CURSO BÁSICO DE
TEMATÉRIAS:
01 - TEOLOGIA
SISTEMÁTICA
02 - TEOLOGIA:
DOUTRINA DE DEUS
03 - CRISTOLOGIA:
DOUTRINA DE CRISTO
04 -
PARACLETOLOGIA: DOUTRINA DO ESPÍRITO SANTO
05 -
SOTERIOLOGIA: DOUTRINA DE CRISTO
06 - A TRINDADE
07 - ANGELOLOGIA:
A DOUTRINA DOS ANJOS
08 - BATALHA
ESPIRITUAL
09 - ESCATOLOGIA:
A DOUTRINA DA ULTIMAS COISAS
10 - BIBLIOLOGIA:
A DOUTRINA DA BIBLIA
1 - TEOLOGIA
SISTEMÁTICA
INTRODUÇÃO
O termo teologia,
segundo seus aspectos etimológicos, é composto de duas palavras gregas: Theos
(Deus) e logos (palavra, fala, expressão).
Tanto Cristo, a
Palavra Viva, como a Bíblia, a Palavra Escrita, são o Logos de Deus. Eles são
para Deus o que a expressão é para o pensamento e o que a fala é para a razão.
A teologia é,
portanto uma Theo-logia, isto é, uma palavra, uma fala ou expressão sobre Deus;
uma doutrina sobre Deus. É o estudo sobre a revelação de Deus que é a expressão
dos Seus pensamentos e, logo, é, também, o estudo sobre Sua própria Pessoa.
Portanto teologia é o estudo sobre Deus, sua obra e sua revelação.
Embora não
encontremos nas Escrituras a palavra teologia, ela é bíblica em seu caráter. Em
Rm. 3:2 encontramos ta logia tou Theou (os oráculos de Deus); em 1ªPe.4:11
encontramos logia Theou (oráculos de Deus), e em Lc.8:21 temos ton Logon tou
Theou (a Palavra de Deus).
1-TEOLOGIA
SISTEMÁTICA
Nenhuma exposição
sobre Deus seria completa se não contemplasse Suas obras e Seus caminhos no
universo que Ele criou, além de Sua Pessoa. Toda ciência provêm e mantêm
relação com o Criador de todas as coisas e com Seu propósito na criação. E toda
verdade é verdade de Deus, onde quer que ela seja encontrada. Deus se revelou
na criação e nas Escrituras, e a verdade achada pelas ciências naturais e
sociais, por cristãos ou profanos, não é verdade profana; é verdade sagrada de
Deus (Cl. 2:3). Toda verdade, onde quer que seja encontrada, tem peso e valor
iguais como verdade, como qualquer outra verdade. Uma verdade pode ser mais
útil em dada circunstância, e uma outra em outra, mas ambas têm valor como
verdade.
Portanto é
perfeitamente lícito utilizar-se de outras fontes, enquanto verdade, para o
estudo da teologia. O estudo teológico que incorpora em seu escôpo o exame das
ciências naturais e sociais é denominado teologia sistemática.
DIVERSAS
DEFINIÇÕES DE TEOLOGIA
A) Chafer: Uma
ciência que segue um esquema ou uma ordem humana de desenvolvimento doutrinário
e que tem o propósito de incorporar no seu sistema a verdade a respeito de Deus
e o Seu universo a partir de toda e qualquer fonte (Lewis Sperry Chafer).
B) Chafer:
Teologia sistemática pode ser definida como a coleção, cientificamente
arrumada, comparada, exibida e defendida de todos os fatos de toda e qualquer
fonte referentes a Deus e às Suas obras. Ela é temática porque segue uma forma
de tese humanamente idealizada, e apresenta e verifica a verdade como verdade
(Lewis Sperry Chafer).
C) Alexander: A
ciência de Deus... Um resumo da verdade religiosa cientificamente arranjada, ou
uma coleção filosófica de todo o conhecimento religioso (W. Lindsay Alexander).
D) Hodge: A
teologia sistemática tem por objetivo sistematizar os fatos da Bíblia, e
averiguar os princípios ou verdades gerais que tais fatos envolvem (Charles
Hodge).
E) Strong: A
ciência de Deus e dos relacionamentos de Deus com o universo (A. H. Strong).
F) Thomas: A
ciência é a expressão técnica das leis da natureza; a teologia é a expressão
técnica da revelação de Deus. Faz parte da teologia examinar todos os fatos
espirituais da revelação, calcular o seu valor e arranjá-los em um corpo de
ensinamentos. A doutrina, assim, corresponde às generalizações da ciência (W.
H. Griffith Thomas)
G) Shedd: Uma
ciência que se preocupa com o infinito e o finito, com Deus e o universo. O
material, portanto, que abrange é mais vasto do que qualquer outra ciência.
Também é a mais necessária de todas as ciências (W. G. T. Shedd).
