcançado é justificado em si mesmo e quando tal cooperação
não envolve nenhuma violação de consciência nem compromete a lealdade a Cristo
e à sua Palavra revelada no Novo Testamento.
XV. O CRISTÃO E A ORDEM SOCIAL
Todo cristão tem a obrigação de procurar
tornar suprema à vontade de Cristo em sua própria vida e na sociedade humana.
Meios e métodos usados para a melhoria da sociedade e para o estabelecimento da
justiça entre os homens podem de fato ser permanentemente úteis somente quando
estão fundamentados na regeneração do indivíduo pela graça salvadora de Deus em
Cristo Jesus. O cristão deve opor-se no Espírito de Cristo a toda forma de
ganância, de egoísmo e de vício. Deve trabalhar para prover ao órfão, ao
necessitado, ao idoso, ao indefeso e ao enfermo. Todo cristão deve procurar
colocar as atividades, o governo e a sociedade como um todo sob a influência
dos princípios da justiça, da verdade e do amor fraternal. Para promover tais
fins os cristãos devem estar prontos a trabalhar com todos os homens de boa
vontade em qualquer causa nobre, sempre com o cuidado de agir em espírito de
amor, sem comprometer a lealdade a Cristo e à sua verdade.
XVI. GUERRA E PAZ
É dever dos cristãos buscar paz com
todos os homens, com base nos princípios da justiça. De acordo com o espírito e
os ensinos de Cristo devem fazer tudo que puderem para pôr fim à guerra.
O verdadeiro remédio para a guerra é o
evangelho de nosso Senhor. A suprema necessidade do mundo é aceitar seus
ensinos em todos os assuntos individuais e nacionais e a aplicação prática da
sua lei do amor.
XVII. A LIBERDADE RELIGIOSA
Deus somente é o Senhor da consciência e
deixou-a livre das doutrinas e mandamentos humanos contrários à sua Palavra ou
nela ausentes. A Igreja e o Estado devem estar separados. O Estado deve a toda
igreja proteção e plena liberdade na busca de seus fins espirituais. Na
providência de tal liberdade nenhum grupo eclesiástico ou denominação deve ser
favorecido pelo Estado acima de outros. Ao governo civil, ordenado por Deus, é
dever dos cristãos prestar leal obediência em tudo o que não for contrário à
vontade revelada de Deus. A Igreja não deve valer-se do poder civil para
executar sua própria obra. O evangelho de Cristo contempla apenas meios
espirituais para alcançar seus fins. O Estado não tem direito de impor
penalidades para opiniões religiosas de qualquer tipo. O Estado não tem direito
de cobrar impostos para o sustento de nenhum tipo de religião. Uma Igreja livre
em um Estado livre é o ideal cristão, o que implica no direito de livre e
desimpedido acesso a Deus por parte de todos os homens e no direito de formar e
propagar opiniões na esfera religiosa sem interferência do poder civil.
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