quinta-feira, 4 de julho de 2013

Origem da Bíblia

Origem da Bíblia
A Bíblia não é um livro qualquer. A origem dela está em Deus, que falou através de
homens separados para registrar sua Palavra. Sabemos que a questão do caráter humano
das Escrituras é algo acidental ou periférico: os homens escolhidos por Deus para
registrar as Escrituras eram pessoas de carne e osso, que viveram em determinado
período histórico enfrentando problemas específicos. Não há lugar para nenhum
docetismo: os autores secundários tiveram um papel ativo e passivo. No entanto,
devemos também acentuar, e este é o nosso ponto neste texto [1], que o Espírito
chamou seus servos, revelou a si mesmo e sua mensagem, dirigiu, inspirou e preservou
os registros feitos por esses homens. Como afirmou Gerard Van Groningen:
O Espírito Santo habitou em certos homens, inspirou-os, e assim dirigiu-os que
eles, em plena consciência, expressaram-se na sua singular maneira pessoal. O
Espírito capacitou homens a conhecer e expressar a verdade de Deus. Ele impediu-
os de incluir qualquer coisa que fosse contrária a essa verdade de Deus. Ele
também impediu-os de escrever coisa que não eram necessárias. Assim, homens
escreveram como homens, mas, ao mesmo tempo, comunicaram a mensagem de
Deus, não a do homem [2].
Essa compreensão, que advém das próprias Escrituras, caracteriza distintamente o
cristianismo: os profetas não falaram aleatoriamente o que pensavam; antes,
“testificaram a verdade de que era a boca do Senhor que falava através deles” [3].
Sobre essa questão Calvino declarou:
Eis aqui o principio que distingue nossa religião de todas as demais, ou seja:
sabemos que Deus nos falou e estamos plenamente convencidos de que os profetas
não falaram de si próprios, mas que, como órgãos do Espírito Santo, pronunciaram
somente aquilo para o qual foram do céu comissionados a declarar. Todos quantos
desejam beneficiar-se das Escrituras devem antes aceitar isto como um principio
estabelecido, a saber: que a lei e os profetas não são ensinos passados adiante ao
bel-prazer dos homens ou produzidos pelas mentes humanas como uma fonte,
senão que foram ditados pelo Espírito Santo [4].
Nas Escrituras temos todos os livros que Deus quis que fossem preservados para nossa
edificação:
Aquelas [epístolas] que o Senhor quis que fossem indispensáveis à sua Igreja, Ele as
consagrou por sua providência para que fossem perenemente lembradas. Saibamos,
pois, que o que foi deixado nos é suficiente, e que sua insignificância não
acidental; senão que o cânon das Escrituras, o qual se encontra em nosso poder,
foi mantido sob controle através do grandioso conselho de Deus [5].
Nota:
[1] Veja, para uma perspectiva mais ampla, Hermisten M. P. Costa, Inspiração e
inerrância das Escrituras: uma perspectiva reformada, Casa Editora Presbiteriana
(www.cep.org.br)
[2] Revelação messiânica no Velho Testamento, p. 64-65.
[3] João Calvino, As pastorais, p. 262.
[4] As Pastorais, p. 262. E outro lugar Calvino diz que os apóstolos foram “certos e
autênticos amanuenses do Espírito Santo” (As institutas, IV.8.9). No entanto, devemos
entender que Calvino usa essa expressão não para sustentar o “ditado” divino, mas para
demonstrar que os apóstolos não criaram da própria imaginação sua mensagem, antes a
2
receberam diretamente do Espírito. Ou seja, ele se refere ao resultado do registro, não
ao processo em si. Entedia que Moisés escreveu os cinco livros da Lei “não somente sob a
orientação do Espírito do Deus, mas porque Deus mesmo os tinha sugerido, falando-lhes
com palavras de sua própria boca” (Calvin’s Commentaries, vol. III, p. 328).
[5]João Calvino, Efésios, p. 86, Editora Parakletos
Autor: Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa
Fonte: Fundamentos da teologia reformada, pg. 42-44, Editora Mundo Cristão. Compre

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