H) Definições
Inadequadas: Para definir teologia foram empregados alguns termos enganadores e
injustificados. Já se declarou que ela é "a ciência da religião"; mas
o termo religião de maneira nenhuma é um sinônimo da Pessoa de Deus e de toda a
Sua obra. Da mesma forma já se disse que ela é “o tratamento científico
daquelas verdades que se encontram na Bíblia; mas esta ciência, embora extraia a
porção maior do seu material das Escrituras, extrai também o seu material de
toda e qualquer fonte”. A teologia sitemática também tem sido definida como o
arranjo ordeiro da doutrina cristã; mas como o cristianismo representa apenas
uma simples fração de todo o campo da verdade relativa à Pessoa de Deus e o Seu
universo, esta definição não é adequada.
OUTRAS TEOLOGIAS
A) Teologia
Natural: Estuda fatos que se referem a Deus e Seu universo que se encontra
revelado na natureza.
B) Teologia
Exegética: Estuda o Texto Sagrado e assuntos relacionados, através do estudo
das línguas originais, da arqueologia bíblica, da hermenêutica bíblica e da
teologia bíblica.
C) Teologia
Bíblica: Investiga a verdade de Deus e o Seu universo no seu desenvolvimento
divinamente ordenado e no seu ambiente histórico conforme apresentados nos
diversos livros da Bíblia. A teologia bíblica é a exposição do conteúdo
doutrinário e ético da Bíblia, conforme originalmente revelada. A teologia
bíblica extrai o seu material exclusivamente da Bíblia.
D) Teologia
Histórica: Considera o desenvolvimento histórico da doutrina, mas também
investiga as variações sectárias e heréticas da verdade. Ela abrange história
bíblica, história da igreja, história das missões, história da doutrina e
história dos credos e confissões.
E) Teologia
Dogmática: É a sistematização e defesa das doutrinas expressas nos símbolos da
igreja. Assim temos "Dogmática Cristã", por H. Martensen, com uma
exposição e defesa da doutrina luterana; "Teologia Dogmática", por
Wm. G. T. Shedd, como uma exposição da Confissão de Westminster e de outros
símbolos presbiterianos; e "Teologia Sistemática", por Louis Berkhof,
como uma exposição da teologia reformada.
F) Teologia
Prática: Trata da aplicação da verdade aos corações dos homens. Ela busca
aplicar à vida prática os ensinamentos das outras teologias, para edificação,
educação, e aprimoramento do serviço dos homens. Ela abrange os cursos de
homilética, administração da igreja, liturgia, educação cristã e missões.
2 - TEOLOGIA:
DOUTRINA DE DEUS
I. DEFINIÇÕES DE
DEUS
A) Definição
Filosófica de Platão: Deus é o começo, o meio e o fim de todas as coisas. Ele é
a mente ou razão suprema; a causa eficiente de todas as coisas; eterno,
imutável, onisciente, onipotente; tudo permeia e tudo controla; é justo, santo,
sábio e bom; o absolutamente perfeito, o começo de toda a verdade, a fonte de
toda a lei e justiça, a origem de toda a ordem e beleza e, especialmente, a
causa de todo o bem.
B) Definição
Cristã do Breve Catecismo: Deus é um Espírito, infinito, eterno e imutável em
Seu Ser, sabedoria, poder, santidade, justiça, bondade e verdade.
C) Definição
Combinada: Deus é um espírito infinito e perfeito em quem todas as coisas têm
sua origem, sustentação e fim (Jo.4:24; Ne.9:6; Ap.l:8; Is.48:12; Ap.1:17).
D) Definições
Bíblicas: As expressões "Deus é Espírito" (Jo.4:24) e "Deus é
Luz " (IJo.1:5), são expressões da natureza essencial de Deus, enquanto
que a expressão "Deus é amor" (IJo.4:7) é expressão de Sua personalidade.
(ITm.6:16)
II. ESSÊNCIA OU
NATUREZA DE DEUS
Quando falamos em
essência de Deus, queremos significar tudo o que é essencial ao Seu Ser como
Deus, isto é, substância e atributos.
A) Substância de Deus:
1) Há duas
substâncias: matéria e espírito.
2) Deus é uma
substância simples: A substância de Deus é puro espírito, sem mistura com a
matéria (Jo.4:24).
B) Atributos de
Deus:
Sua substância é
Espírito e Seus atributos são as qualidades ou propriedades dessa substância.
Atributos é a manifestação do Ser de Deus.
III.
CLASSIFICAÇÃO DOS ATRIBUTOS
A) Naturais e
Morais: Também chamados de "intransitivos e transitivos",
"incomunicáveis e comunicáveis", "absolutos e relativos",
"negativos e positivos" ou "imanentes e emanentes".
B) Atributos
Naturais:
1) Vida: Deus tem
vida; Ele ouve, vê, sente e age, portanto é um Ser vivo (Jo.10:10; Sl.94:9,l0;
IICr.16:9; At.14:15; ITs.1:9). Quando a Bíblia fala do olho, do ouvido, da mão
de Deus, etc., fala metaforicamente. A isto se dá o nome de antropomorfismo.
Deus é vida (Jo.5:26; 14:26) e o princípio de vida (At.17:25,28).
2)
Espiritualidade: Deus, sendo Espírito, é incorpóreo, invisível, sem substância
material, sem partes ou paixões físicas e, portanto, é livre de todas as
limitações temporais (Jo.4:24; Dt.4:15-19,23; Hb.12:9; Is.40:25; Lc.24:39;
Cl.1:15; ITm.1:17; IICo.3:17)
3) Personalidade:
Existência dotada de auto-consciência e auto-determinação (Ex.3:14; Is.46:11).
a) Volição ou
vontade = querer (Is.46:10; Ap.4:11).
b) Razão ou
intelecto = pensar (Is.14:24; Sl.92:5; Is.55:8).
c) Emoção ou
sensibilidade = sentir (Gn.6:6, IRs.11:9, Dt.6:15; Pv.6:16; Tg.4:5)
4) Tri-Unidade:
a) Unidade de
Ser: Há no Ser divino apenas uma essência indivisível. Deus é um em sua
natureza constitucional. A palavra hebraica que significa um no sentido
absoluto é yacheed (Gn.22:2), isto é, uma unidade numérica simples. Essa
palavra não é empregada para expressar a unidade da divindade. A unidade da
divindade é ensinada nas palavras de Jesus: Eu e o Pai somos um. (Jo.10:30).
Jesus está falando da unidade da essência e não de unidade de propósito.
(Jo.17:11,21-23, IJo.5:7)
b)Trindade de
Personalidade: Há três Pessoas no Ser divino: o Pai, o Filho e o Espírito
Santo. A palavra hebraica que significa um no sentido de único é echad que se
refere a uma unidade composta. Esta palavra é empregada para expressar a
unidade da divindade. Esta palavra é usada em Dt.6:4; Gn.2:24 e Zc.14:9 (Veja
também Dt.4:35;32:39; ICr.29:1; Is.43:10;44:6;45:5; IRs.8:60; Mc.10:9;12:29;
ICo.8:5,6; ITm.2:5; Tg.2:19; Jo.17:3; Gl.3:20; Ef.4:6).
c)Elohim: Este
nome está no plural e não concorda com o verbo no singular quando designativo
de Deus (Gn.1:26;3:22; 11:6,7;20:13;48:15; Is.6:8)
d) Há distinção
de Pessoas na Divindade: Algumas passagens mostram uma das Pessoas divinas se
referindo à outra (Gn.19:24; Os.1:7; Zc.3:1,2; IITm.1:18; Sl.110:1; Hb.1:9).
5)
Auto-Existência: Jerônimo disse: Deus é a origem de Si mesmo e a causa de Sua
própria substância. Jerônimo estava errado, pois Deus não tem causa de
existência, pois não criou a Si mesmo e não foi causado por outra coisa ou por
Si mesmo; Ele nunca teve início. Ele é o Eterno EU SOU (Ex.3:14), portanto Deus
é absolutamente independente de tudo fora de Si mesmo para a continuidade e
perpetuidade de Seu Ser. Deus é a razão de sua própria existência (Jo.5:26;
At.17:24-28; ITm.6:15,16).
6) Infinidade ou
Perfeição É o atributo pelo qual Deus é isento de toda e qualquer limitação em
seu Ser e em seus atributos (Jó.11:7-10; Mt.5:48). A infinidade de Deus se
contrasta com o mundo finito em sua relação tempo-espaço.
a) Eternidade: A
infinidade de Deus em relação ao tempo é denominada eternidade. Deus é Eterno
(Sl.90:2; 102:12,24-27; Sl.93:2; Ap.1:8; Dt.33:27; Hb.1:12). A eternidade de
Deus não significa apenas duração prolongada, para frente e para traz, mas sim
que Deus transcende a todas as limitações temporais (IIPe.3:8) existentes em
sucessões de tempo. Deus preenche o tempo. Nossa vida se divide em passado,
presente e futuro. Mas não há essa divisão na vida de Deus. Ele é o Eterno EU
SOU. Deus é elevado acima de todos os limites temporais e de toda a sucessão de
momentos, e tem a totalidade de sua existência num único presente indivisível
(Is.57:15).
b) Imensidão: A
infinidade de Deus em relação ao espaço é denominada imensidão ou imensidade.
Deus é imenso (Grande ou Majestoso; Jó.36:5,26; Jó.37:22,23; Jr.22:18;
Sl.145:3). Imensidão é a perfeição de Deus pela qual Ele transcende
(ultrapassa) todas as limitações espaciais e, contudo está presente em todos os
pontos do espaço com todo o seu Ser PESSOAL (não é panteísmo). A imensidão de
Deus é intensiva e não extensiva, isto é, não significa extensão ilimitada no
espaço, como no panteísmo. A imensidão de Deus é transcendente no espaço
(intramundano ou imanente = dentro do mundo - Sl.139:7-12; Jr.23:23,24) e fora
do espaço (supramundano = acima do mundo; (extramundano = além do mundo;
emanente = fora do mundo - IRs.8:27; Is.57:15).
c) Onipresença: É
quase sinônimo de imensidão: A imensidade denota a transcendência no espaço
enquanto que a onipresença denota a imanência no espaço. Deus é imanente em
todas as Suas criaturas e em toda a criação. A imanência não deve ser
confundida com o panteísmo (tudo é Deus) ou com o deísmo que ensina que Deus
está presente no mundo apenas com seu poder (per portentiam) e não com a
essência e natureza de ser Ser (per essentiam et naturam) e que age sobre o
mundo à distância. Deus ocupa o espaço repletivamente porque preenche todo o
espaço e não está ausente em nenhuma parte dele, mas tampouco está mais
presente numa parte que noutra (Sl.139:11,12). Deus ocupa o espaço
variavelmente porque Ele não habita na terra do mesmo modo que habita no céu,
nem nos animais como habita nos homens, nem nos ímpios como habita nos
piedosos, nem na igreja como habita em Cristo (Is.66:1; At.17:27,28; Compare
Ef.1:23 com Cl.2:9).
7) Imutabilidade
É o atributo pelo qual não encontramos nenhuma mudança em Deus, em sua
natureza, em seus atributos e em seu conselho.
a) A
"base" para a imutabilidade de Deus: É Sua simplicidade, eternidade,
auto-existência e perfeição. Simplicidade porque sendo Deus uma substância
simples, indivisível, sem mistura, não está sujeito a variação (Tg.1:17).
Eternidade porque Deus não está sujeito às variações e circunstâncias do tempo,
por isso Ele não muda (Sl.102:26,27; Hb.1:12 e 13:8). Auto-existência porque
uma vez que Deus não é causado, mas existe em Si mesmo, então Ele tem que
existir da forma como existe, portanto sempre o mesmo (Ex.3:14). E perfeição
porque toda mudança tem que ser para melhor ou pior e sendo Deus absolutamente
perfeito jamais poderá ser mais sábio, mais santo, mais justo, mais
misericordioso, e nem menos. Por isso Deus é imutável como a rocha (Dt.32:4).
b) Imutabilidade
não significa imobilidade: Nosso Deus é um Deus de ação (Is.43:13).
c) Imutabilidade
implica em não arrependimento: Alguns versículos falam de Deus como se Ele se
arrependesse (Ex.32:14, IISm.24:16, Jr.18:8; Jl.2:13). Trata-se de
antropomorfismo (Nm.23:19; Rm.11:29; ISm.15:29; Sl.110:4).
d) Imutabilidade
de Deus em Sua natureza: Deus é perfeito em sua natureza por isso não muda nem
para melhor nem para pior (Ml.3:6).
e) Imutabilidade
de Deus em Seus atributos: Deus é imutável em suas promessas (IRs.8:56;
IICo.1:20); em sua misericórdia (Sl.103:17; Is.54:10); em sua justiça
(Ez.8:18); em seu amor (Gn.18:25,26).
f) Imutabilidade
de Deus em Seu conselho: Deus planejou os fatos conforme a sua vontade e
decretou que este plano seja concretizado. Nada poderá se opor à sua vontade. O
próprio Deus jamais mudará de opinião, mas fará conforme seu plano
predeterminado (Is.46:9,10; Sl.33:11; Hb.6:17).
8) Onisciência
Atributo pelo qual Deus, de maneira inteiramente única, conhece-se a Si próprio
e a todas as coisas possíveis e reais num só ato eterno e simples. O
conhecimento de Deus tem suas características:
a) É arquétipo:
Deus conhece o universo como ele existe em Sua própria idéia anterior à sua
existência como realidade finita no tempo e no espaço; e este conhecimento não
é obtido de fora, como o nosso (Rm.11:33,34).
b) É inato e
imediato: Não resulta de observação ou de processo de raciocínio (Jó.37:16)
c) É simultâneo:
Não é sucessivo, pois Deus conhece as coisas de uma vez em sua totalidade, e não
de forma fragmentada uma após outra (Is.40:28).
d) É completo:
Deus não conhece apenas parcialmente, mas plenamente consciente (Sl.147:5).
e) Conhecimento
necessário: Conhecimento que Deus tem de Si mesmo e de todas as coisas
possíveis, um conhecimento que repousa na consciência de sua onipotência. É
chamado necessário porque não é determinado por uma ação da vontade divina.
(Por exemplo: O conhecimento do mal é um conhecimento necessário porque não é
da vontade de Deus que o mal lhe seja conhecido (Hc.1:13) Deus não pode nem
quer ver o mal, mas o conhece, não por experiência, que envolve uma ação de Sua
vontade, mas sim por simples inteligência, por ser ato do intelecto divino
(veja IICo.5:21 onde o termo grego ginosko é usado).
f) Conhecimento
livre: É aquele que Deus tem de todas as coisas reais, isto é, das coisas que
existiram no passado, que existem no presente e existirão no futuro. É também
chamado visionis, isto é, conhecimento de vista.
g) Presciência:
Significa conhecimento prévio; conhecimento de antemão. Como Deus pode conhecer
previamente as ações livres dos homens? Deus decretou todas as coisas, e as
decretou com suas causas e condições na exata ordem em que ocorrem, portanto
sua presciência de coisas contingentes (ISm.23:12; IIRs.13:19; Jr.38:17-20;
Ez.3:6 e Mt.11:21) apoia-se em seu decreto. Deus não originou o mal mas o
conheceu nas ações livres do homem (conhecimento necessário), o decretou e
preconheceu os homens. Portanto a ordem é: conhecimento necessário, decreto,
presciência. A presciência de Deus é muito mais do que saber o que vai
acontecer no futuro, e seu uso no N.T. é empregado como na LXX que inclui Sua
escolha efetiva (Nm.16:5; Jz.9:6; Am.3:2). Veja Rm.8:29; IPe.1:2; Gl.4:9. Como
se processou o conhecimento necessário de Deus nas livres ações dos homens
antes mesmo que Ele as decretasse? A liberdade humana não é uma coisa
inteiramente indeterminada, solta no ar, que pende numa ou noutra direção, mas
é determinada por nossas próprias considerações intelectuais e caráter (lubentia
rationalis = auto-determinação racional). Liberdade não é arbitrariedade e em
toda ação racional há um porquê, uma razão que decide a ação. Portanto o homem
verdadeiramente livre não é o homem incerto e imprevisível, mas o homem seguro.
A liberdade tem suas leis - leis espirituais - e a Mente Onisciente sabe quais
são (Jo.2:24,25). Em resumo, a presciência é um conhecimento livre (scientia
libera) e, logicamente procede do decreto, "...segundo o decreto sua
vontade" (Ef.1:11).
h) Sabedoria: A
sabedoria de Deus é a Sua inteligência como manifestada na adaptação de meios e
fins. Deus sempre busca os melhores fins e os melhores meios possíveis para a
consecução dos seus propósitos. H.B. Smith define a sabedoria de Deus como o
Seu atributo através do qual Ele produz os melhores resultados possíveis com os
melhores meios possíveis. Uma definição ainda melhor há de incluir a
glorificação de Deus: Sabedoria é a perfeição de Deus pela qual Ele aplica o
seu conhecimento à consecução dos seus fins de um modo que o glorifica o máximo
(Rm.ll:33-36; Ef.1:11,12; Cl.1:16). Encontramos a sabedoria de Deus na criação
(Sl.19:1-7; Sl.104), na redenção (ICo.2:7; Ef.3:10) . A sabedoria é
personificada na Pessoa do Senhor Jesus (Pv.8 e ICo.1:30; Jó.9:4; veja também
Jó 12:13,16).
9) Onipotência É
o atributo pelo qual encontramos em Deus o poder ilimitado para fazer qualquer
coisa que Ele queira.
A onipotência de
Deus não significa o exercício para fazer aquilo que é incoerente com a
natureza das coisas, como, por exemplo, fazer que um fato do passado não tenha
acontecido, ou traçar entre dois pontos uma linha mais curta do que uma reta.
Deus possui todo o poder que é coerente com Sua perfeição infinita, todo o
poder para fazer tudo aquilo que é digno dEle. O poder de Deus é distinguido de
duas maneiras:
- Potentia Dei
absoluta = absoluto poder de Deus e potentia Dei ordinata = poder ordenado de
Deus.
- Hodge e Shedd
definem o poder absoluto de Deus como a eficiência divina, exercida sem a
intervenção de causas secundárias, e o poder ordenado como a eficiência de
Deus, exercida pela ordenada operação de causas secundárias.
- Chanock define
o poder absoluto como aquele pelo qual Deus é capaz de fazer o que Ele não
fará, mas que tem possibilidade de ser feito, e o poder ordenado como o poder
pelo qual Deus faz o que decretou fazer, isto é, o que Ele ordenou ou marcou
para ser posto em exercício; os quais não são poderes distintos, mas um e o
mesmo poder. O seu poder ordenado é parte do seu poder absoluto, pois se Ele não
tivesse poder para fazer tudo que pudesse desejar, não teria poder para fazer
tudo o que Ele deseja. Podemos, portanto, definir o poder ordenado de Deus como
a perfeição pela qual Ele, mediante o simples exercício de Sua vontade, pode
realizar tudo quanto está presente em Sua vontade ou conselho. E' óbvio, porém,
que Deus pode realizar coisas que a Sua vontade não desejou realizar (Gn.18:14;
Jr.32:27; Zc.8:6; Mt.3:9; Mt.26:53). Entretanto há muitas coisas que Deus não
pode realizar. Ele não pode mentir, pecar, mudar ou negar-se a Si mesmo
(Nm.23:19; ISm.15:29; IITm.2:13; Hb.6:18; Tg.1:13,17; Hb.1:13; Tt.1:3), isto
porque não há poder absoluto em Deus, divorciado de Sua perfeições, e em
virtude do qual Ele pudesse fazer todo tipo de coisas contraditórias entre Si
(Jó.11:7). Deus faz somente aquilo que quer fazer (Sl.115:3; Sl.135:6).
a) El-Shaddai: A
onipotência de Deus se expressa no nome hebraico El-Shaddai traduzido por
Todo-Poderoso (Gn.17:1; Ex.6:3; Jó.37:23 etc).
b) Em todas as
coisas: A onipotência de Deus abrange todas as coisas (ICr.29:12), o domínio
sobre a natureza (Sl.107:25-29; Na.1:5,6; Sl.33:6-9; Is.40:26; Mt.8:27;
Jr.32:17; Rm.1:20), o domínio sobre a experiência humana (Sl.91:1; Dn.4:19-37;
Ex.7:1-5; Tg.4:12-15; Pv.21:1; Jó.9:12; Mt.19:26; Lc.1:37), o domínio sobre as
regiões celestiais (Dn.4:35; Hb.1:13,14; Jó.1:12; Jó 2:6).
c) Na criação, na
providência e na redenção: Deus manifestou o seu poder na criação (Rm.4:17;
Is.44:24), nas obras da providência (ICr.29:11,12) e na redenção (Rm.1:16;
ICo.1:24).
10) Soberania ou
Supremacia Atributo pelo qual Deus possui completa autoridade sobre todas as
coisas criadas, determinando-lhe o fim que desejar (Gn.14:19; Ne.9:6; Ex.18:11;
Dt.10:14,17; ICr.29:11; IICr.20:6; Jr.27:5; At.17:24-26; Jd.4; Sl.22:28;
47:2,3,8; 50:10-12; 95:3-5; 135:5; 145:11-13; Ap.19:6).
a) Vontade ou
Auto-determinação: A perfeição de Deus pela qual Ele, num ato sumamente
simples, dirige-se à Si mesmo como o Sumo Bem (deleita-se em Si mesmo como tal)
e às Suas criaturas por amor do Seu nome (Is.48:9,11,14; Ez.20:9,14,22,44;
Ez.36:21-23).
A vontade de Deus
recebe variadas classificações, pois à ela são aplicadas diferentes palavras
hebraicas (chaphets, tsebhu, ratson) e gregas (boule, thelema).
- Vontade
Preceptiva: Na qual Deus estabeleceu preceitos morais para reger a vida de Suas
criaturas racionais. Esta vontade pode ser desobedecida com freqüência
(At.13:22; IJo.2:17; Dt.8:20).
- Vontade
Decretória: Pela qual Deus projeta ou decreta tudo o que virá a acontecer, quer
pretenda realizá-lo causativamente, quer permita que venha a ocorrer por meio
da livre ação de suas criaturas (At.2:23; Is.46:9-11). A vontade decretória é
sempre obedecida. A vontade decretória e a vontade preceptiva relacionam-se ao
propósito em realizar algo.
- Vontade de
Eudokia: Na qual Deus deleita-se com prazer em realizar um fato e com desejo de
ver alguma coisa feita. Esta vontade, embora não se relacione com o propósito
de fazer algo, mas sim com o prazer de fazer algo, contudo corresponde àquilo
que será realizado com certeza, tal como acontece com a vontade decretória
(Sl.115:3; Is.44:28; Is.55:11).
- Vontade de
Eurestia: Na qual Deus deleita-se com prazer ao vê-la cumprida por Suas
criaturas. Esta vontade abrange aquilo que a Deus apraz que Suas criaturas
façam, mas que pode ser desobedecido, tal como acontece com a vontade
preceptiva (Is.65:12).
- A vontade de
eudokia não se refere somente ao bem, e nela não está sempre presente o
elemento de deleite (Mt.11:26). A vontade de eudokia e a vontade de eurestia
relacionam-se ao prazer em realizar algo.
- Vontade de
Beneplacitum: Também chamada Vontade Secreta. Abrange todo o conselho secreto e
oculto de Deus. Quando esta vontade nos é revelada, ela torna-se na Vontade do
Signum ou Vontade Revelada. A distinção entre a vontade de beneplacitum e a
vontade de signum encontra-se em Deuteronomio.29:29.
- A vontade
secreta é mencionada em Sl.115:3; Dn.4:17,25,32,35; Rm.9:18,19; Rm.11:33,34;
Ef.1:5,9,11, enquanto que a vontade revelada é mencionada em Mt.7:21; Mt.12:50;
Jo.4:34; Jo.7:17; Rm.12:2). Esta vontade está mui perto de nós (Dt.30:14;
Rm.10:8). A vontade secreta de Deus pertence a todas as coisas que Ele quer
efetuar ou permitir, tal como acontece na vontade decretória, sendo portanto,
absolutamente fixa e irrevogável.
b) Liberdade: A
perfeição de Deus no exercício de Sua vontade. Deus age necessária e
livremente. Assim como há conhecimento necessário e conhecimento livre, há
também uma voluntas necessária = vontade necessária e uma voluntas libera =
vontade livre. Na vontade necessária Deus não está sob nenhuma compulsão, mas
age de acordo com a lei do Seu Ser, pois Ele necessariamente quer a Si próprio
e quer a Sua natureza santa. Deus necessariamente se ama a Si próprio e Suas
perfeições. As Suas criaturas são objetos de Sua vontade livre, pois Deus
determina voluntariamente o que e quem Ele criará; e os tempos, lugares e
circunstâncias de suas vidas. Ele traça as veredas de todas as Suas criaturas,
determina o seu destino e as utiliza para Seus propósitos (Jó.ll:10;
Jó.23:13,14; Jó.33:13. Pv.16:4; Pv.21:1; Is.10:15; Is.29:16; Is.45:9; Mt.20:15;
Ap.4:11;Rm.9:15-22; ICo.12:11).
C) Atributos
Morais:
1) Santidade: É a
perfeição de Deus, em virtude da qual Ele eternamente quer manter e mantém a
Sua excelência moral, aborrece o pecado, e exige pureza moral em suas
criaturas. Ser Santo vem do hebraico qadash que significa cortar ou separar.
Neste sentido também o Novo testamento utiliza as palavras gregas hagiazo e
hagios.
A santidade de
Deus possui dois diferentes aspectos, podendo ser positiva ou negativa
(Hb.1:9;Am.5:15; Rm.12:9).
a) Santidade
Positiva: Expressa excelência moral de Deus na qual Ele é absolutamente
perfeito, puro e íntegro em Sua natureza e Seu caráter (IJo.1:5; Is.57:15;
IPe.1:15,16; Hc.1:13). A santidade positiva é amor ao bem.
b) Santidade
Negativa: Significa que Deus é inteiramente separado de tudo quanto é mal e de
tudo quanto o aborrece (Lv.11:43-45; Dt.23:14; Jó.34:10; Pv.15:9,26; Is.59:1,2;
Lc.20:26; Hc. 1:13; Pv.6:16-19; Dt.25:16; Sl.5:4-6). A santidade negativa é
ódio ao mal.
Além de possuir
dois aspectos a santidade de Deus possui também duas maneiras diferentes de
manifestar-se:
c) Retidão:
Também chamada justiça absoluta, é a retidão da natureza divina, em virtude da
qual Ele é infinitamente Reto em Si mesmo (santidade legislativa). Sl.145:17;
Jr.12:1; Jo.17:25; Sl.116:5; Ed.9:15.
d) Justiça:
Também chamada justiça relativa, é a execução da retidão ou a expressão da
justiça absoluta (santidade judicial). Strong a chama de santidade transitiva.
A retidão é a fonte da Santidade de Deus, a justiça é a demonstração de Sua
santidade.
A justiça de Deus
pode ser retributiva e remunerativa. A justiça retributiva se divide em
punitiva e corretiva. A justiça punitiva é aquela pela qual Deus pune os
pecadores pela transgressão de Suas leis. Esta justiça de Deus exige a execução
das penalidades impostas por Suas leis (Sl.3:5;11:4-7 Dt.32:4; Dn.9:12,14;
Ex.9:23-27;34:7). A justiça corretiva é aquela pela qual Deus "pune"
Seus filhos para corrigi-los (Hb.12:6,7). Aqueles que não são Seus filhos, Deus
pune como um Juiz Severo (Rm.11:22; Hb.10:31), mas aos Seus filhos, Deus
"pune" (corrige) como um Pai Amoroso (Jr.10:24;30:11;46:28;
Sl.89:30-33; ICr.21:13) A justiça remunerativa é aquela pela qual Deus
recompensa, com Suas bênçãos, aos homens pela obediência de Suas leis (Hb.6:10;
IITm.4:8; ICo.4:5;3:11-15; Rm.2:6-10; IIJo.8)
e) Ira: Esta deve
ser considerada como um aspecto negativo da santidade de Deus, pois em Sua ira
Deus aborrece o pecado e odeia tudo quanto contraria Sua santidade
(Dt.32:39-41; Rm.11:22; Sl.95:11; Dt.1:34-37; Sl.95:11). Podemos, então, dizer
que a ira é a manifestação da santidade negativa de Deus (Rm.1:18; IITs.1:5-10;
Rm.5:9 etc). A ira é também designada de severidade (Rm.11:22).
2) Bondade: É uma
concepção genérica incluindo diversas variedades que se distinguem de acordo
com os seus objetos. Bondade é perfeição absoluta e felicidade perfeita em Si
mesmo (Mc.10:18; Lc.18:18,19; Sl.33:5; Sl.119:68; Sl.107:8; Na.1:7).
A bondade implica
na disposição de transmitir felicidade.
a) Benevolência:
É a bondade de Deus para com Suas criaturas em geral. E' a perfeição de Deus
que O leva a tratar benévola e generosamente todas as Suas criaturas (Sl.145:9,15,16;
Sl.36:6;104:21; Mt.5:45;6:26; Lc.6:35; At.14:17).
Thiessen define
benevolência como a afeição que Deus sente e manifesta para com Suas criaturas
sensíveis e racionais. Ela resulta do fato de que a criatura é obra Sua; Ele
não pode odiar qualquer coisa que tenha feito (Jó.14:15) mas apenas àquilo que
foi acrescentado à Sua obra, que é o pecado (Ec.7:29).
b) Beneficência:
Enquanto que a benevolência é a bondade de Deus considerada em sua intenção ou
disposição, a beneficência é a bondade em ação, quando seus atributos são
conferidos.
c) Complacência:
É a aprovação às boas ações ou disposições. É aquilo em Deus que aprova todas
as Suas próprias perfeições como também aquilo que se conforma com Ele
(Sl.35:27; Sl.51:6; Is.42:1; Mt.3:17; Hb.13:16).
d) Longanimidade
ou Paciência: O hebraico emprega a palavra erek'aph que significa grande de
rosto e daí também lento para a ira. O grego emprega makrothymia que significa
ira longe. Portanto longanimidade é o aspecto da bondade de Deus em virtude do
qual Ele tolera os pecadores, a despeito de sua prolongada desobediência. A
longanimidade revela-se no adiamento do merecido julgamento (Ex.34:6; Sl.86:15;
Rm.2:4; Rm.9:22; IPe.3:20; IIPe.3:15)
e) Misericórdia:
Também expressa pelos sinônimos compaixão, compassividade, piedade,
benignidade, clemência e generosidade. No hebraico usa-se as palavras chesed e
racham e no grego eleos. É a bondade de Deus demonstrada para com os que se
acham na miséria ou na desgraça, independentemente dos seus méritos (Dt.5:10;
Sl.57:10; Sl.86:5; ICr.16:34; IICr.7:6; Sl.116:5; Sl.136; Ed.3:11; Sl.145:9;
Ez.18:23,32; Ex.33:11; Lc.6:35; Sl.143:12; Jó 6:14).
A paciência
difere da misericórdia apenas na consideração formal do objeto, pois a
misericórdia considera a criatura como infeliz, a paciência considera a
criatura como criminosa; a misericórdia tem pena do ser humano em sua
infelicidade, a paciência tolera o pecado que gerou a infelicidade. A
infelicidade e sofrimento deriva-se de um justo desagrado divino, portanto exercer
misericórdia é o ato divino de livrar o pecador do sofrimento pelo qual ele
justamente e merecidamente deveria passar, como conseqüência do desagrado
divino.
f) Graça: É a
bondade de Deus exercida em prol da pessoa indigna. Portanto graça é o ato divino
de conceder ao pecador toda a bondade de Deus a qual ele não merece receber
(Ex.33:19).
Na misericórdia
Deus suspende o sofrimento merecido, na graça Deus concede bênçãos não
merecidas. Todo pecador merece ir para o inferno; assim Deus exerce Sua misericórdia
livrando o pecador da condenação. Nenhum pecador merece ir para o paraíso;
assim Deus exerce a Sua graça doando ao pecador o privilégio de ir
gratuitamente para o paraíso.
Essa diferença
entre misericórdia e graça é notada em relação aos anjos que não caíram. Deus
nunca exerceu misericórdia para com eles, posto que jamais tiveram necessidade
dela, pois não pecaram, nem ficaram debaixo dos efeitos da maldição. Todavia
eles são objetos da livre e soberana graça de Deus pela qual foram eleitos (ITm.5:21)
e preservados eternamente de pecado e colocados em posição de honra (Dn.7:10;
IPe.3:22).
g) Amor: A
perfeição da natureza divina pela qual Ele é continuamente impelido a se
comunicar. É, entretanto, não apenas um impulso emocional, mas uma afeição
racional e voluntária, sendo fundamentada na verdade e santidade e no exercício
da livre escolha. Este amor encontra seus objetos primários nas diversas
Pessoas da Trindade. Assim, o universo e o homem são desnecessários para o
exercício do amor de Deus. Amor é, portanto, a perfeição de Deus pela qual Ele
é movido eternamente à Sua própria comunicação. Ele ama a Si mesmo, Suas
virtudes, Sua obra e Seus dons.
3) Verdade: É a
consonância daquilo que é asseverado com o que pensa a Pessoa que fez a
asseveração. Neste sentido a verdade é um atributo exclusivamente divino, pois
com freqüência os homens erram nos testemunhos que prestam, simplesmente por
estarem equivocados a respeito dos fatos, ou então por pura incapacidade
fracassam em promessas que fizeram com honestas intenções. Mas a onisciência de
Deus impede que Ele chegue a cometer qualquer equívoco, e a Sua onipotência e
imutabilidade asseguram o cumprimento de Suas intenções (Dt.32:4; Sl.119:142;
Jo.8:26; Rm.3:4; Tt.1:2; Nm.23:19; Hb.6:18; Ap.3:7; Jo.17:3; IJo.5:20;
Jr.10:10; Jo.3:33; ITs.1:9; Ap.6:10; Sl.31:5; Jr.5:3; Is.25:1). Ao exercê-la
para com a criatura, a verdade de Deus é conhecida como sua veracidade e
fidelidade.
a) Veracidade:
Consiste nas declarações que Deus faz a respeito das coisas, conforme elas são,
e se relaciona com o que Ele revelou sobre Si mesmo. A veracidade fundamenta-se
na onisciência de Deus.
b) Fidelidade:
Consiste no exato cumprimento de Suas promessas ou ameaças. A fidelidade
fundamenta-se na Sua onipotência e imutabilidade (Dt.7:9; Sl.36:5; ICo.1:9;
Hb.10:23; Dt.4:24; IITm.2:13; Sl.89:8; Lm.3:23; Sl.119:138; Sl.119:75;
Sl.89:32,33; ITs.5:24; IPe.4:19; Hb.10:23).
OLOGIA
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